segunda-feira, 28 de março de 2011

Três Ovinhos -Conto da África - Poder da Intuição

Há muito tempo, uma mulher vivia com seu marido e os dois filhos. O marido era cruel e forçava a esposa a trabalhar desde o alvorecer até o cair da noite, espancando-a sem motivo e queimando-a  com gravetos em brasa.
Finalmente, a mulher não suportou mais. Quando seu marido foi para uma caçada, ela muniu-se de coragem, juntou os dois filhos e fugiu para as montanhas. Havia várias aldeias além da colina, onde ela esperava encontrar trabalho para se sustentar e aos filhos. Ela andou muito com uma filha pequena às costas e o menino ao seu lado. Acompanhou o rio que na estação seca ficava quase sem água. Quando parou para descansar, observou um ninho de pássaros numa árvore sem folhas. Pegou o ninho, pensando que poderia servir de brinquedo para seus filhos e encontrou dentro dele três ovinhos. Disse aos filhos: - Cuidado para não quebrar os ovinhos.
Prosseguiram a viagem até cair a noite. Ela olhou à sua volta e não achou nada que servisse de abrigo, ficou com muito medo. Pensou:- O que vou fazer? Como vou proteger os meus filhos dos animais selvagens da floresta? De repente, uma vozinha respondeu: - “Vá pelo caminho da direita”. Ela espantou-se, pois a voz vinha de um dos ovos do ninho.
Realmente, à sua direita, havia um caminho quase escondido entre a mata. Ela seguiu a trilha e chegou numa grande cabana. Entrou e ninguém respondeu ao seu chamado. Dentro da cabana, havia vasilhas com leite fresco e muitos frutos maduros. Ela alimentou as crianças e comeu fartamente. Depois todos adoemeceram. Pela manhã, ela acordou os filhos e retornaram a caminhada pelas montanhas. Quando chegaram a um cruzamento na estrada, a mulher parou, indecisa quanto ao caminho a seguir.
“Escolha o da esquerda”, disse a voz do segundo ovo do ninho.
Ela seguiu o conselho e chegou a uma outra cabana. Lá dentro viu um ogro tão imenso que seu ronco fazia tudo tremer. Ele tinha pelos vermelhos, dois chifres e uma cauda comprida. Por toda parte havia tijelas de sangue. Ela não se moveu, com medo que ele acordasse e a devorasse junto com seus filhos, mas naquele momento, ela ouviu o terceiro ovo que dizia: “Pegue a pedra branca e redonda, perto da porta, suba no telhado e jogue-a no monstro. Ela disse: - A pedra é muito pesada, como posso levantá-la?
“Faça como estou dizendo” , disse a voz.
A mulher levou os filhos para cima do telhado, para mantê-los a salvo, e depois pegou a pedra perto da porta, que para sua surpresa não era tão pesada. Ergueu-a, subiu no telhado, olhou pela chaminé e preparou-se para jogar a pedra no monstro. Subitamente, outro ogro entrou na cabana, arrastando os corpos de várias pessoas. A muller abafou um grito, e deixou a pedra de lado. Pensou: Não posso matar dois de uma vez, um certamente vai nos pegar e nos comer!
“Espere até que durmam, então fuja”, falou um dos ovos.
Ela ficou quieta, acalmou os filhos, enquanto o ogro cozinhava e comia as pessoas que trouxera. Por fim os dois ogros, pegaram no sono.
Quando começaram a rncar, ela desceu do telhado com os filhos e fugiu. Começou novamente a caminhada e entrou por um caminho de mata fechada em que ela mal enxergava. De repente, após uma curva, ela chegou a uma clareira, onde havia enorme árvore sempre-viva. Ela parou horrorizada, porque embaixo da árvore, estava um monstro enorme, maior que os dois ogros, Tinha cabelos grossos, emaranhados, focinho de chacal, chifres enormes e um longo rabo.
Uma ogra! Falou aterrorizada. Viu que só podia seguir em frente passando por ela. O que vou fazer?, pensou.
Os três ovos responderam: “Pegue o machado que está perto da ogra, suba na árvore e deixe cair na cabeça dela. Ela não tinha alternativa. Subiu na árvore com os filhos e depois pegou o machado. Tremendo de medo, ela ficou no galho que estava bem em cima da ogra e deixou o machado cair. A ogra resmungou um pouco zonza.
“Rápido”, disseram os ovos. “Desça daí e use o machado para matá-la antes que ela acorde.”
A mulher desceu da árvore e, quando pegou o machado a ogra começou a abrir os olhos, mas a mulher correu na sua direção e golpeou-a com o machado. Ela guinchou, rolou para o lado e morreu. No momento seguinte, o corpo da ogra abriu-se no meio e delá saíram centenas de pessoas, além de bichos que a ogra comera. As pessoas rodearam a mulher e lhe agradeceram.
“Você nos libertou da ogra”, disseram. Ela nos engoliu inteiros e há anos estamos vivendo na sua barriga. Como sinal de nossa gratidão, queremos que você se torne nossa rainha.
A mulher contou que não fora ela que os salvara, mas os três ovos que estavam no ninho e apontou para o ninho. Nesse momento a terra tremeu, os ovos desapareceram e, em seu lugar surgiram três belos príncipes. O mais velho, ajoelhou-se diante da mulher que o libertou e disse: - Por causa da sua coragem você nos libertou, eu e meus irmãos, de um feitiço maligno. Ele aproveitou e pediu a mão dela em casamento, dizendo que ela estava livre porque seu marido havia morrido. Ela aceitou e perante o povo reunido, a corajosa mulher, agora rainha, desposou o príncipe. Dali em diante viveram felizes junto com as crianças.