sábado, 28 de março de 2009

Vassilissa, a formosa. ( um conto russo)

Há muito, muito tempo, num certo reino distante, vivia um rico mercador, com sua mulher e uma única filha. A menina chamava-se Vassilissa, e era bonita e meiga como uma flor. Mas um dia quando Vassilissa tinha apenas 8 anos, sua mãe ficou muito doente, e, sentindo que ia morrer, chamou a filha, tirou de sob as cobertas uma pequena boneca e lhe entregou dizendo:
- Escuta, Vassilissa, minha filha, as minhas últimas palavras. Ao morrer deixo-te a minha bênção e esta bonequinha, que deverás trazer sempre contigo. Não a mostres a ninguém, e quando te acontecer algum desgosto, dá-lhe de comer e beber, e pede-lhe conselhos. Depois de alimentada, ela te dirá o que fazer para te ajudar na desgraça.
Algum tempo depois da morte da mãe, seu pai casou-se de novo, com uma viúva que tinha duas filhas, pouco mais velhas do que Vassilissa, pensando que isso seria bom para sua filhinha órfã de mãe. Mas enganou-se, porque a madrasta não gostava da enteada. Ela e as filhas invejavam a sua beleza, e atormentavam-na com toda sorte de trabalhos e encargos pesados, para que ela ficasse magra e feia.
Vassilissa suportava tudo pacientemente e, apesar da vida dura que levava, ficava cada vez mais bonita, passou a ser chamada de Vassilissa, a formosa, enquanto a madrasta e sua filhas iam ficando cada vez mais feias e secas, de tanta ruindade, mesmo passando o tempo todo comendo, sem fazer nada.
Como isso era possível? É que a bonequinha que a mãe lhe dera ajudava a menina, que muitas vezes deixava de comer só para com sua porção alimentar a boneca, sempre à noite, depois que todos se deitavam. Ela lhe dava de comer dizendo: “Come, boneca-beleza, e ouve minha tristeza!” E lhe contava os seus problemas. A boneca escutava, dava-lhe conselhos e a mandava dormir. E pela manhã todo o trabalho já aparecia feito, enquanto a menina descansava na sombra e colhia flores. Assim ela ia vivendo.
Passaram alguns anos, e as meninas chegaram à idade de ficar noivas. Mas todos os pretendentes que apareciam, e não eram poucos, só tinham olhos para Vassilissa, cada vez mais formosa. E nem olhavam para as filhas da madrasta. Esta ficava furiosa, e só respondia a todos os pretendentes que não concederia a mão da mais nova antes que as duas mais velhas se casassem. E depois de despachar o pretendente, ela descontava sua raiva maltratando Vassilissa. Um dia, o pai de Vassilissa, teve de partir para uma longa viagem de negócios, e foi então que a madrasta se aproveitou da sua ausência para se vingar da enteada. Mudou-se logo para outra casa, que ficava à beira da floresta, onde, todos sabiam, vivia a malvada bruxa Baba-Iága, que não deixava ninguém se aproximar dela. Quem se aproximasse, ela devorava como se fosse um frango. Então a madrasta começou a mandar Vassilissa para a floresta toda hora, buscar uma coisa ou outra, esperando que a menina caísse nas garras da bruxa perversa.
Mas Vassilissa voltava sempre, incólume, porque a bonequinha lhe indicava o caminho certo, e não deixava aproximar-se da cabana da Baba-Iága.
Não sabendo mais o que inventar, certo dia, ao anoitecer, a madrasta apagou as velas da casa, só para mandar Vassilissa buscar fogo. E quem tinha fogo sempre, todos sabiam, era só a Baba-Iága.
- Vai procurar a Baba-Iága e não te atrevas a voltar sem o fogo!
- Eu vou e vou levar o meu jantar. Pegou a trouxinha com sua escassa comida, e logo as três a empurraram para fora da casa, para o escuro da noite.
Assim que se afastou da casa, a menina sentou-se num tronco caído e começou a alimentar a sua bonequinha.
