sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Dragão e a princesa

Era uma vez um Dragão. Ou melhor, era uma vez um terrível Dragão, todo embolotado, que habitava a tenebrosa caverna negra do Reino das Águas Cantantes.
Todos os habitantes do Reino temiam o Dragão, pois como todo Dragão que se preza, este também soltava fogo pelas ventas. O rei buscava heróis que destruíssem a fera pois as colheitas estavam aos poucos sendo destruídas pelas suas labaredas e o reino empobrecia.
Por anos a fio o Rei procurou corajosos que exterminassem o ameaçador dragão, com ofertas de luxos e riquezas, mas agora, não havendo mais fortuna para premiar quem acabasse com o terrível dragão, o rei prometia casamento com Marinalva, sua filha predileta.
Mas onde é que andavam os heróis? Todos ocupadíssimos, nenhum se interessava pela oferta. Não que a princesa fosse feia, mas tinha um gênio danado! Chegava a ser mais temida do que o dragão. Aliás, não queria se casar com ninguém. Gostava de ser princesa, livre de compromissos, passear em seus cavalos e dar ordem a torto e a direito.
A oferta transtornou Belzabum, bruxo particular do rei, que há muito alimentava a pretensão de desposar Marinalva. Casando-se, assumiria o controle das finanças do reino e aumentaria seu poder. Fingia-se de doce apaixonado, mas Marinalva sempre o repudiava, aliás, como fazia com qualquer pretendente. Agora então, estando a princesa prometida para o destemido que enfrentasse o dragão, Belzabum viu suas esperanças transformadas em pó.
- Já que Marinalva não pode ser minha esposa, não será mais de ninguém!
- gritou Belzabum lançando um terrível feitiço sobre a princesa.
Imediatamente, Marinalva sentiu um impulso irresistível de conduzir-se até a caverna do Terrível Dragão. O feitiço começava a fazer efeito.
Enquanto isso, o Dragão em sua caverna, reclamava:
-How ri! Ri romfry! Vatrsmwiht! Ri dashel! How ri! Tinhr do!!!!
Língua de dragão é muito difícil. Só conhece quem também é dragão, mas acho que ele dizia assim:
- Como dói! Dói tudo! Deve ser gripe! Ou infarte! A cabeça dói! As costas doem!!!! Como dói!!!
Quando ele ouviu ruídos de passos, gritou:
- Wir, riyiun??? ( Quem está aí???)
Marinalva sentiu o calor. Sua pele tornou-se embolotada de urticária.
- Onde estou? Perguntou ela em voz alta.
- Riuto mtur yuio!!! (Quem é você?) – perguntou o dragão ao perceber a silhueta de Marinalva surgindo da fumaça.
- Uau!!! Quanta luz! Quanta fumaça! – exclamou Marinalva coçando os olhos já vermelhos. A fumaça era tanta que, sem querer, ela pisou na cauda do dragão.
_O#### w##$***!!!!! – Além destas exclamações, o monstro soltou uma labareda que chamuscou os cabelos da princesa que ficaram arrepiados!
- Mas que dragão malcriado! – gritou Marinalva com o dedo em riste em direção do dragão.
- Escute aqui, seu fogão de lenha quebrado, que negócio é este de me queimar? Não gostei nem um pouco. Estou uma fera!!!
O Dragão não resistiu. Vendo-a de perto, com os cabelos em pé, fumaça saindo pelas orelhas, olhos vermelhos e coberta de pelotas, apaixonou-se perdidamente! Finalmente encontrara um par! Usou sua voz mais doce, soltou uns estalidos, piscou três vezes, e disse:
- Howh bjitr etuytr! (Como você é linda!)
Neste momento, Marinalva viu-se refletida em uma poça d´água e deu um grito.
- AAAARGHH!
- Wyrte wiiytrnh pijhg! ( Que voz maviosa!) elogiou o dragão.
Envergonhada de sua aparência, a princesa Marinalva não teve mais coragem de sair da caverna do dragão. Este, muito apaixonado, também enclausurou-se para viver um romance com sua amada e com isso, deixou as colheitas em paz. Não se sabe se viveram felizes, mas nunca mais foram vistos por ninguém!!!!!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Lembrando as fábulas de Esopo



A Leiteira e o balde de leite

Joana, carregando na cabeça um balde de leite, dirigia-se rapidamente para a aldeia. A fim de andar mais depressa, tinha posto uma roupinha ligeira e sapatos bem cômodos.
Ia leve como o vento. Em seu pensamento, já estava vendendo o leite e empregando o dinheiro.
- Compro cem ovos e ponho para chocar. Posso muito bem criar pintos ao redor da casa. Quando crescerem, vendo todos e tenho um bom lucro. Com esse dinheiro, compro um leitãozinho. Em pouco tempo, terei um porco bem gordo, pois só comprarei o leitão se já for gordinho.Cobro um bom preço pelo porco e compro uma vaca. Terá que vir acompanhada de seu bezerrinho. Será uma graça vê-la saltar pelo quintal.
Joana, entusiasmada, saltou também. O balde caiu de sua cabeça e o leite derramou-se no chão. Adeus bezerro, vaca, porco, leitão, ninhada de pintos!
A pobre Joana voltou para casa e com medo que o marido brigasse com ela. - É fácil fazer castelos no ar – pensava .- Nada mais gostoso. Na minha imaginação, posso virar rainha, usar coroa de diamantes e ter súditos que me adorem. Nada disso dura muito: uma coisa à-toa acontece e volto a ser a Joana!
A Raposa e as Uvas

Uma raposa estava com muita fome.
Foi quando viu uma parreira cheia de lindos cachos de uva.
Imediatamente começou a dar pulos, para ver se pegava as uvas. Mas era muito alta a parreira e, por mais que pulasse, a raposa não alcançava as uvas.
- Estão verdes – disse, com ar de desprezo.
E já ia seguindo o seu caminho quando ouviu um pequeno ruído.
Pensando que era uma uva caindo, deu um pulo para abocanhá-la. Era apenas uma folha e a raposa foi-se embora, olhando disfarçadamente para os lados. Precisava ter certza de que ninguém percebera que queria as uvas.
Também é assim com as pessoas: quando não podem ter o que desejam, finjem que não o desejam
.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A roupa nova do rei (Hans C. Andersen)


Os Contos de Andersen, são sempre trágicos e tristes, mas esse é um conto que sempre me atraiu, pois até hoje as pessoas convivem com malandros sem perceber e são facilmente enganadas. Claro que muitas vezes por também não serem corretas. Como podem ler é um conto que é atual!!!


