sábado, 27 de junho de 2009

As Moedas Estrelas


Era uma vez uma menininha que não tinha pai nem mãe, porque eles haviam morrido. Ela era tão pobre que não tinha mais um quartinho para morar e nem caminha para dormir , e não tinha mais nada a não ser a roupa do corpo e um pedacinho de pão na mão, que alguém compadecido lhe dera. Mas a menininha era boa e devota , e por estar assim abandonada, ela saiu andando pelo campo, confiante no bom Deus.
Então ela encontrou-se com um mendigo, que disse:
- Ai, dê-me alguma coisa para comer, estou com tanta fome!
A menina entregou-lhe seu pedaço de pão inteiro e disse:
- Que Deus o abençoe para você! – e continuou o seu caminho.
Aí veio ao seu encontro uma criança, que lhe disse chorosa:
- Estou com tanto frio na cabeça , dê-me alguma coisa para cobrir?
Então a menina tirou seu gorrinho e deu para a criança.
E depois de andar mais um pouco, encontrou com outra criança, que não tinha agasalho e ela deu-lhe o seu. Logo depois outra criança não tinha saia e ela deu a sua .
Finalmente, ela chegou ao bosque , e já estava escuro. Apareceu então uma criança, que pedia uma camisa e a boa menininha pensou: “Já é noite escura, ninguém vai me ver, posso dar-lhe a minha camisa”, e ela tirou sua última vestimenta e entregou para a criança.
Quando ela ficou parada , assim sem roupa alguma, de repente, começaram a cair estrelas do céu e eram todas elas brilhantes moedas de ouro. E, embora ela tenha dado sua última roupa para a criança, ela estava novamente vestida com uma roupa de linho fino.
Ela então, recolheu as moedas e ficou assim rica por toda a vida , mas sempre ajudando aos que precisavam
.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Princesa Marya e Blênio (resgate de um príncipe) Conto da Sibéria


Este conto é muito importante para que possamos aprender a só ter aquilo que merecemos na hora certa. Nunca devemos querer mais do que a vida ou a "mágica" pode nos dar. É muito lindo um amor desses. Há porém, uma semelhança com o conto "Eros e Psiquê" onde ela também tem que resgatá-lo por ter sido precipitada.


Certa vez, numa terra muito distante, vivia uma princesa tão bela que muitos príncipes vieram pedir sua mão em casamento. Mas seu pai, o czar, recusou-os todos, achando que nenhum era bom o bastante para ela. Um dia, um velho pergunto ao czar, se seu filho poderia casar-se com a princesa.
- Quem é seu filho?, perguntou o czar.
- Majestade, respondeu o velho, “meu filho é um blênio”.
Mas esse é um peixe que vive no fundo do rio!, o czar exclamou. O que você está dizendo é ridículo!
Sim, de fato, persistiu o velho. Durante muitos anos minha mulher e eu sofremos porque não tínhamos filhos. Então, certo dia, enquanto eu pescava, encontrei Blênio na ribanceira do rio. O peixe pediu-me que lhe poupasse a vida e prometeu que seria um filho para mim e minha esposa, e então o levei para casa. Agora, como ele cresceu, pediu-me que lhe arranjasse o casamneto com sua filha.
Por que eu deixaria que a princesa se casasse com ele?, perguntou o czar.
Naquele momento, detrás de uma cortina, a filha se manifestou.
- Pai, por que você não dá uma tarefa ao Blênio? Se ele obtiver êxito, casar-me-ei com ele, mas se ele fracassar, será morto. É assim que os russos fazem, disse ela.
O czar pensou por um instante. Bom, meu velho, o seu filho pode se casar com minha filha se ele construir um novo palácio para ela, melhor que o meu. E deve fazer isso atá amanhã de manhã, do contrário cortar-lhe-ei a cabeça e a sua também, para que sirva de lição!
O velho quase morreu de terror, mas ao voltar para casa e contar ao filho qual era a exigência do czar, Blênio disse: Não tema pai. Vá dormir, e “amanhã veremos o que tivermos de ver”.. Naquela noite, Blênio deslizou até a porta da casa, saltou o muro, e transformou-se num lindo rapaz. Ergueu um bastão de ferro e fincou sua ponta no chão. Instantaneamente, surgiram trinta homens armados que lhe perguntaram: Qual é o seu desejo?
Construam-me um palácio vizinho ao do czar, ainda mais belo que o dele.
Os homens responderam que fariam o serviço e ele voltou para casa como peixe. Na manhã seguinte, ele acordou o pai e disse: Pegue um machado, vá ao palácio do czar, depois volte e diga-me o que viu.
O velho fez o que o filho pediu e não conseguiu acreditar no que seus olhos viam. O palácio era mais lindo do que o do czar e o velho pegou o machado e atingiu suas paredes, mas nem uma só lasca saiu das paredes. Voltou para casa e disse o que vira ao filho.
Agora, disse o filho,vá até o czar e peça a mão de sua filha, novamente.
Nesse ínterim, o czar tinha visto o novo palácio e ficou intrigado. Pensou: - “O filho deste velho não é um homem comum!” Entretanto, odiava a idéia de sua filha casar-se com um peixe. Quando o velho chegou, o czar disse: - Tenho outra tarefa para seu filho. Ele deve construir uma igreja , tão linda como a catedral. E tem que construir três pontes : uma que vá da velha catedral até a nova, outra da nova igreja até o palácio e a terceira da minha casa até o palácio dele. Se ele não construir até amanhã vocês morrerão.
O velho tremeu e pensou: - Eu devia ter matado Blênio no rio! Mas quando contou ao filho a nova tarefa ele sorriu e disse: - Não tema pai. Vá dormir e “amanhã veremos o que tivermos de ver.”
Naquela noite, depois do velho ir dormir, ele novamente saiu de casa e virou um rapaz e quando seus homens apareceram ele mandou que construissem a catedral e as três pontes. Ele voltou para casa e foi dormir.
No dia seguinte ele acordou o pai e disse novamente para ele pegar o machado e ir até o palácio do czar. O velho foi, e quando chegou perto viu a linda catedral que fora erguida e as três pontes. O velho tentou atingir a Igreja com o machado, mas nem uma só lasca saiu. Voltou para casa contando tudo para o filho.