“Come, boneca-beleza, e ouve a minha tristeza!” Estão me mandando para a Baba-Iága, buscar fogo! A bruxa vai me devorar!
A bonequinha comeu e seus olhos brilharam:
- Não tenhas medo, Vassilissa. Vai para onde te mandaram, mas não te separes de mim. Contigo, nenhum mal acontecerá.
Vassilissa pôs a bonequinha no bolso do avental, fez o sinal da cruz e entrou na floresta, trêmula. Andou um pouco, e, de repente, viu, passando a galope na sua frente, um cavaleiro todo branco, vestido de branco, sobre um corcel branco. E começou a amanhecer.
Andou mais um pouco, e viu outro cavaleiro, todo vermelho, vestido de vermelho, sobre um corcel vermelho. E começou a nascer o sol.
Vassilissa, andou e andou, e, só ao entardecer do dia seguinte, chegou à clareira onde ficava a cabana da Baba-Iága. A cerca em volta da casa era toda feita de ossos humanos, encabeçados por crânios espetados neles, com olhos humanos nas órbitas. O trinco do portão era uma boca humana cheia de dentes aguçados. E a casinha era construída sobre grandes pés de galinha.
Vassilissa parou, petrificada de susto. Nisso pasou galopando outro cavaleiro, todo negro, vestido de negro, sobre um corcel negro. E fez-se noite.
Mas a escuridão durou pouco, pois os olhos de todas as caveiras da cerca se acenderam como brasas vivas, e ficou claro como o dia.
Vassilissa, morta de medo, não sabia o que fazer e ficou parada no lugar, como enraizada. Nisso, ouviu, vindo da floresta, um grande barulho. Era a Baba-Iága, acocorada no seu pilão, apagando os rastros com a vassoura, desgrenhada e feia de meter medo!
Unf, unf!!! Sinto cheiro de carne humana! Quem está aqui?
Vassilissa, trêmula, aproximou-se da bruxa e disse:
“Sou eu vovozinha!” Sou Vassilissa, a madrasta e suas filhas me mandaram aqui para te pedir fogo.
Está bem, disse a bruxa. Eu as conheço. Mas tu, Vassilissa, antes terás de ficar morando e trabalhando um tempo aqui comigo, então te darei fogo. Senão eu te devoro!
Durante o dia inteiro, a bruxa deu tarefas, muito pesadas, para a menina cumprir, e para serví-la desde a manhã até a noite. Era varrer e lavar, cozinhar e cuidar da horta, limpar o quintal, lavar e passar roupa, trazer bebidas do porão, tudo isso Vassilissa tinha que fazer... E só conseguia dar conta do serviço graças à ajuda da bonequinha, que trazia sempre no bolso do avental e não mostrava à bruxa.
No dia seguinte, a bruxa acordou de madrugada, olhou em volta, viu que todo o serviço estava feito, e ficou aborrecida por não ter do que reclamar. Espiou pela janela, lá fora passou galopando o cavaleiro branco, e a manhã clareou. A bruxa saiu da casa , assobiou, e o seu pilão apresentou-se à sua frente, com a mão e a vassoura. Passou galopando o cavaleiro vermelho, e surgiu o sol. A Baba-Iága embarcou no pilão e saiu voando baixo, deixando Vassilissa sozinha em casa. A bonequinha fez todo o serviço pesado, e só deixou a menina arrumar a mesa e aguardar a bruxa.
Quando saiu de casa a bruxa mandou que a menina separasse os grãos bons dos carunchados. Tudo deveria estar pronto quando ela voltasse para casa, caso contrário ela comeria.
A menina pediu ajuda à sua boneca e esta lhe disse que não tivesse medo, que comesse, fizesse suas orações e dormisse, pois a noite é boa conselheira.
Na manhã seguinte quando acordou, a menina olhou pela janela e viu que os olhos das caveiras já estavam se fechando. O cavaleiro branco passou e nasceu o dia. A bruxa saiu e a menina ficou sozinha em casa admirando seus móveis e objetos. Quando começou a pensar na tarefa dos grãos a sua boneca já tinha resolvido tudo. Quando a bruxa chegou e viu tudo resolvido, ficou furiosa pois não sabia como colocar defeito. A bruxa então, gritou: “Meus fiéis servos, moam os grãos para mim.” Surgiram três pares de mãos de esqueletos e levaram os grãos.”
