Até os distraídos puderam notar
que, entre as muitas curiosidades do nosso tempo caótico, dinamizado pela
cultura cibernética, vem se sobressaindo a crescente onda de interesse pela
literatura alimentada pela magia,
pelo sobrenatural, pelo mistérioda vida, das forças ocultas. E, no rastro desses
interesses, também as Fadas estão de
volta, entrando não só nos lares, mas também nas escolas.
Multiplicam-se
nas livrarias as edições e reedições dos contos
de fadas ou contos maravilhosos, lendas, mitos, clássicos antigos e
modernos. O mercado oferece, em sedutoras edições ilustradas, toda uma
literatura que parecia perdida no tempo: A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho,
Cinderela ou a Gata Borralheira, Dom Quixote e muitos outros. Livros que
parecem anacrônicos ao serem confrontados com este nosso ciberespaço, mas que
são verdadeiras fontes de sabedoria.
Não há
dúvida de que estamos vivendo em um limiar histórico: entre uma ordem de
valores herdada da tradição progressista (e hoje em pleno processo de
superação/transformação) e uma desordem em cujo bojo um nova “ordem” está em
gestação...(muito embora ainda não tenhamos idéia de como ela será!). É nesse
limiar ou nessa fronteira que se situa o papel formador desses livros antigos.
Portanto, longe de serem vistos como algo superado ou mero entretenimento infantil, precisam urgentemente ser
redescobertos como fonte de conhecimento de vida. E, nesse sentido, descobertos
como auxiliares fecundos na formação da
mente dos novos , dos “mutantes” que já estão chegando e precisam ser
preparados para atuar no amanhã, que está sendo semeado no hoje...
Sabemos
que, para realizarmos a urgente tarefa da reestruturação das atuais formas de
educação, seria quase preciso que tivéssemos uma varinha de condão, tais
o gigantismo e as dificuldades com que ela se apresenta.
Isso porque não se trata apenas de alterar
métodos ou estruturas, mas transformar Mentalidades.
E como
fazê-lo? Como orientar hoje os novos construtores do mundo de amanhã? Um dos recursos é
redescobrir a literatura arcaica, as
palavras-de-origem (como os contos de fadas), e por meio dela refazer o caminho
de ontem e estimular , ao mesmo tempo
, o poder mágico que existe no próprio ser humano: o Conhecimento.
Literatura é ato de relação do eu com o outro e com o mundo.
Os tempos mudam incessantemente, porém a natureza
humana permanece a mesma.
*******Este texto foi tirado de um excelente livro da Nelly
Novaes Coelho – “O Conto de Fadas” – editora Paulinas
Ela nesse livro pretende oferecer como uma espécie de “seta
orientadora” para pais, professores, avós...que assumiram a tarefa de guias dos
pequenos ou adolescentes no caminho do Conhecimento que leve à auto realização
de cada um como parte consciente e atuante do todo.
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