Há muitos anos atrás, havia um rei que não pensava senão em vestir roupas novas, e gastava tudo o que tinha em panos finíssimos. Não se importava com o exército e nem com o teatro, mas na hora de passar as suas tropas em revista, ouvir uma peça no teatro ou dar um passeio, tudo era motivo para uma roupa nova.
Tinha uma casaca para cada hora do dia, nunca era encontrado na sala do Conselho e, sim, sempre no toucador.
Na sua cidade, todos eram muito alegres e sempre apareciam forasteiros.
Um dia, apareceram dois malandros, que se apresentaram dizendo-se “tecelões”, e declararam que podiam tecer a fazenda mais fina que se possa imaginar e que as roupas feitas com este tecido, tinham a virtude de tornarem-se invisíveis para toda e qualquer pessoa que ocupasse um cargo de que não entendesse, ou que fosse irremediavelmente estúpida.
O rei achou que seria uma roupa admirável. Usando esta roupa, pensou ele, posso descobrir os homens do meu império que ocupam cargos imerecidamente, e distingüir os sábios dos tolos.
Vou mandar fazer uma roupa, imediatamente.
Chamou os dois malandros e deu uma grande soma de dinheiro para que fizessem sua roupa. Os dois “tecelões” , instalaram-se no palácio com seus teares e fingiam tecer sem parar. Pediam sempre mais dinheiro para comprar fio.
O rei, pensou um dia, em que pé ia o seu vestuário? Mas, imediatamente, lembrou-se que se não fosse apto para o cargo não poderia ver o tecido, sentiu-se muito inquieto. Não que receasse não “ver” o pano...Contudo, pareceu-lhe mais prudente, mandar algum súdito, para ver como estava o trabalho. Todos na cidade sabiam que o tecido possuia aquela estranha propriedade e cada um estava ansioso por ver até que ponto ia a estupidez do vizinho.
O rei pensou: - Vou mandar meu primeiro ministro. Ele poderá julgar a qualidade do pano, porque é inteligente.
No dia seguinte, lá foi o ministro ter à sala onde os malandros manejavam teares vazios.
- Louvado seja Deus! – disse o ministro para si mesmo. Não
vejo nada! Mas não confessou.
Os dois pediam que ele visse de perto o pano e desse uma
opinião sobre os desenhos e a combinação das cores, apontando para os teares vazios. O coitado não via nada, porque nada havia ali para ser visto.
- Misericórdia! – pensava lá consigo o ministro. Serei assim tão estúpido? Sou então indigno do meu cargo. Não, ninguém há de saber que não vejo nada!
Um dos malandros tecelões perguntou:
- Senhor, não diz nada a respeito do tecido?
- É... É muito lindo... uma beleza!
O desenho é lindo, as cores também.
Que bom o senhor gostar. E iam falando sobre as cores e explicando os desenhos. O ministro ouvia atentamente, para poder repetir tudo para o rei.
Os patifes, pediram mais dinheiro e continuavam a fingir que teciam nos teares vazios.
Alguns dias depois, o rei pediu a outro ministro para examinar o trabalho e ver se o tecido demoraria muito a ficar pronto.
E, como acontecera com o outro, este também não via nada, absolutamente, nada.
Os tecelões perguntaram se ele estava gostando e ele pensou:
- Não, não sou tão estúpido. Devo estar num cargo para o qual
não tenho competência. Mas é um cargo tão lucrativo!!! Não vou perdê-lo. Elogiou também o tecido que não via, louvou as cores e o desenho!
Voltou e contou ao rei que o tecido era encantador.
Na cidade não se falava de outra coisa, só se falava no tecido e
o rei resolveu vê-lo ainda nos bastidores.
Levou uma grande comitiva, inclusive os dois ministros que já tinham ido ver o tecido.
Não é magnífico? Perguntaram os dois que já tinham ido ver. Veja majestade, as cores como são lindas! Iam apontando para os teares vazios, julgando que os demais viam o pano.
Mas...que é isto? – pensava o rei. – Não vejo nada, nada! Sou estúpido? Ou... serei indigno do meu império?
Afinal disse em voz alta:
- Sim, é muito lindo! Merece meu louvor!
Curvou-se muito satisfeito, examinando com a maior atenção o tear vazio, para que não soubessem que nada via neles. Toda a sua comitiva olhava e olhava, e ninguém via nada. Mas todos diziam:
- É lindo, lindo!
Aconselharam o rei a fazer um traje com aquele tecido para acompanhar a procissão solene que se realizaria em breve. E todos repetiam:
- Excelente! Magnífico!
O rei concedeu aos dois malandros o título de Tecelões da Corte
Imperial e deu-lhes uma comenda.
Na véspera do dia da procissão, os dois trabalharam a noite inteira com muitas lâmpadas acesas. Fingiam que tiravam o tecido do tear e davam cortes no ar com tesouras enormes, cosiam com agulhas sem fio e afinal diseram:
- O traje do rei está pronto!
Chegou o rei acompanhado de seus nobres cavaleiros e os dois
embusteiros erguiam ora um braço ora outro e diziam:
- Vejam! Aqui estão os calções... aqui está o manto... aqui está
a casaca!!! São tão finos e tão leves, como teias de aranha. Caem no corpo como se não tivesse nada em cima.
- Sem dúvida! – diziam todos. Contudo não viam nada, nada
havia na verdade.
- Sr. Rei, tire as suas roupas – disseram os trapaceiros – nós
teremos a honra de vestir Vossa Majestade com seu novo traje, aqui diante deste grande espelho.
O rei tirou a roupa , os dois fingiam que vestiam a roupa nova,
peça por peça, e o rei olhava-se no espelho. Todos diziam:
- Que bonito! E como lhe cai bem!
- Que belo desenho!
- Magnífico!
- Maravilhoso!
Lá fora, todos esperavam o rei para acompanhar a procissão.
Estou pronto, disse o rei. Esta roupa assenta-me muito bem e olhava-se no espelho com grande interesse.
Os dois camareiros do rei que deveriam segurar a cauda do manto, curvaram-se até o chão, como se erguessem a cauda no ar, não podiam mostrar que nada viam.
Assim, seguiu o rei, na procissão, debaixo do seu rico pálio, todos os que viam na rua e nas janelas exclamavam:
- Que roupa admirável a do rei!
- Que manto de cauda comprida!
- Como lhe assenta bem este traje!
Ninguém queria mostrar que não via coisa alguma, nem mostrar
que era estúpido ou que não estava habilitado para exercer o cargo que tinha.
- Mas ele está nu! Gritou afinal uma meninazinha.
- Ouviram o que diz esta criança inocente? Perguntou o pai da
menina.
E foram todos dizendo em cochichos, o que dissera a menina.
- Mas ele está nu! – diziam – uma criança diz que ele está nu!
Afinal acabaram todos dizendo:
- Está nu! O rei está nu!
Aquilo chegou aos ouvidos do rei, que teve um arrepio. Mas lá
no seu íntimo resolveu:
- Agora, que aqui estamos, não devo voltar atrás. Empertigou-se mais um pouco, e continuaram a andar como se nada tivesse acontecido!!!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Dois contos e o mesmo encanto!