A bruxa deu a ordem para o dia seguinte, dizendo que a menina deveria repetir a tarefa do dia anterior e , além disso, separar as sementes de papoula. Quando retornou à noite ficou muito brava, mas chamou as mãos dos esqueletos e mandou que extraíssem o óleo das sementes de papoula.
Enquanto a Baba-Iága jantava, Vassilissa ficou por perto , silenciosa. A bruxa perguntou: por que você está olhando sem dizer nada? Você é muda?
A menina respondeu: “se pudesse, gostaria de lhe fazer umas perguntas”.
Pergunte, disse a bruxa, mas lembre-se, nem todas as perguntas são boas. Saber demais envelhece.!
Vassilissa então perguntou: “gostaria de saber quem é o homem que vi no caminho todo de branco. Quem é ele?”
“Esse é o meu dia luminoso, disse a bruxa.”
Mas passou também um homem todo vestido de vermelho.
“É o meu sol vermelho, disse a bruxa.”
Mas quando cheguei no portão o homem que passou estava todo de negro.
“Essa é a minha noite, o escuro!”
A menina pensou nos três pares de mãos de esqueletos, mas não fez mais perguntas, ficou quieta.
Baba-Iága disse: por que não faz mais perguntas?
A menina respondeu que essas eram suficientes, acrescentando: “você mesma disse, vovó, que perguntar demais envelhece”.
A bruxa replicou: “Você fez bem em perguntar só a respeito do que viu lá fora e não do que viu aqui dentro de casa. Não gosto quando a sujeira é levada para fora. Mas agora eu quero perguntar uma coisa para você: “Como conseguiu fazer todas as tarefas que lhe dei?”
A menina respondeu: “A benção de minha mãe me ajudou”, respondeu a menina. (não falou da boneca).
“Ah!!! Então foi isso? Dê o fora daqui , filha abençoada, eu não preciso de nenhuma benção em minha casa.”
Assim, Baba-Iága pôs a menina para fora de sua casa, empurrando-a pelo portão. Mas, tirou da cerca, uma das caveiras com seus olhos flamejantes, colocou-a num pau e deu para a menina dizendo: “Aqui está o fogo para suas irmãs e sua madrasta, pegue-o e leve-o para casa.”
A menina saiu correndo da casa da bruxa e entrou na floresta somente com a luz da caveira, mas esta extingüiu-se assim que o dia clareou. Ela só chegou em casa na noite seguinte depois de muito caminhar, mas quando chegou perto do portão, pensou em jogar fora a caveira, mas uma voz lhe falou: “Não faça isso, leve-me até sua madrasta.”
Assim fez a menina. Quando entrou com o fogo que se acendera sozinho, os olhos da caveira se fixaram na madrasta e em sua filhas queimando suas almas e perseguindo-as aonde fossem se esconder. Ao amanhecer as três tinham virado cinzas. Só Vassilissa escapou.
A menina enterrou a caveira, fechou a casa e foi para a cidade.
Caminhou bastante e chegando à feira, encontrou uma boa velhinha que estava fiando tecido para a roupa do rei. Ela pediu que lhe ensinasse e a boa velhinha assim o fez. A cada dia a menina fiava melhor e um dia o rei foi até o mercado saber quem estava tecendo aqueles lindos tecidos e conheceu-a.
O rei pediu que ela fosse morar no seu castelo, pois logo apaixonou-se pela bela moça. Ela aceitou, mas com a condição de levar a pobre velha. O rei aceitou.
Os dois casaram e estavam muito felizes, quando o pai da Vassilissa voltou da viagem e estava procurando-a por toda parte até que soube onde ela estava e foi visitá-la. O rei convidou-o a morar com eles e assim, o pai voltou a viver com a filha verdadeira e tão querida!