Meu pai, vá até o palácio e veja o que o czar dirá desta vez. Quando chegou, o velho viu o czar admirando assombrado a catedral e as três pontes. Mas ele disse ao velho que tinha uma última tarefa para seu filho. Diga a ele que quero que me traga um trenó e três cavalos melhores do que todos os que possuo.Se ele conseguir casar-se-a com a princesa, mas se fracassar terão as cabeças cortadas. Mas quando o velho voltou para casa e contou ao filho este sorriu e mandou o pai dormir. “Amanhã veremos o que tivermos de ver.”
Mais tarde, saiu de casa e ordenou aos seus homens que achassem um trenó com três cavalos mais maravilhosos do que os do czar.
No dia seguinte, ele novamente acordou o pai e mandou que ele fosse até o palácio e depois voltasse para contar o que vira.O velho quando chegou perto, viu assombrado o trenó com os três lindos cavalos. Ele voltou para casa e contou ao filho, que mandou que ele voltasse e pedisse a mão da princesa. O czar que já tinha visto o trenó, declarou que como seu filho cumpriu as tarefas, eu manterei minha promessa. Traga-o até aqui e a princesa se casará com ele, hoje mesmo, não importando o que o povo diga.
O velho correu para casa e contou as novidades ao filho, e este lhe disse: - Coloque-me num saco e leve-me até o palácio para a festa de casamento. Todos riam porque a princesa ia se casar com um peixe. O velho chegou ao palácio e colocou Blênio numa banqueta, aí começou a comemoração das bodas. Por fim, foram todos para a Igreja onde os dois se casaram. Depois das festas o casal recolheu-se à sua nova casa.
Eles viveram juntos por três anos, mas toda noite Blênio transformava-se num rapaz. A cada manhã ele voltava a ser peixe, só a princesa sabia da verdade.
Certa manhã a princesa acordou mais cedo e sentiu-se sozinha e triste, pois todos riam dela por ter se casado com um peixe. Ela teve uma idéia. Resolveu queimar a pele de peixe do marido antes que ele acordasse, assim ele ficaria homem para sempre. Ela queimou o traje e quando entrou no quarto, seu marido havia sumido. Naquele mesmo instante, um pequeno pássaro entrou voando pela janela.
Que pena, princesa Marya, disse a ave. Se você tivesse esperado mais três dias, seu marido teria ficado livre de um feitiço. Teria ficado humano para sempre, mas agora você o perdeu. Falou e saiu voando pela janela.
Ela ficou desesperada pensando porque tinha feito aquilo. Durante uma semana ela sofreu, mas depois levantou-se e jurou que iria em busca do marido e o salvaria. Naquele mesmo dia saiu do palácio, partindo sem saber para onde. Sua única pista era a avezinha. Quando chegou nos limites da cidade ela encontrou uma velha debruçada numa janela de uma pequena cabana.
- Por que esse ar tão triste, princesa Marya?, perguntou a velha.
- Estou procurando por meu marido. Queimei a pele dele e o perdi para um feitiço.
Você jamais irá encontrá-lo viajando do modo como está. Volte para casa e peça ao ferreiro que lhe prepare três pares de botas de ferro, três chapéus de ferro e três pães de ferro. Então volte aqui e eu lhe direi onde ir em busca do seu marido.
A princesa agradeceu pelos conselhos da velha e voltou para casa. Pediu aos ferreiros que fizessem tudo que a velha mandara. Depois ela foi encontrar-se com a velha. Hoje está muito tarde para você seguir viagem, disse a velha. Jante comigo e descanse. Amanhã poderá partir. No dia seguinte, ao amanhecer, a velha ofereceu-lhe alguns conselhos.
Depois de sair daqui, procure um grande buraco na terra , disse a velha. Quando chegar ao abismo, coloque um dos pares de botas, um dos chapéus e coma um pão. Então desça. Você encontrará lá muitas pessoas gritando, cantando e chorando, e elas lhe pedirão que fique com elas, entretanto você deve seguir em frente sem demora. Se parar, jamais sairá desta caverna. Quando tiver gasto os três pares de botas, os três chapéus e comido os três pães de ferro, chegará ao fim da passagem. Do outro lado vive minha irmã, e ela lhe dirá o que fazer a seguir.
A princesa ficou hororizada por tudo que teria que passar, mas agradeceu e partiu. Depois de muito andar, seu caminho terminou repentinamente na beira de um abismo. Ela espiou lá embaixo e não viu o fim. Destemida ela colocou o par de botas, o chapéu e comeu um pão de ferro. Depois começou a descer no vazio. Desceu, desceu, desceu, até que chegou num túnel sombrio. Lá ouviu pessoas que gritavam, cantavam e choravam, as quais lhe pediam que ficasse com elas. Mas ela os ignorou e foi em frente. A cada passo ela sangrava , pois o chão tinha lâminas de ferro e penduradas no teto também havia lanças de ferro, e sua cabeça as tocava e fios de sangue corriam em seu rosto.
Conforme ela afundava, mais e mais na escuridão, mais estridentes eram os gritos à sua volta. Ela lutou muito e, quando comeu seu derradeiro pão, usou o último par de botas e o último chapéu, viu um lampejo de luz ao longe. Chegou no final da caverna e arrastou-se até a luz do sol e despencou numa encosta gramada. Por uma semana ficou imóvel, fraca demais para se movimentar.Levantou-se ainda enfraquecida e andou aos tropeções, chegando numa casa que bateu na porta. Baba Yaga, a grande bruxa apareceu para recebê-la.
- Princesa Marya! Aonde vai nesse estado? Minha irmã deve tê-la mandado aqui!
Marya contou o que acontecera com seu marido por sua culpa, mas que por amá-lo muito estava a sua procura.
Baba Yaga suspirou, e disse: Já se passaram dez anos desde que seu marido passou por minha casa. Agora ele é humano, mas nesse intervalo, casou-se com a filha do Rei de Fogo e agora vive com ela em seu palácio. Eu lhe direi como encontrá-lo e conquistá-lo de novo, mas antes descanse e coma.