Acho interessante colocar esses dois contos em posts seguidos. Eles, na verdade falam de um mesmo tema, o q é muito comum nos contos. Seus temas e estruturas, muitas vezes, são quase iguais. No caso da "A história das três romãs", há também a das três laranjas e outras bem parecidas.
Essa é uma das razões para que possamos explicar que os Contos apareceram através da oralidade, mas cada um veio de um país ou região. Por isso, vemos estruturas semelhantes, mas mudam as personagens.
Leiam os dois e deliciem-se com estes lindos textos.

A História das Três Romãs

O filho do rei, estava jantando, quando cortou o dedo e uma gota de sangue caiu na ricota que comia. Disse ele à mãe:
Mãe, eu gostaria de ter uma mulher branca como o leite e vermelha como o sangue.
Meu filho, quem é branca não é vermelha e quem é vermelha não é branca. Mas tente encontrá-la.
O rapaz, pôs-se a caminho. Anda que anda, encontrou uma mulher que perguntou-lhe: “Rapaz, aonde vais?”
Ele repondeu: Vou dizer logo à você, que é mulher?
Anda que anda, encontrou um velhinho que perguntou-lhe: “Rapaz, aonde vais?”
Para o senhor posso dizer, avozinho, pois certamente há de saber mais do que eu. Procuro uma mulher branca como o leite e vermelha como o sangue.
O velhinho lhe disse: “Meu filho, quem é branca não é vermelha e quem é vermelha não é branca. Porém, pegue estas três romãs. Abra-as e veja o que sai de dentro delas. Mas só o faça perto de uma fonte.
Assim fez o jovem, abriu uma romã e de dentro dela pulou uma linda moça branca como leite e vermelha como o sangue, que logo gritou:
Rapazinho dos lábios de ouro
Dê-me de beber, senão eu morro.
O rapaz pegou água com a concha das mãos e ofereceu-lhe, mas não o fez em tempo e a linda moça morreu.
Logo ele abriu outra romã e dela pulou outra linda jovem, mais bela ainda, que disse:
Rapazinho dos lábios de ouro
Dê-me de beber senão eu morro.
Novamente não deu tempo dele levar a água e a moça morreu.
Muito preocupado, abriu a terceira romã e dela saiu outra belíssima moça. O jovem então, jogou água em seu rosto e ela sobreviveu. Porém, ela estava nua e o jovem colocou o seu casaco nos ombros dela dizendo: - Suba nesta árvore, pois vou buscar roupas para vestí-la e uma carruagem para levá-la ao palácio.
A moça subiu na árvore perto da fonte. Mas, naquela fonte, todos os dias, ia buscar água a Feia Sarracena. Ao pegar a água neste dia ela viu o rosto da moça que estava na árvore, refletido na água.
E terei eu, tão delicadinha,
De vir atrás da água com essa tigelinha?
E, sem pensar em mais nada, jogou a bilha no chão, fazendo-a em pedaços e voltou para casa.
Sua patroa chamou-a. “Feia Sarracena, como se atreve a voltar para casa sem água e sem a bilha?” Deu-lhe outra bilha e mandou que ela voltasse à fonte. Novamente,ela viu o belo rosto refletido na água e pensou: “ Ah! Sou linda mesmo!!!”
E terei eu, tão delicadinha,
De vir atrás da água com a tigelinha?
Mais uma vez jogou a bilha no chão. A patroa voltou a repreendê-la e fez com que voltasse novamente à fonte, mas aí, a moça que estava sempre quieta começou a rir quando ela quebrou mais uma bilha.
A Feia Sarracena ergueu os olhos e a viu.
Ah, era você? E me deixou quebrar três bilhas? Porém, és realmente muito bonita, gostaria de penteá-la.
A moça não quis descer da árvore, mas a Feia Sarracena insistiu. Deixe penteá-la, pois ficará mais bonita ainda!
Fez com que a moça descesse, soltou-lhe os cabelos, viu que trazia um alfinete na cabeça. Pegou-o e espetou-o numa orelha. Caiu uma gota de sangue da moça e depois ela morreu. Mas a gota de sangue, assim que tocou o chão, transformou-se numa bela pombinha que saiu voando.
A Feia Sarracena foi empoleirar-se na árvore. O filho do rei regressou com o vestido e a carruagem, mas assim que a viu, disse:
Você era branca como o leite e vermelha como o sangue, como é que ficou tão negra???
E a Feia sarracena respondeu:
O sol apareceu
E essa cor me deu.
O rapaz perguntou, como é que mudou de voz?
E ela:
Deu uma ventania
Que provocou minha afonia.
E o rapaz:
Mas você era tão linda e agora está tão feia!
E ela:
Também a brisa soprou
E a beleza me carregou!
O rapaz deu-lhe um basta, colocou-a na carruagem e levou-a para casa.
Desde o momento em que a Feia Sarracena instalou-se no palácio, como a esposa do filho do rei, a pombinha pousava todas as manhãs na janela da cozinha e perguntava ao cozinhairo:
Ó cozinheiro, cozinheiro que dá pena,
Que faz o rapaz com a Feia Sarracena?
- Come, bebe e dorme. Respondia o cozinheiro.
E a pombinha:
Um belo prato de sopa pra pombinha,
E plumas de ouro pro mestre da cozinha.
O cozinheiro lhe dava um prato de sopa e a pombinha dava uma sacudidela, fazendo cair as penas de ouro. Depois levantava vôo.
Na manhã seguinte retornava:
Ó cozinheiro, cozinheiro que dá pena,
Que faz o rapaz com a Feia Sarracena?
Novamente o cozinheiro dava a mesma resposta.Come, bebe e dorme. Mais uma vez ela pedia a sopa e deixava sua penas de ouro para o cozinheiro.
Passado algum tempo, o cozinheiro foi até o filho do rei e lhe contou tudo. O rapaz ouviu e lhe disse:
Amanhã, quando a pombinha voltar, agarre-a e traga para mim, pois quero tê-la comigo.
A Feia Sarracena, que ouvira tudo às escondidas, achou que aquela pombinha não era um bom augúrio, e, quando na manhã seguinte, ela tornou a pousar na janela da cozinha, a Feia Sarracena foi mais rápida que o cozinheiro, e atravessou-a com um espeto e a matou.
A pombinha morreu. Porém, uma gota de sangue caiu no jardim, e, naquele lugar logo nasceu uma romãzeira.
Essa árvore possuía a virtude de salvar quem estivesse para morrer. Bastava comer uma de suas romãs e a pessoa se curava. Havia sempre uma grande fila de pessoas que iam pedir ajuda à Feia Sarracena, ou seja, ganhar uma fruta de esmola.
Acabou que na árvore só restou uma romã, a maior de todas, e a Feia Sarracena disse: “Esta vou guardar para mim.”
Apareceu no palácio uma velha, que lhe pediu aquela romã, porque o seu marido estava morrendo.
A Feia Sarracena disse-lhe que só lhe restava uma e ela queria guardar para enfeite. Porém, o filho do rei interveio dizendo: “ Pobre mulher, seu marido está à morte, tens que dar a romã para ela.
Assim, a velha voltou para casa com a romã e viu que seu marido já estava morto. Pensou então: “Vou guardar esta romã de enfeite!”
Todas as manhãs, a velha ia à missa. Enquanto estava na missa, a moça saía da romã, acendia o fogo, varria a casa, fazia a comida e arrumava a mesa. Depois voltava para dentro da romã. A velha, quando chegava em casa e achava tudo pronto não conseguia entenderr nada.
Certa manhã, confessou ao padre, tudo que acontecia em sua casa, e este lhe disse:
Sabe o que deves fazer? Amanhã, finja que sai para a missa e se esconda em casa. Assim, descobrirá quem é responsável por tudo isso. A velha fez o que o padre mandou, observou tudo, mas não deu tempo da moça entrar na romã.
De onde vens? Perguntou a velha.
E ela: Tenha piedade, não me mate, não me mate.
Não a mato, mas preciso saber de onde vens.
Vivo dentro desta romã... e lhe contou toda a história.
A velha a vestiu de camponesa, e no domingo, levou-a à missa.
O filho do rei também estava na missa e a viu, pensou então: “Ó Jesus! Parece-me que aquela é a jovem que encontrei na fonte”. Ele esperou a velha no fim da missa e perguntou:
Diga-me de onde vem aquela jovem?
Não me mate, pediu a velha.
Não tenha medo. Quero apenas saber de onde ela vem.
Veio da romã que vossa magestade me deu.
Também ela numa romã? Exclamou o rapaz e dirigiu-se à jovem.
Como você foi parar dentro de uma romã, perguntou-lhe.
A moça então, contou-lhe toda a história.
Ele regressou ao palácio junto com a moça e lhe pediu que contasse tudo diante da Feia Sarracena.
Ouviu bem, disse ele à Feia Sarracena ao final do relato da moça. Não quero ser eu a condená-la à morte. Escolha você sua própria sentença.
A Feia Sarracena vendo que não havia escapatória, disse:
Mande fazer uma camisola de piche para mim e me queime no meio da praça. Assim foi feito.
O filho do rei, então, conseguiu ser feliz com a linda moça, desposando-a e tendo com ela vários filhos
.