sexta-feira, 20 de março de 2009

A dança das 12 princesas- irmãos Grimm



Era uma vez um rei que tinha 12 filhas muito lindas. Dormiam em 12 camas, todas no mesmo quarto, e, quando iam para a cama, as portas eram todas fechadas à chave. Todas as manhãs, porém, os seus sapatos tinham as solas gastas, como se tivessem dançado com eles toda a noite, mas ninguém descobria como isso tinha acontecido.
Então, o rei fez saber por todo o país, que se alguém pudesse descobrir o segredo, e saber onde é que as princesas iam dançar à noite, casaria com aquela de quem mais gostasse e seria rei, depois dele morrer. Mas quem tentasse descobrir isso, e ao fim de três dias e três noites não conseguisse, seria morto.
Apresentou-se logo o filho de um rei. Foi muito bem recebido e à noite levaram-no para o quarto ao lado onde dormiam as princesas. Ele tinha que ficar sentado para ver se descobria, onde elas iam dançar, e, para que nada se passasse sem ele ouvir, deixaram-lhe a porta do quarto aberta. Mas o rapaz em pouco tempo adormeceu, e, quando acordou de manhã, viu que as princesas tinham dançado de noite, porque as solas dos sapatos delas estavam cheias de buracos. O mesmo aconteceu nas duas noites seguintes e, por isso, o rei ordenou que lhe cortassem a cabeça. Depois dele vieram muitos outros, mas nenhum deles teve melhor sorte, e todos perderam a vida da mesma maneira.
Aconteceu que um velho soldado atravessava o país onde esse rei reinava. Ao atravessar a floresta, encontrou uma velha, que lhe perguntou para onde ele ia.
“Quero descobrir onde é que as princesas dançam, e assim posso vir a ser rei.”
Bem, disse-lhe a velha, isso não custa muito. Basta que tenhas cuidado, e não bebas nada do vinho que uma das princesas lhe trará à noite, e logo que ela se afaste deves fingir que está pegando no sono. A seguir a velha deu-lhe uma capa, e disse:
“Logo que vestires essa capa, você se tornará invisível, aí poderás seguir as princesas para onde quer que elas forem.”
Quando o soldado ouviu esses bons conselhos, foi ter como rei, que deu ordem para que lhe fossem dadas ricas vestes para ele trajar, e, quando veio a noite, conduziram-no até o quarto perto do das princesas.
Quando ia deitar-se, a mais velha das princesas trouxe-lhe uma taça de vinho, mas o soldado entornou-a sem que ela percebesse. Depois estendeu-se na cama, e, começou a roncar como se estivesse pegado no sono.
Quando as 12 princesas o ouviram, puseram-se a rir, e levantaram-se e abriram as malas, e depois, tendo vestido os ricos trajes que de lá tiraram, puzeram-se a saltitar de contentes. Mas a mais nova disse preocupada:
“Não me sinto bem. Tenho certeza de que vai suceder alguma desgraça.”
“Tola, disse a mais velha. Já não te lembras quantos filhos de reis nos têm vindo espiar sem resultado? Quanto ao soldado tive o cuidado de lhe dar uma bebida que o fez dormir.”
Quando estavam todas prontas, foram olhar o soldado, mas ele continuava a roncar e não se mexia. Elas julgaram-se seguras. A mais velha foi até a sua cama e bateu palmas, e a cama enfiou-se logo pelo chão, abrindo-se um grande alçapão. O soldado viu-as descendo uma a uma. Levantou-se, colocou a capa invisível, e seguiu-as, mas no meio da escada pisou na cauda do vestido da mais nova, que gritou para as irmãs:
“Alguém me puxou o vestido!”
“Que tola”- disse a mais velha- “foi um prego que deve estar na parede!”
Lá foram todas descendo e, quando chegaram ao fim, encontravam-se num bosque de lindas árvores de prata. O soldado levou um raminho de uma das árvores. Foram ter depois em outro bosque onde as folhas das árvores eram de ouro e depois a um terceiro onde eram folhas de diamantes. O soldado pegou um raminho de cada uma das árvores dos bosques.
Chegaram finalmente a um grande lago, e à margem, estavam encostados 12 barcos, tendo dentro 12 príncipes muito bonitos, que esperavam pelas princesas. Cada uma entrou em um barco, e o soldado saltou para o barco onde ia a mais nova. O príncipe que remava disse à ela:
“Não sei o que é, mas, apesar de estar remando com muita força, parece que vamos mais devagar que de costume, o barco hoje está muito pesado.”
“Deve ser do calor, disse a mais nova princesa.”
Do outro lado do lago estava um grande castelo, de onde vinha um som de clarins. Desembarcaram todos, e entraram no castelo. Cada príncipe dançou com sua princesa, e o soldado invisível, dançou entre eles, quando punham um taça de vinho perto de qualquer princesa, ele bebia-a toda, quando elas levavam à boca a taça estava vazia. A irmã mais nova estava assustada, mas a mais velha fazia-a calar.
Dançaram até as três da manhã, e então, os seus sapatos estavam gastos e tiveram que parar. Os príncipes levaram-nas outra vez para o outro lado do lago, mas desta vez o soldado entrou no barco da princesa mais velha, e na margem oposta todos despediram-se combinando voltar no dia seguinte.
Quando chegaram ao pé da escada o soldado adiantou-se e subiu primeiro que as princesas, indo logo deitar-se e fingindo dormir.
As princesas ouviram-no roncar e disseram :
“Está tudo bem”. Despiram seus trajes , guardaram nas malas, tiraram os sapatos e deitaram-se.
De manhã o soldado não disse nada do que tinha visto, mas decidiu tornar a ver esta aventura, e por isso, foi também nas outras duas noites com as princesas. Na terceira noite o soldado teve o cuidado de levar consigo uma taça de ouro como prova de onde tinham estado.
Chegada a ocasião de revelar o segredo, o soldado, foi levado à presença do rei, e levou os três ramos e a taça de ouro.
As princesa puseram-se a escutar atrás da porta para ouvir o que ele diria. E quando o rei perguntou:”Onde é que as minhas 12 filhas dançam toda noite? O soldado respondeu: “Com 12 príncipes num castelo debaixo da terra.”
Contou ao rei tudo o que tinha sucedido e mostru-lhe os três ramos e a taça de ouro que trouxera consigo.
O rei chamou as 12 princesas e perguntou-lhes se era verdade o que o soldado dissera. Elas vendo que o seu segredo tinha sido descoberto, confessaram tudo.
O rei perguntou ao soldado qual delas ele queria como esposa, ele respondeu: “Já não sou muito novo, por isso, escolho a mais velha.”
Casaram-se e o soldado ficou sendo o herdeiro do trono.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Numerologia nos Contos de Fadas