Por uma semana a princesa ficou com BabaYaga, recuperando as forças. Então a bruxa lhe disse: Chegou a hora de você ir ver seu marido.Eis o que você deve fazer. No jardim em torno do palácio em que ele vive, há uma pequena encosta. Sente-se no chão gramado desse morro e penteie-se com este pente de ouro. A filha do rei sairá do palácio ao vê-la e pedirá para comprar o pente de ouro. Ela estará acompanhada de duas mulheres, e elas têm exatamente a mesma aparência. Por isso, você deve cuidar para escolher a mulher certa, que será a do meio. Diga-lhe que você troca o pente por uma noite a sós com Blênio, mas não lhe dê o pente antes de estar com seu marido.
A princesa Marya agradeceu a BabaYaga pela sua ajuda e saiu da casa dela.
Chegou a um grande palácio, parou à entrada do jardim e sentou-se na encosta gramada. Começou a pentear os cabelos e logo as três mulheres acercaram-se dela. A do meio exclamou: - Nunca vi pente tão lindo. Você o venderia para mim? Posso pagar do jeito que você quiser.
Não o vendo por dinheiro, mas posso trocá-lo por outra coisa.
O que você deseja? , perguntou a outra . Ela disse: Apenas passar uma noite sozinha com seu marido.
Ora , isso não é nada, disse a filha do rei. Você pode fazê-lo hoje mesmo. Agora dê-me o pente.
Não disse Marya, ele será seu somente quando eu pisar dentro do quarto do seu marido.
Muito bem, disse a outra. Vamos, venha comigo. Chegando à porta do palácio ela entrou, e deixou Marya esperando, mas logo depois reapareceu. Você pode vir comigo agora e guiou a moça para o quarto. Pegou o pente de ouro das mãos de Marya e deixou-a sozinha com Blênio. Marya correu até o marido e chamou-o pelo nome, mas ele estava dormindo e não se moveu. Ela chorou e contou-lhe, mesmo assim, da longa viagem que vinha fazendo para encontrá-lo, mas nem assim ele se mexeu.Quando amanheceu a mulher expulsou a moça do quarto.
Marya voltou até BabaYaga, com o coração partido e desencorajada, e por uma semana ela chorou. Então, BabaYaga deu-lhe um lindo anel de ouro. Use esse anel e vá novamente ao palácio e sente-se no jardim. As três mulheres virão novamente até você e a do meio vai querer comprar o anel. Faça igual da outra vez, mas só entregue o anel quando estiver dentro do quarto. Assim ela fez e a mulher levou-a até seu marido. Ela novamente chamou-o pelo nome, mas ele dormia e não se mexeu. Mais uma vez a mulher colocou-a para fora do quarto e do palácio.
Ela voltou até BabaYaga dizendo que fracassara mais uma vez. A bruxa disse que a outra dera uma poção para que ele dormisse porque era esperta. Mas a bruxa não deixou que ela desistisse e tirou do armário um lenço muito bonito. Disse que essa seria a última chance dela recuperar o marido. Use este lenço e faça tudo como das outras vezes, mas se você não conseguir acordá-lo nada mais posso fazer por você. Esta é a última vez que a ajudo.
Marya agradeceu e seguiu seu rumo. Como antes , tudo aconteceu igual, mas Marya disse que só daria o lenço quando estivesse do lado do rapaz. Mais uma vez ele dormia e ela não conseguia acordá-lo. Quando amanheceu ela estava desesperada e chorou muito, mas naquele momento que a outra já a expulsava do quarto, uma lágrima dela caiu no rosto de Blênio que acordou sobressaltado.
A mulher gritava para que Marya saísse do quarto, mas quando ele a viu em pé ao seu lado logo a reconheceu e disse:” finalmente você chegou!”
A mulher gritava para tirar Marya do quarto, mas ele disse que a deixasse ficar. Ela é Marya minha primeira e verdadeira esposa. Ele abraçou-a e ela lhe contou por tudo que passara desde que ele desaparecera.
Blênio reuniu todos os anciãos do reino, ofereceu um festa e perguntou-lhes: Qual destas mulheres é minha verdadeira esposa? A que arriscou a vida para me encontrar, usando botas, chapéus e comendo pães de ferro, ou a que me trocou por um pente, um anel e um lenço? Os anciãos responderam que sua verdadeira esposa era Marya, e é com ela que você deve viver.
Blênio concordou e voltando-se para Marya chamou-a para voltarem para casa. Ele pegou uma pequena caixa enferrujada e disse: Marya feche os olhos. Assim ela o fez, e no mesmo instante sentiu um vento soprando em seu rosto, ele aí sussurrou: Agora pode abrir os olhos. Quando ela olhou em volta, ficou atônita. Eles estavam num campo ao ar livre, e diante deles uma cidade fervilhava.
-Você reconhece esse lugar? ,disse ele.
- Sim, penso que sim.
- É o reino do seu pai disse ele, enquanto abria de novo a caixa.
Marya desfaleceu e acordou no palácio que fora construído por Blênio para conquistá-la. Ao seu lado estava seu marido dormindo. Alguns instantes depois ele acordou e disse: Você me deu três tarefas antes de casarmos, essa é a razão de você ter sofrido tanto. Porém, agora estamos juntos mais uma vez. Enquanto os dois se abraçavam, os pais de Blênio entraram, seguidos pelos pais de Marya. Todos comemoraram juntos o reencontro dos dois, com uma grande festa

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os músicos da cidade de Brema


Um homem tinha um burro, que por muitos anos carregou contente os sacos para o moinho, mas cujas forças agora chegavam ao fim, de modo que o seu trabalho ia ficando cada vez pior. Então o dono pensou em doá-lo , mas o burro pecebeu que os ventos não lhe eram favoráveis, fugiu e pôs-se a caminho da cidade de Brema: lá, pensou ele, poderia tornar-se músico municipal!
Quando ele já andára um bom pedaço do caminho, encontrou um cachorro deitado ali, arfando como quem já tivesse corrido muito, e cansado de correr.
- Por que estás tão esbaforido, Pegaí? – perguntou o burro.
- Ai, - disse o cão, - é porque estou velho e ficando cada dia mais fraco, e estou ruim também para a caça, e por isso o meu dono quis me matar, daí eu pus sebo nas canelas. Mas como é que vou agora ganhar o meu sustento?