A Moura Torta

Era uma vez, um rei, com três filhos, que não tendo dinheiro para dotá-los, deu a cada um, uma melancia, contendo a sina de cada um, e eles saíram para correr o mundo. Porém, o rei, recomendou que não abrissem a melancia em lugar onde não houvesse água.
Os três saíram. O filho mais velho, ansioso por saber de sua sina, abriu a melancia logo adiante à beira do caminho. De dentro da melancia pulou uma moça muito linda que começou a gritar: “Dai-me água ou leite!” Mas como ali não houvesse água nem leite, ela inclinou a cabecinha e morreu.
O filho do meio, que havia tomado outra estrada, também resolveu conhecer sua sina e abriu a melancia em um lugar sem água por perto. Surgiu de dentro uma jovem ainda mais bela, que disse: “Dai-me água ou leite!” Mas como não houvesse água nem leite, ela tombou a cabecinha para o lado e morreu.
O filho mais moço, porém, deu mais tento à recomendação do pai, de modo que só abriu a sua melancia perto de uma fonte. Também de dentro pulou uma moça lindíssima, que pediu água ou leite. O rapaz deu-lhe água da fonte, e ela bebeu até se fartar. Mas como estivesse nua, ele pediu-lhe que subisse numa árvore perto da fonte e ficasse bem escondida entre as folhas, enquanto ele iria buscar-lhe um vestido. A moça subiu na árvore e se escondeu como foi pedido.
Passado um tempo, apareceu uma Moura-Torta, com um pote na cabeça. Vinha enchê-lo naquela fonte. A moça lá de cima da árvore ficou a espiar. Quando a Moura olhou para a água e viu o reflexo da moça, achou que fosse o seu e ficou muito irritada dizendo: - “ Ora, que desaforo! Eu sou assim tão bela, como posso viver carregando água para os outros???” Jogou o pote no chão, quebrando-o todo.
Mas, ao voltar para casa, tomou uma descompostura da patroa, que a mandou de volta à fonte com outro pote. Novamente, a Moura viu o reflexo da moça na água, e quebrou o outro pote. Neste momento a moça deu uma gargalhada. A Moura-Torta olhou para cima e percebeu o que estava acontecendo, ela via o reflexo da moça pensando que era ela! Jurou vingar-se.
- Linda, linda moça, disse em voz macia a Moura-Torta. Que bela cabeleira tu tens, minha flor... tenho vontade de correr os dedos por esses lindos fios de ouro! Deixa que eu te penteie?
A moça, sem desconfiar de nada, disse que estava esperando um rapaz, que fora buscar uma roupa para ela, mas que deixava que ela a penteasse. A Moura então, subiu na árvore e começou a pentear a belíssima cabeleira da moça. Súbito, zás!!! Fincou-lhe um alfinete na cabeça. Imediatamente, a moça virou uma pombinha e voou. A Moura-Torta, muito contente ficou no lugar dela, tirando a roupa para ver o que ia acontecer.
Logo depois, apareceu o rapaz com o vestido para a linda moça, mas ao ver a sua bela transformada naquele monstro, arregalou os olhos de susto.
- Que queres? Disse a Moura. Demoraste tanto que o sol me queimou, deixando-me escura assim.
O rapaz deu um suspiro, mas como tratava-se de sua sina, não podia evitar o acontecimento. Deu-lhe o vestido e levou-a para o palácio de seu pai e, com ela se casou, sagrando-se rei, mas sempre na maior tristeza.
Desde o primeiro dia de casados, começou a aparecer no palácio uma pombinha, que pousava nas árvores e dizia ao jardineiro: “Jardineiro, jardineiro, como vai o rei meu senhor e mais a sua Moura-Torta?” Dizia isso e voava para longe. Mas tanto repetiu esse comportamento, que o jardineiro contou para o rei o que estava acontecendo.
O rei que andava triste e desconfiado, mandou fazer uma armadilha de prata para pegar a pombinha, mas ela não caiu. Mandou fazer uma de ouro e nada. Tentou uma de diamantes e nem assim conseguiu pegá-la. O jardineiro resolveu fazer uma armadilha de visgo e, nessa, ela ficou presa. O jardineiro levou-a ao rei, o qual colocou-a numa linda gaiola.
Imediatamente, a Moura-Torta percebeu o que estava acontecendo e manifestou um desejo de comer a pombinha, dizendo que estava grávida.Tanto insistiu que o rei foi obrigado a dar licença para aquele crime. No dia em que a pombinha ia ser morta, o rei quis pegá-la em sua mãos. Ao pegá-la afagou sua cabecinha e sentiu um carocinho, olhou bem de perto e viu que era um alfinete. Puxou-o e, logo surgiu a sua linda moça da melancia.
Ele tomou um susto e disse: “És tu, minha amada! “
A moça contou-lhe o que ocorrera perto da fonte e toda a confusão feita pela Moura-Torta.
O rei ficou furioso com toda essa traição, chamou a Moura-Torta e perguntou o que ela faria com alguém que fosse um traidor. Ela disse que mandaria amarrar o culpado nas patas de um cavalo bravo e soltá-lo pelos campos.
O rei, então, disse-lhe que acabara de pronunciar a sua sentença. Chamou os empregados e fez que cumprissem o que a Moura-Torta decidira. Amarraram-na nas patas de um cavalo bravo e a soltaram. Assim, ninguém mais soube da Moura-Torta.
O rei e a sua linda moça, agora rainha, deram início a uma vida de pura felicidade!!!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Classes Sociais na Idade Média


Na época do surgimento dos Contos, vamos encontrar três classes sociais.
São elas: OS PADRES – OS REIS – OS CAMPONESES

· Os Padres ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ _____________ só oravam
· Os Reis _____________ só caçavam e guerreavam
· Os Camponeses ________ só trabalhavam

Os Padres não se casavam, para não dividir as terras da Igreja, pois essa era detentora do poder.
O Trabalho manual, (artesanal) não tinha valor algum. Era considerado pejorativo.
Algumas profissões eram consideradas “suspeitas”, sendo perseguidas por causa disso. Eram profissões que mexiam diretamente com os quatro elementos fundamentais do Universo ligados à Natureza.

· FOGO -----------o Ferreiro
· AR ---------------o Moleiro
· TERRA ----------o Lavrador
· ÁGUA ----------- o Barqueiro

No Campo, vamos encontrar outras Profissões como:
OS PASTORES – OS CARVOEIROS – OS LENHADORES – OS CAMPONESES – OS MINEIROS

PASTORES – usavam aventais e eram considerados mágicos. Não fixavam residência, eram nômades. Eram muito discriminados pois conheciam o Tempo e os Astros.

CAMPONESES- eram servos sem tempo livre. Invejavam os pastores pela sua liberdade. Trabalhavam na terra do seu senhor.

CARVOEIROS – viviam nas matas, eram associados à feitiçaria e à lepra, pois tinham deformações físicas, devido à vida que levavam embaixo da terra. Andavam sempre sujos e eram muito mal vistos.

LENHADORES – viviam nas florestas, cortavam lenha para sobreviver. O Machado era sua proteção, pois o consideravam mágico.