- Sabes de uma coisa, - disse o burro, - eu estou a caminho de Brema, para ser músico municipal ali, vem comigo e emprega-te também na música. Eu toco alaúde e tu bates timbales.
O cão estava de acordo e eles continuaram em frente. Não demorou muito , e viram um gato sentado à beira do caminho, com uma cara de três dias de chuva.
- O que foi que te saiu atravessado,Limpa-barbas? - perguntou o burro.
- Quem é que pode ficar alegre quando se trata do seu pescoço, respondeu o gato, - só porque agora estou velho, meus dentes perderam as pontas e tenho mais vontade de ficar atrás do fogão, ronronando, do que correr atrás dos ratos, a minha dona quis me afogar. É verdade que consegui fugir, mas agora preciso de um bom conselho: - para onde eu posso ir?
- Vem conosco para Brema! Tu és esntendido em música noturna, poderás ser músico municipal ali.
O gato achou a oferta boa e seguiu com eles. Logo os três fugitivos chegaram a um pátio, e lá, sobre o portão estava o galo da casa, gritando com todas as forças.
- Gritas de varar os ossos da gente, - disse o burro, - o que tens em vista?
- Profetizei bom tempo, retrucou o galo, - porque hoje é dia de Nossa Senhora, quando ela lava a camisa de Jesuscristinho, e quer secá-la. Mas como amanhã vêm visitas para o domingo, a dona da casa não teve dó e disse à cozinheira que quer me comer amanhã na sopa, e eu tenho de deixar que me cortem a cabeça hoje à noite. Então estou berrando a bom berrar, enquanto ainda posso.
- Nada disso , ó Crista-rubra, - disse o burro, - é melhor vir conosco, nós vamos para Brema. Coisa melhor que a morte encontrarás em qualquer lugar, tens uma boa voz e se fizermos música juntos, as coisas se ajeitarão.
O galo gostou da ideia, e os quatro puseram-se a caminho, juntos,.
Porém, não conseguindo chegar à cidade de Brema num só dia, eles resolveram pernoitar num bosque onde chegaram ao anoitecer. O burro e o cão deitaram-se debaixo de uma grande árvore, o gato e o galo acomodaram-se nos galhos, mas o galo voou até o galho mais alto, onde era mais seguro. Antes de adormecer, ele olhou mais uma vez para todos os pontos cardeais, e aí pareceu-lhe ver ao longe uma centelha brilhando, e gritou avisando os companheiros de que bem perto devia haver uma casa, porque ele vira uma luz.
Falou o burro:
- Então devemos nos levantar e ir até lá, porque aqui a hospedagem não é das melhores.
O cachorro opinou que um par de ossos com alguma carne presa neles também lhe faria bem.
E eles partiram a caminho, na direção de onde vinha a luz, e logo viram-na clarear e brilhar mais, ficando cada vez maior, até que eles chegaram a uma bem iluminada casa de bandidos. O burro, sendo o maior, aproximou-se da janela e espiou para dentro.
- O que estás vendo, Pelo-gris?- perguntou o galo.
- O que eu vejo? - disse o burro – vejo uma mesa posta com boas comidas e bebidas, e os ladrões sentados em volta, regalando-se.
- Está aí uma coisa boa para nós! – disse o galo.
- Iiiá, iiá, se estivéssemos lá! Disse o burro.
Então os bichos começaram a se aconselhar sobre o que fazer para enxotar os bandidos dali, e finalmente encontraram um meio. O burro deveria colocar as patas dianteiras na janela, o cão pularia nas costas do burro, o gato subiria no cachorro, e por último o galo voaria e se encarapitaria na cabeça do gato.
Assim que isto foi feito, os quatro, a um sinal, começaram todos juntos a fazer a sua música: o burro zurrava, o cão latia, o gato miava e o galo cocoricava.
E aí eles se precipitaram para dentro da casa, estilhaçando as vidraças com grande alarido.
Com aqule berreiro infernal, os bandidos pularam para o ar de susto, pensando que era um fantasma que invadia a casa, e fugiram apavorados para dentro do mato.
E então, os quatro companheiros sentaram-se à mesa , aproveitando de tudo o que sobrara, e comeram como se tivessem que passar fome por semanas.
Quando os quatro musicistas terminaram, apagaram a luz e procuraram um lugar para dormir, cada um segundo a sua natureza e conforto.
O burro deitou-se sobre o esterco, o cão junto da porta, o gato no fogão , na cinza quentinha e o galo pousou no poleiro das galinhas. E como estavam cansados da longa caminhada, os quatro adormeceram logo.
Quando passou da meia-noite e os bandidos viram de longe que não havia mais luz dentro da casa, e que tudo parecia estar calmo, o chefe disse:
- Não devíamos ter-nos deixado enxotar desse jeito, - e mandou um dos homens ir até a casa e espiar.
O enviado encontrou tudo em silêncio, entrou na cozinha para acender uma luz e, vendo os olhos do gato faiscando no escuro, pensou que fossem carvões em brasa e chegou-lhes um palito de fósforo para acendê-lo. Mas o gato não queria saber de brincadeiras, pulou-lhe na cara, mordendo e unhando. O homem levou um susto horrível e quis escapar pela porta dos fundos, mas o cão estava lá, pulou e mordeu-lhe as pernas . E quando ele corria pelo quintal passou pelo esterco e o burro deu-lhe um grande coice com a pata traseira. E o galo, que acordara com o barulho e a gritaria, animou-se e gritou do poleiro: cocoricó!!!
Aí o bandido, pernas para que te quero, correu de volta para o chefe e disse:
- Ai, lá dentro da casa está uma bruxa horrorosa, ela me bafejou e me arranhou a cara com seus dedos compridos. E na frente da porta está um homem com uma faca, que me espetou na perna, e no quintal está um monstro negro que me golpeou com um cacete de pau, e lá em cima do telhado está um juiz , que gritou: “tragam-me aqui o patife!” Aí eu tratei de me escafeder depressa!
Dali em diante os bandidos não se atreveram mais a voltar para casa. Mas os quatro músicos de Brema sentiram-se tão bem ali, que resolveram não mais sair.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Lobo e os Sete Cabritinhos


Era uma vez uma cabra, que tinha sete cabritinhos novos e gostava muito deles como qualquer mãe. Um dia ela quis ir para a floresta buscar comida e então, chamou os sete e disse:
- Filhos queridos, eu preciso sair para a floresta, tomem cuidado com o lobo. Se ele entrar aqui, come todos vocês, com pele e osso.
O malvado se disfarça muitas vezes, mas vocês poderão reconhecê-lo pela sua voz grossa e pés negros.
Os cabritinhos disseram:
- Querida mamãe, nós vamos ter muito cuidado. Pode sair sem receio.
A mãe então despediu-se deles e foi para a floresta sossegada.
Não demorou muito e alguém bateu à porta da casa e gritou:
- Abram, filhos queridos, sua mãe está aqui e trouxe uma coisa para cada um de vocês!
Mas os cabritinhos perceberam pela voz grossa que era o lobo.
- Não vamos abrir! – gritaram eles. Você não é nossa mãe, ela tem voz fina e delicada. Você é o lobo.
Então o lobo foi a venda e comprou um enorme pedaço de giz, e comeu. Com isso sua voz ficou mais fina. Ele voltou , bateu novamente na porta e gritou:
- Abram , filhos queridos, sua mãe está aqui.
Mas ele esqueceu e pusera sua pata preta na beira da janela. Os pequenos viram e gritaram:
- Não vamos abrir, nossa mãe não tem um pé preto feito o seu, você é o lobo.
Então o lobo correu até um padeiro e disse:
- Eu machuquei o pé , passe massa de pão nele.
E quando o padeiro lhe untou a pata com a massa ele correu para o moleiro e disse:
- Salpique a minha pata de farinha branca.
O moleiro pensou: “Ele quer devorar alguém” e se recusou a passar a farinha.
- O lobo disse que se ele não fizesse o que pedira ele o devoraria.
O moleiro ficou com medo e branqueou-lhe as patas.
O malvado voltou na casa dos cabritinhos pela terceira vez e bateu na porta, dizendo:
- Abram para mim, sua querida mãezinha voltou e trouxe da floresta coisas boas para vocês.
Os cabritinhos gritaram:
- Mostre primeiro a sua pata, para ver se é nossa mãezinha.
Ele pôs a pata na janela , e quando eles viram que era branca, pensaram que era a sua mãe e abriram a porta. Mas quem entrou foi o lobo!
Os cabritinhos se assustaram e tentaram se esconder. Um pulou para baixo da mesa, o outro para baixo da cama, o outro foi para o forno, o outro na cozinha , o quinto no armário. O sexto na bacia e o sétimo menorzinho na caixa do relógio da parede.
Mas o lobo desobriu todos e não fez cerimônia , engoliu um atrás do outro com sua bocarra. Só o mais novinho que estava na caixa do relógio ele não conseguiu encontrar. Quando a fome do lobo foi saciada ele arrastou-se para fora da casa e deitou-se no campo verde debaixo de uma árvore e começou a dormir.
Pouco depois a cabra voltou da floresta e não acreditou no que seus olhos estavam vendo. A porta da casa escancarada, mesas, cadeiras e bancos derrubados, tudo em completa desarrumação.
Ela procurou pelos filhos, mas não os achou em lugar algum. Chamou uma a um pelo nome, mas ninguém respondia.
Finalmente , quando ela chamou o nome do mais novinho, uma vozinha fina respondeu:
- Mamãe querida , estou na caixa do relógio! Ela tirou-o de lá e ele contou o que o lobo fizera, devorando seus irmãos.
Na sua aflição a mãe saiu correndo de casa e o cabritinho menor correu atrás. Quando ela chegou ao campo lá estava o lobo, roncando bem alto deitado debaixo da árvore. Ela viu que sua barriga se mexia e esperneava. Ela pensou, ai meu Deus , será que meus filhos ainda estão vivos?
O cabritinho voltou correndo em casa e pegou uma tesoura. Ela nem bem fez o primeiro corte no monstro e o primeiro cabritinho já pôs a cabeça para fora, e ela foi cortando e eles foram pulando. A fera tinha os engolido inteiros sem mastigar e eles estavam sem um arranhão.
Foi uma grande alegria! Eles abraçaram a mãe e pulavam e saltitavam.
Mas a mãe disse:
- Vão agora e achem pedras grandes e com elas vamos encher a barriga deste lobo. Ela depois costurou a barriga do lobo que ainda dormia.
Quando o lobo acordou, pôs-se de pé e quis ir beber água, mas quando ele se moveu as pedras na sua barriga começaram a fazer barulho. Ele gritou:
“Na minha pança, o que faz barulho?
Pensei que eram cabritos seis,
Mas o que eu percebo ao invés
É um rebolar de pedregulhos!”
Quando ele chegou ao poço para beber água e se debruçou, as pesadas pedras o arrataram para o fundo do poço e ele morreu afogado.
Quando os sete cabritinhos viram isso, vieram correndo e gritaram bem alto:
- O lobo está morto! O lobo está morto!
Puseram-se todos a dançar em volta do poço para comemorar!!!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Rei Sapo ( irmãos Grimm)

Era uma vez, um rei cujas filhas eram todas belas, mas a mais nova era tão linda que chegava a incomodar as outras.
Perto do castelo havia um grande bosque, e no bosque, debaixo de uma árvore, havia um poço.
Quando fazia dia quente, a filha mais nova do rei saía para passear no bosque e sentava-se à beira do poço. Quando a princesinha se entediava, pegava uma bola de ouro e jogava-a para cima para apanhá-la de novo, era sua brincadeira favorita.
Mas aconteceu, certa vez, que a bola de ouro da princesa não caiu na sua mão e, sim, dentro do poço.O poço era fundo, tão fundo que não se via seu fim. Então, ela começou a chorar e chorava cada vez mais alto. De repente, ouviu uma voz que dizia:
- O que foi que aconteceu com a filha do rei? Por que choras tanto?
Ela olhou em volta, procurando de onde vinha aquela voz, e viu então, um sapo, que punha sua grande e feia cabeça para fora d´água.
- Ah, és tu, velho sapo? – disse ela. – Estou chorando por causa da minha bola de ouro que caiu no fundo do poço.