MINEIROS – viviam no interior das Minas. Eram importantes porque trabalhavam com metais preciosos. Tinham constituição física miúda e estavam sempre encapuzados. Acreditavam que a Mina fosse mágica, pois nela havia Ouro. Eram discriminados por sua sujeira e pelo seu tamanho, sendo, geralmente, anões.

*** GUILDAS – Nos séculos XVII e XVIII, foram criadas as Guildas, que eram corporações de grupos de trabalhadores, tipo sindicato. Eram freqüentadas pelos Aprendizes e Mestres. Para fazer parte da Guilda, era preciso participar de um Ritual. Elas eram chamadas de Lojas (como a Maçonaria). Eram corporações dentro da construção e faziam parte delas:

PEDREIROS – participavam de um ritual cruel para entrar na Guilda, pois eram considerados “Arquitetos do Universo” , pois faziam os castelos para a nobreza. (Após a Revolução Industrial, eles passam a ser escravos).

CARPINTEIROS – usavam avental de couro e régua, faziam móveis de metal e madeira para a nobreza.

ALFAIATES – andavam sempre com uma agulha no peito e estavam sempre bem vestidos e, geralmente, eram letrados, liam e escreviam. Por lidar com brocados e sedas, eram considerados um pouco nobres.

SAPATEIROS – considerados a vanguarda do movimento político. Chamavam-se “Remendões de Heresias” (por profetizarem). Na Inquisição, foram perseguidos por serem considerados filósofos. O movimento do Calvinismo difundiu-se no século XVI, por causa dos sapateiros.

MARINHEIROS – acreditavam em seres marinhos e tinham cultura própria, pois eram nômades.

ANDARILHOS – não eram considerados profissionais porque eram nômades e viviam em bandos pedindo esmolas. Eram considerados ladrões e mendigos (alguns eram soldados mutilados).

*** Nas Guildas não entravam os Mendigos, os Coveiros, os Menestréis e os Verdugos, sendo que os Verdugos e os Coveiros por estarem associados á morte.

Havia também as Guildas de Ladrões, com mestres que ensinavam como cortar bolsas para roubar o seu conteúdo.

As mulheres não podiam participar das Guildas e nem faziam parte da Literatura escrita. Só se dedicavam à casa e também a Contar Histórias, sempre oralmente.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Autores de Contos


Charles Perrault

Nasceu na França, em 1628 e morreu, também na França, em 1703.
Era erudito, escritor e acadêmico francês. Reuniu contos da oralidade e reescreveu-os, chamando seu livro de “Histórias da Mamãe Gansa”, em 1697.
Ele fazia parte da burguesia e freqüentava a corte da França.

Irmãos Grimm – Jacob e Wilhelm

Jacob nasceu em Hannah, na Alemanha, em 1785 e morreu em Berlim , em 1863.
Wilhelm nasceu também em Hannah, na Alemanha e morreu em Berlim em 1859.
Pesquisaram a oralidade popular, na Alemanha, e selecionaram o melhor para as crianças. O primeiro livro que escreveram era dedicado aos adultos.
Só em 1815 usam o material fantástico e poético que recolhem, escrevendo para crianças. Escreveram mais ou menos 212 contos, de 1812 a 1822.
Seus contos são bem conhecidos, entre eles: “Três olhinhos”, “João e Maria”,”Os três fios de ouro do cabelo do diabo”, “Cinderela” e muitos outros. São até hoje os maiores escritores de Contos de Fada.

Hans Christian Andersen

Foi um dos grandes magos da literatura infantil.
Era dinamarquês e escreveu seus livros na sua língua de origem, ou seja, o dinamarquês . Tornou-se um dos autores mais lidos do mundo.
Andersen, nasceu em Odeuse, em 1805, filho de um sapateiro pobre e doente.
Desde cedo se manifestou nele o gosto pelas coisas do teatro: com suas próprias mãos fez muito teatrinho infantil, com seus fantoches e figurinhas, cujo figurino era ele mesmo quem costurava e criava.
Como o vissem costurando as roupas das suas personagens do teatro, seus pais concluíram que o seu destino seria ser alfaiate, idéia que nunca lhe passara pela cabeça.
Nesta época ele tinha 11 anos, e acabara de perder seu pai, mas já escolhera o caminho que queria: seria cantor de ópera. Para isso lhe faltava, porém, um pequeno requisito... a boa voz.
Ele deixara a casa dos pais e foi tentar a sorte em Copenhague, mas todos o recebem como um lunático. Porém, ele é teimoso. Matriculou-se então na escola de dança do Teatro Real, cujo diretor seria seu amigo e protetor a vida inteira.Por conta desses amigos, o Rei Frederico VI, interessou-se pelo irriquieto rapaz e o fez matricular-se na escola de Slagelse, onde ficou por 5 anos. Sua vocação para as letras já estava definida, porque antes de ir para a escola ele publicou seu primeiro livro “O Fantasma no Túmulo de Palnatke” (1822).
Em 1829, tendo deixado a escola, publica outro livro, que alcança grande êxito.: “Viagem a Pé do Canal de Holman ao Leste de Almager”. Ao mesmo tempo, lança mais trabalhos; uma farsa e um livro de poesias.
Em 1833 faz sua primeira viagem pela Europa e em 1835 publica uma novela que lhe consolida a popularidade: “Os Improvisadores”,
Escrevia Contos Infantis, como derivativo, como quem exercita um gênero marginal. Em 1837 produziu seu melhor romance na opinião dos críticos: “Um Violino Apenas”.
Seus Contos Infantis vão espalhando seu nome por toda a Europa, tornando-o um dos homens mais famosos da época. Em 1838 publica uma segunda coletânea, e a terceira em 1845. Surgem mais volumes em 1847 e 1848.
Fez-se então um longo silêncio na carreira literária de Andersen, só rompido em 1857 com um novo romance: “Ser ou Não Ser”.
Uma nova excursão, em 1863, lhe dá material para um de seus melhores livros de viagem: “Na Espanha”.
Continua escrevendo e publicando seus Contos Infantis, até1872, pelo Natal, quando aparece a última coletânea.
Nesse ano, sofre um acidente, cai da cama , e daí não consegue refazer-se completamente do choque, vindo a falecer em 1875.
Mas, de lá para cá, sua glória tem crescido sempre. Seus livros Infantis, e outros contos, foram traduzidos em todas as línguas vivas.
Andersen usou em todos os seus livros e narrativas, o rico folclore de sua terra, a Dinamarca dando-lhe uma beleza literária incomparável.
Seus contos são sempre trágicos devido a vida que levou. "A Pequena Sereia", "O Soldadinho de Chumbo", "O Patinho Feio", "A Roupa nova do Imperador", e muitos mais.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sobre os Contos !!!