- Sossega e não chores, respondeu o sapo, eu posso te ajudar. Mas o que me darás em troca se eu devolver a tua bola?
O que tu quiseres, querido sapo – disse ela, - meus vestidos, minhas jóias e também esta coroa de ouro que estou usando.
O sapo respondeu;
- Teus vestidos, tuas jóias e tua coroa, eu não quero. Mas se aceitares gostar de mim, para eu ser teu companheiro na hora de brincar e sentar-me a teu lado à tua mesa, comer no teu prato e beber na tua taça e dormir na tua cama! Se me prometeres isso, eu descerei para o fundo do poço e te trarei de volta a bola de ouro.
- Está bem, disse ela, eu te prometo tudo isso, mas vá buscar minha bola de ouro. Mas ela pensou consigo mesma, “que bobagens fala esse sapo simplório, como pode ser meu companheiro se vive sempre dentro da água?”
O sapo quando ouviu a resposta, mergulhou de cabeça no poço, desceu ao fundo e voltou trazendo a bola de ouro da princesa.
A princesa tão logo pegou a bola saiu correndo para o Castelo.
O sapo gritou – leva-me contigo, eu não posso correr tão depressa!
Mas ela não lhe deu atenção, apressou-se para chegar em casa, trancar a porta, e logo esqueceu o pobre sapo.
No dia seguinte, quando ela, estava à mesa com o rei e toda a família e comia no seu pratinho de ouro, eis que alguma coisa , veio se arrastando, subindo pela escadaria de mármore do Castelo. Era o sapo, que quando chegou em cima, bateu na porta e gritou:
- Filha do rei, a mais nova abre para mim!
Ela correu para ver quem era e quando abriu a porta e viu que era o sapo, bateu com a porta e voltou a sentar-se com muito medo.
O rei percebeu que ela estava muito nervosa, e disse:
- Minha filha, de que tens medo? Há algum gigante na porta querendo te levar?
- Oh, não, mas é um sapo nojento.
- E o que este sapo quer de ti?
- Ah, meu pai querido, ontem estava brincando com minha bola de ouro e ela caiu no poço. Como eu chorava muito, o sapo foi buscá-la para mim, mas exigiu ser meu amigo de brincadeiras. Eu prometi porque achei que ele não poderia viver fora d´água. Agora está lá fora querendo entrar aqui.
Enquanto isso lá fora o sapo batia na porta e gritava:
“Princesa, a mais nova
abre a porta para mim!
lembras o que ontem
prometeste a mim,
lá junto do poço?
prometeste, sim!
princesa, a mais nova
abre a porta para mim!”
Então o rei disse:
- O que tu prometestes, deves cumprir. Vai agora e abre a porta para o sapo!
Ela abriu a porta, e o sapo entrou pulando e foi até a cadeira dela, sentou-se e gritou:
- Leva-me para junto de ti!
Ela hesitou, até que finalmente o rei mandou que o fizesse.
Quando o sapo já estava à mesa ele disse:
- Agora empurra o teu pratinho de ouro para mais perto de mim, para podermos comer juntos!
A princesa obedeceu, mas sem vontade. O sapo comeu bastante, mas ela quase não comeu nada, não passava na garganta!
Finalmente ele disse:
- Fartei-me de comer e estou cansado, agora leve-me para o teu quarto para dormirmos juntos.
A princesa começou a chorar, pois tinha medo do sapo e não se atrevia a tocá-lo. Como ia dormir com ele?
Mas o rei zangou-se e ordenou:
- Quem te ajudou na hora da necessidade, não podes desprezar depois!
Então ela agarrou o sapo e carregou-o para cima e colocou-o num canto do quarto. Mas quando ela se deitou ele veio pulando e disse:
- Estou cansado, quero dormir, igual a ti. Levanta-me senão conto ao teu pai!
Aí ela ficou furiosa, levantou o sapo e atirou-o com toda força contra a parede do quarto. – Agora me deixará em paz, sapo nojento!
Mas, quando ele caiu, já não era mais um sapo, mas um lindo príncipe de belos olhos.
Ele contou que tinha sido enfeitiçado por uma bruxa malvada e não poderia sair da água, só se fosse uma princesa que o tirasse.
Ambos adormeceram e na manhã seguinte, chegou uma carruagem com o servo do príncipe, seu fiel escudeiro que ele mandara chamar.
A carruagem veio para levar o príncipe de volta ao seu reino, mas levou junto a linda princesa também, pois tinham casado na véspera.
Agora estou muito feliz e assim será para sempre, disse o príncipe e a princesa concordou.




quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um Conto dos Irmãos Grimm

Era uma vez um rei que tinha três filhos. Dois deles eram inteligentes e sensatos, porém o mais novo, era chamado de Simplório ou Bobalhão.
Quando o rei sentiu que estava ficando fraco, começou a pensar em deixar o trono, mas não sabia a qual filho deveria passar a coroa. Pensou muito, chamou os três filhos para junto dele e falou:
- Saiam em viagem e aquele que trouxer o mais lindo Tapete, será meu sucessor. Mas, para que não houvesse discussão entre os três em relação ao caminho a seguir, o rei levou-os para a frente do Castelo, pegou três penas e soprou-as para o ar dizendo:
- Para onde elas voarem, para lá ireis.
A primeira voou para o oeste, a segunda para leste e a terceira caiu no chão perto do mais novo. Assim, um irmão foi para a direita, o outro tomou a esquerda, mas ficaram zombando do mais novo que não poderia ir para lugar nenhum, porque a pena tinha caído no chão e ele teria que ficar ali no mesmo lugar.
Simplório sentou-se no chão, muito triste, mas de repente, ele viu um alçapão e resolveu abri-lo. Quando levantou a tampa ele viu que havia uma escada para baixo. Resolveu descer para ver o que podia encontrar. Lá embaixo, encontrou uma porta, bateu e ouviu uma voz que dizia:
“Donzela menina,
Verde e pequenina.
Pula de cá para lá
Ligeiro vai olhar,
Quem lá na porta está.”
A porta abriu e ele viu uma grande e gorda sapa sentada e rodeada por uma porção de sapinhos pequenos. A gorda sapa perguntou o que ele queria, ele respondeu sem graça:
-Eu gostaria de ter o mais lindo Tapete que exista, para me tornar rei.