Os Contos de Fada começam a ser encontrados na Idade Média, época em que eles fazem parte da ORALIDADE, ou seja, eram contados nas redondezas dos palácios, por cegos, mulheres do povo, feiticeiras, e outros .
Nesta época, o povo cultuava vários deuses e deusas, época do Paganismo.
Quando surge o Cristianismo, com um único Deus, as crianças da burguesia,vão conhecer além dos Contos, que escutavam nos palácios, a Bíblia. Primeiro, oralmente e, depois escrita.
Os Contos serviam, na época do Feudalismo, como uma compensação para os pobres, porque com o “Maravilhoso”, contido neles, o cotidiano do povo, que era de fome e miséria, era suavizado, através dos elementos simbólicos, como: Fartura de comida, tesouros, vestimentas de luxo, Castelos, etc, que nos Contos, são supervalorizados e os pobres não têm acesso a esse universo.
Neste período, as Mulheres do povo, cuidavam da Vida e da Morte. Viviam no Gineceu (clausura feminina) onde fiavam e teciam, além de mexerem com ervas, pois tinham o domínio da cura. Algumas, mais qualificadas, teciam as roupas dos nobres.
A Feiticeira (Bruxa), era muito importante no período do Paganismo, pois representava a senhora dos animais e guardiã dos mortos. Mas no final deste período, deixa de ser Mágica, para ser Traiçoeira. Elas serão perseguidas e queimadas na fogueira da Inquisição. Elas incomodavam os homens da época, pela sua sabedoria. Não foram poupadas.
Na região de Friul, na Itália, viviam as Benandantes. Eram bruxas que tinham o poder da visão de fantasmas, ou seja, tinham contato com o reino dos mortos. Porém, eram boas e resolviam problemas, mas tinham as opositoras as Malandantes que só se preocupavam em fazer o mal.
O Pão era muito importante nesta época. Ele representava o símbolo da miséria. Os pobres só podiam comer o pão preto, feito de ervas, muitas vezes pelas feiticeiras. O pão branco, de trigo, era destinado aos ricos da burguesia.
Na Idade Média, na literatura celta,vão surgir, as Fadas. Podem ainda encarar o Mal e apresentarem-se como o avesso , isto é, como Bruxas.Vulgarmente se diz que fada e bruxa são formas simbólicas da eterna dualidde da mulher. A Fada vai representar a beleza, a riqueza, a bondade. Serão sempre salvadoras, muitas vezes disfarçadas como “velhas sábias”, “animais falantes”, “caçadores”, “árvores”, e muitos outros disfarces. Servem para amenizar a maldade das Bruxas e das Madrastas nos Contos, além de ajudarem as crianças a diferenciar o Bem do Mal, sem com isso tirar o maniqueismo dos Contos.
Nem todos os Contos vão ter Fadas salvadoras,como: “João e Maria”, “O Gato de Botas”, Nem bruxas malvadas, como: “Três Olhinhos”, “O Rei Sapo”. Alguns, vão mostrar que pais, podem representar muito bem seus papéis, como: “As Três Penas”, “As Doze Princesas”, outros apresentam a Madrasta, quase sempre traiçoeira e sem escrúpulo, como: “Cinderela”; “Vassilissa”. Quando a mãe morre, este fato ajuda as crianças a descobrirem que nem sempre a vida é maravilhosa, e faz com que elas lidem com esse problema, sem desespero, porque antes de morrerem, algumas mães, dão para os filhos um talismã, amuleto ou outra objeto para eles conseguirem se libertar nas horas difíceis. Os Contos, na sua maioria, não têm um final feliz, mas sim, com alguma forma de mostrar que o culpado deve ser castigado ou julgado pelo herói.


Nota: Os Contos de Fadas, tiveram seu conteúdo modificado, primeiro por Charles Perrault que os contava para as crianças da corte e depois pelos irmãos Grimm, que foram os responsáveis pela divulgação destes contos na Europa e na América.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O ratinho da cidade e o ratinho do campo

Certo dia um ratinho do campo convidou seu amigo da cidade para ir visitá-lo em sua casa no meio da relva.
O ratinho da cidade foi, mas ficou muito chateado quando viu o que havia para jantar: grãos de cevada e umas raízes com gosto de terra.
Coitado de você, meu amigo! – exclamou ele. – Leva uma vida de formiga!
Venha morar comigo na cidade que nós dois juntos vamos acabar com todo o toucinho deste país!
E lá se foi o ratinho do campo para a cidade. O amigo mostrou para ele uma despensa com queijo, mel, cereais, figos e tâmaras. O ratinho do campo ficou de queixo caído.
Resolveram começar o banquete na mesma hora. Mas mal deu para sentir o cheirinho, pois a porta da despensa abriu e alguém entrou. Os dois ratos fugiram apavorados e se esconderam no primeiro buraco apertado que encontraram. Quando a situação se acalmou e os amigos iam saindo com todo o cuidado do esconderijo, outra pessoa entrou na despensa e foi preciso sumir de novo. A essa altura o ratinho do campo já estava desesperado.
- Até logo, disse ele. – Já vou indo. Estou vendo que sua vida é um luxo só, mas não serve para mim. É muito perigosa. Vou para minha casa, onde posso comer minha comidinha simples, mas em paz.


Moral: Mais vale uma vida modesta com paz e sossego que todo o luxo do mundo com perigos e preocupações.

Nota: mesmo não sendo favorável a questão da Moral nas fábulas, pois acho que cada um deve fazer o julgamento que quiser quando estiver lendo, acho que é sempre bom o professor ou quem estiver contando a fábula, tentar discutir sobre o tema para ver como ele foi entendido, principalmente com as crianças, elas são espertas demais e sempre nos mostram uma nova interpretação para o que ouviram.

FÁBULAS

São narrativas nas quais seres irracionais e, algumas vezes, inanimados, são mostrados, com a finalidade de tentar dar instrução Moral aos ouvintes da época. Eram passadas oralmente. Simulam um agir e falar com interesses, inveja, desprezo, dissimulação,etc.
A Fábula sempre afirma, explicitamente, uma verdade moral, não havendo significado oculto como nos Contos de Fadas, pouco sendo deixado à imaginação do ouvinte.
A Fábula é de estrutura bastante simplificada, mas é também, necessária às crianças, principalmente, para as que têm dificuldade de abstração, de memorizar, pois elas contêm códigos verbais de interesse imediato com suas lições de moral.
Elas são quase sempre sobre animais que falam, o que é natural, tendo em vista a época em que surgem, pois o homem vivia muito perto dos animais.
O maior Fabulista que se conhece é, sem dúvida nenhuma, ESOPO. As suas primeiras fábulas escritas que se têm notícia, datam do século III d.C . Suas fábulas costumam ser curtas e bem humoradas, transmitindo, em linguagem simples, mensagens sobre o cotidiano, com conselhos sobre lealdade, generosidade, e virtudes.
Suas personagens de sucesso são: A Raposa dissimulada; o Lobo errante; e o Leão orgulhoso, entre outros.
Após Esopo, o fabulista mais conhecido é, sem dúvida, La Fontaine, cujas Fábulas foram escritas em verso e prosa e nem sempre têm uma moral absoluta no final. Por ser da burguesia, contava suas fábulas na Corte, por isso, elas apresentam mensagens muito mais elaboradas em relação ao homem e seu comportamento, não deixando porém, de escrever sobre animais. Algumas fábulas atribuídas a ele devem ter sido, certamente compiladas de Esopo, mas isso não desmerece sua obra.
Uma das fábulas mais conhecidas “A Raposa e as Uvas” encontra-se escrita pelos dois.
A Raposa e as Uvas

Uma raposa estava com muita fome.
Foi quando viu uma parreira cheia de lindos cachos de uva.
Imediatamente começou a dar pulos, para ver se pegava as uvas. Mas era muito alta a parreira e, por mais que pulasse, a raposa não alcançava as uvas.
- Estão verdes – disse, com ar de desprezo.
E já ia seguindo o seu caminho quando ouviu um pequeno ruído.
Pensando que era uma uva caindo, deu um pulo para abocanhá-la. Era apenas uma folha e a raposa foi-se embora, olhando disfarçadamente para os lados. Precisava ter certza de que ninguém percebera que queria as uvas.
Também é assim com as pessoas: quando não podem ter o que desejam, finjem que não o desejam.


Nota: Alguns moralistas, como Rousseau e Lessing, condenaram a moral das Fábulas, pois as crianças vêem o lobo devorar o cordeiro, a raposa rir do corvo, o asno ser sacrificado diante do leão, mas La Fontaine dizia que visava reconciliar o homem consigo mesmo, ainda que ao preço de algumas ilusões.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Arte de Contar Histórias

É muito importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas histórias. Ao escutá-las estão iniciando a aprendizagem para ser um bom leitor.
Ser um bom leitor é ter um caminho infinito de descobertas e de compreensão do mundo que os cerca.
Toda criança tem seu primeiro contato com as histórias através da mãe, avó ou professora que, ORALMENTE, lhes contam uma história, que pode ser inventada, contos de fadas, fábulas, etc.
Na antigüidade, como não havia literatura infantil as crianças escutavam passagens da Bíblia, como parábolas (que têm muita semelhança com os contos de fada), salmos, etc.
Contar histórias para as crianças é fundamental, porque é através delas que vão poder elaborar o Imaginário e a Fantasia.
Ouvindo histórias a criança vai sentir e descobrir emoções importantes como: raiva, medo, tristeza, irritação, bem-estar, alegria, pavor, insegurança e poderá aprender a lidar com elas e, assim, esclarecer melhor suas próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução das mesmas.
Para contar uma História, devemos ter consciência do que fazemos, porque é através delas que o ouvinte infantil vai iniciar o seu conhecimento , não só de tudo que já foi dito, mas vai ter contato também, com a sonoridade das palavras, a cadência e o rítmo e para que isso aconteça é necessário um clima de tranqüilidade e envolvimento. As pausas são importantes e os intervalos também, para que cada criança possa , através do seu Imaginário criar cenários, visualizar seus monstros, saber a cor do vestido da princesa ou se o príncipe é loiro ou moreno, além das bruxas ,que são muito importantes para avaliação de suas próprias mães, dragões, gigantes e outros seres desconhecidos que também ajudam a medir seus medos.
Contar Histórias não pode ser restrito só às crianças, porque os adultos também gostam de ouvir uma boa história ( afinal Sherazade salvou-se com as suas histórias), o que deve ser observado é a qualidade dos textos que têm sempre que estar de acordo com a faixa etária dos ouvintes.
Ouvindo Histórias as crianças podem ser estimuladas a desenhar, a escrever novos finais, a dramatizar as histórias ouvidas, a criar fantoches com as personagens da história, a dar nomes aqueles que mais se identificaram, a pedir que seja novamente contada a história para concluir seus pensamentos.
Para crianças ainda pequenas devemos usar os livros sem texto, para que elas através das figuras criem suas próprias histórias e , assim, comecem a estimular o imaginário e a fantasia, e o olhar múltiplo, pois são figuras do autor que ela verá com seu olhar de criança, ambos vendo as personagens e cenários de modo diferente.
Portanto, Contar Histórias é, sem dúvida, um ato de amor!