Aí a sapa chamou uma sapinha e lhe disse:
“Donzela menina
Verde e pequenina
Pula de cá pra lá
Ligeiro vá buscar
A caixa que lá está.”
A sapinha trouxe a caixa que era bem grande e a sapa gorda abriu-a tirando de dentro dela o mais lindo e fino Tapete que existia na terra e entregou-o ao rapaz. Ele agradeceu e subiu de volta.
Os outros dois irmãos, porém, julgando-se muio sabidos, não procuraram nada. Pegaram, cada um, uma pastora de ovelhas e tiraram sua grossas mantas para levar ao rei e dizer que eram Tapetes.
Quando chegaram, o mais novo estava entrando no Castelo, trazendo o maravilhoso Tapete.
Quando o rei viu o Tapete, admirou-se e disse:
- Por direito e por justiça, o reino deve pertencer a ele, meu caçula.
Na mesma hora os outros dois reclamaram dizendo ser impossível ele se tornar rei. Pediram mais uma tarefa ao pai. Este lhes falou:
- Herdará o meu reino aquele que trouxer o mais belo Anel que existir.
Simplório mais uma vez desceu pela escada do alçapão e contou o que acontecera para a sapa gorda, dizendo o que precisava agora.
A sapa na mesma hora chamou a sapinha e lhes disse a mesma coisa.(repetir verso)
Quando a sapa abriu a caixa, ela tirou o mais lindo Anel que já se viu, cheio de pedras e brilhantes.
Os dois mais velhos mais uma vez não se preocuparam e pegaram pelo caminho aros de uma roda e levaram ao rei.
Quando o mais novo chegou com o maravilhoso Anel, o rei novamente disse que ele seria o novo rei, mas os irmãos não se conformaram e pediram uma última chance.
O rei resolveu conceder o pedido, mas disse que seria a última tarefa, definitivamente. Eles teriam que trazer a mais linda Moça que encontrassem.
Simplório desceu novamente as escadas para falar com a sapa e dizer-lhe que precisava de uma linda Moça.
-Ah, disse a sapa, esta não está à mão assim, de repente, mas vais recebê-la.
Ela deu-lhe um nabo oco, com seis camundongos atrelados nele.
Simplório perguntou a ela o que fazer com isso?
A sapa respondeu:
- Ponha uma das sapinhas pequenas aí dentro.
Ele agarrou uma sapinha e colocou-a dentro do nabo oco. Nem bem ela sentou-se, transformou-se numa lindíssima Moça, o nabo virou uma carruagem e os camundongos lindos cavalos. Ele partiu para casa.
Os dois nem se preocuparam em procurar Moça bonita, levaram as primeiras camponesas que encontraram pelo caminho.
Quando o rei viu as três, nem pensou, decidiu que o reino era do mais novo, por direito e por justiça.
Mais uma vez os dois gritaram que não era possível Simplório ganhar a coroa e exigiram que o reino fosse dado ao que conseguisse que a Moça escolhida saltasse através de um aro que pendia do teto do salão. Eles pensavam que as camponesas iriam conseguir, porque a outra tinha um jeito franzino e fraco.
O rei aprovou a idéia e pediu que as três pulassem. Mas as camponesas eram tão desajeitadas que caíram no chão ao pular e uma quebrou a perna e a outra o braço. A fraquinha pulou então, e atravessou o arco com leveza sem se machucar.
O rei não discutiu mais e deu a coroa para o Simplório. Este, como era muito bom, deixou que os irmãos continuassem a morar no Castelo com suas camponesas, as quais passariam a fazer todo o serviço.
Desta maneira todos ficaram felizes e Simplório mostrou-se um ótimo rei.


sexta-feira, 5 de junho de 2009

O gigante que não tinha coração ( Grimm)


Era uma vez um rei q tinha sete filhos. Ele estava muito doente e precisava ser substituido, mas queria primeiro ver os filhos casados para depois escolher quem seria seu sucessor. Resolveu dar um cavalo para cada filho para que fossem procurar esposas, já que onde moravam não havia mulheres. Pediu ao mais novo que ficasse com ele para ajudá-lo no castelo e ele concordou, mas o rei pediu que os irmãos trouxessem uma esposa para o mais novo.
Os seis filhos partiram, cada um com seu cavalo e um pouco de comida. Foram em direção da floresta e começaram a procura das esposas. Andaram muitos dias e nada, a fome já estava ficando enorme, pois a comida acabara. De repente, viram ao longe uma luz acesa e se dirigiram para lá. Era um lindo castelo e eles bateram na porta e foram atendidos por um criado. Perguntaram se o rei estava e ele disse que sim. Pediu que entrassem e chamou o rei para falar com eles, pois achou-os muito sujos e esquisitos. Quando o rei chegou, eles contaram porque estavam tão sujos e a verdade sobre a busca de esposas. O rei mandou que tomassem banho, deu-lhes roupas limpas e convidou-os para jantar. Assim fizeram e, qual não foi a surpresa de todos, quando entraram no salão e viram, em volta da mesa, seis lindas jovens. Ficaram muito felizes e pediram ao rei se podiam desposar suas filhas. Ele concordou e, cada um, escolheu a sua preferida. Viveram um tempo no castelo até o casamento, mas depois pediram ao rei para irem ver o pai que os esperava para escolher o sucessor. Assim, despediram-se do rei e foram embora cada um no seu cavalo com a esposa atrás. Nem se lembraram do irmão mais novo. Andaram bastante, até um deles resolver cortar caminho por um atalho e todos concordaram, para encurtar a viagem. Porém, neste caminho morava um Gigante, o gigante sem coração, em uma gruta.Quando eles passaram por ela o gigante fez com que eles virassem estátuas de pedras com seus cavalos e esposas.
O rei, pai deles, estava cada dia mais doente e eles não davam notícia. O filho mais novo(parvo ou simplório), com pena do pai, resolveu que iria procurar os irmãos. O pai pediu que ele não fosse porque só havia uma égua velha no castelo e ele não chegaria a lugar nenhum. Mas ele estava disposto e montou na égua somente com um pedaço de pão para a viagem. Despediu-se do pai prometendo trazer os irmãos de volta ao castelo.
Lá se foi o rapaz andando pela floresta, andou muito até que resolveu sentar-se embaixo de uma árvore e comer um naco do seu pão. Quando comia ouviu uma voz que pedia se ele daria um pedaço para ele. Olhou e viu um Corvo no galho, tirou um naco do pão e deu ao corvo. Este agradeceu e disse-lhe que quando precisasse dele, era só chamar que ele o ajudaria. Ele agracedeu e seguiu viagem. Andou mais e mais e, novamente resolveu descansar, só que estava perto de um riacho e sentou-se na relva, mas logo escutou um gemido e, quando olhou era um Salmão que estava fora d’água se debatendo. Ele pegou-o e colocou dentro do riacho. O salmão disse-lhe que se precisasse dele era só chamar, e mergulhou. Ele continuou sua viagem, mas a égua já não se aguentava mais de pé, ele quase a levava nas costas, mas perto de uma estrada ele avistou um Lobo. Teve medo, mas logo o lobo disse que era amigo e só precisava comer pois a fome era muita. Pediu a ele que lhe desse a égua para comer e ele lhe ajudaria no que precisasse. O rapaz ficou sem saber o que fazer, mas realmente a égua estava mais morta do que viva e ele contou ao lobo porque estava viajando e, esse, na mesma hora, disse saber onde estavam seus irmãos. Sendo assim, ele concordou que o lobo comesse a égua. Após seu banquete, o lobo se fortaleceu e mandou que o rapaz montasse no seu lombo. Assim que ele montou, o lobo saiu em disparada e, rapidamente, chegou a gruta onde estavam os irmãos estátuas. Ele ficou sem saber o que fazer, mas o lobo disse que entrasse na gruta porque aquela hora o Gigante estava fazendo suas maldades. O lobo ficou na porta da gruta tomando conta para avisá-lo quando o gigante chegasse.
Quando o rapaz entrou na gruta teve uma surpresa, pois, sentada numa cama, estava um linda moça. Ele perguntou quem era ela e soube que estava ali pois o gigante sem coração que morava na gruta a tinha roubado de seus pais ainda criança e ela só sairia dali quando alguém encontrasse o coração do gigante e conseguisse matá-lo. O rapaz ficou em pânico, mas ela teve a idéia dele se esconder embaixo da cama e, quem sabe, descobririam onde estava o coração do gigante. Assim fizeram. Quando o Gigante chegou, sentiu cheiro de carne humana e teve um ataque, pois queria comer quem estivesse ali, mas a moça disse que eram ossos que os corvos tinham deixado cair. Ele jantou e foi deitar-se. A moça começou a conversar com ele e perguntar onde estava seu coração. Ele riu muito e disse que estava logo ali na soleira da porta, enterrado. Pela manhã, quando o Gigante saiu, eles foram cavucar a terra da soleira, mas não encontraram nada de coração. Para o gigante não perceber, encheram de flores a soleira da porta. Quando ele chegou ficou irritado, pois não gostava das flores. A moça disse que era para alegrar a casa, mas ele churtou as flores para fora da gruta. À noite foi tudo igual e o gigante disse que mentira e o coração estava dentro do armário do quarto. Pela manhã, eles começaram a busca no armário, mas nada encontraram. Ficaram decepcionados, mas pegaram mais flores e enfeitaram o armário com guirlandas.Mais uma vez o Gigante se enfureceu.Mas não desistiram. Naquela noite a moça foi muito meiga com o gigante, e ele já irritado com a mesma pergunta todos os dias disse : “Ninguém encontrará meu coração, porque está dentro de uma Igreja que tem um Poço no meio e dentro do poço tem um Pato e dentro do pato tem um Ovo e dentro do ovo está meu Coração.” Como pode perceber é impossível alguém achá-lo. Pela manhã eles estavam tristes, mas o rapaz resolveu tentar achar a Igreja e contou tudo para o lobo, seu amigo. Este, disse para ele montar no seu lombo, que rapidamente estariam na Igreja. Assim foi feito, e logo o rapaz avistou a Igreja. Chegando perto, viram que estava fechada e a chave estava no alto e não conseguiam pegar. Na mesma hora ele lembrou-se do Corvo da estrada e para sua surpresa este apareceu e pegou a chave na parede e deu-lhe para que abrisse a Igreja. Lá dentro ele viu logo o Poço e chegou perto, mas era muito fundo e o Pato nadava lá embaixo. Tentou puxá-lo com dificuldade, mas quando segurou o pato o Ovo caiu no fundo do Poço. Ele ficou desesperado, mas para sua surpresa viu que o Salmão estava dentro do Poço e pegara o Ovo para ele. Ficou radiante com o Ovo nas mãos, mas o lobo lhe disse que, primeiro ele teria que mandar o gigante retirar o feitiço dos seus irmãos e depois ele o mataria. Ele apertou o coração e o gigante gritou. O lobo foi até ele e contou que o rapaz estava com seu coração nas mãos e que ele teria que desfazer as estátuas e mandá-los embora. Quando o lobo voltou, o rapaz apertou com força o Ovo e o Gigante morreu. Eles voltaram até a Gruta, para ver se a moça ainda estava lá e, para felicidade do rapaz, ela estava ainda sentada na cama.Seus irmãos já tinham partido. Ele pediu que ela fosse com ele para conhecer seu pai e ela aceitou. Os irmãos, já tinham chegado ao Castelo e contaram muitas mentiras ao pai, inclusive que, realmente não encontraram o irmão e não tinham trazido esposa para ele por só encontrarem as seis. O pai ficou muito triste pois amava o seu caçula. Porém, no dia seguinte, para surpresa de todos, o rapaz chegou com a linda moça, montados no Lobo. O pai não entendeu nada e então, ele contou toda a história que havia vivido e que fora ele que salvara os irmãos e as esposas deles. O pai ficou radiante, mesmo estando doente, quis festejar o acontecimento e disse que ele seria o seu sucessor e a moça a rainha. Quem ficou mais feliz foi o Lobo que passou a viver com eles no castelo, mas os irmãos ficaram tristes, porque dali em diante tiveram que ser somente empregados do castelo junto das esposas.