A Numerologia é também de grande importância nos Contos de Fadas, como Elemento Simbólico.
Os Números mais encontrados são, sem dúvida, o 3, o 4, o7, o 8 e o12.

NÚMERO 3 (TRÊS)

O número 3, aparece sempre em forma de Família, Tarefas ou Filhos.
É associado à Sagrada Família e à Santíssima Trindade, principalmente, no início do Cristianismo, pois é a Bíblia, possivelmente, o primeiro livro escrito que serviu de leitura para as crianças e os adultos.
* Um exemplo de trilogia é o Conto “Os Três Fios de Ouro do Cabelo do Diabo”, pois ele tem como elementos simbólicos, o Rei, a Princesa e o Rapaz, além das três tarefas que terão de ser ultrapassadas para que o rapaz consiga casar com a Princesa.

NÚMERO 4 (QUATRO)

Este número representa a perfeição, estando sempre ligado, simbolicamente, aos Quatro Elementos da Natureza: o AR, aTERRA, o FOGO e a ÁGUA, que são sempre encontrados nos Contos, oferecendo ajuda ao herói ou a heroína, no momento de suas buscas ou tarefas.
O número 4 representa também, as quatro funções básicas da Psique: (segundo Jung, nossa bússula interior)
PENSAMENTO - através do certo e do errado.
SENTIMENTO - através do bom e do mau.
INTUIÇÃO - através do inconsciente.
SENSAÇÃO - através dos nossos 5 sentidos.
* Um exemplo é o conto: “Um Olhinho, Dois Olhinhos, Três Olhinhos”, onde encontramos Mãe e três filhas representando 4 elementos.
“As Três Penas “, um pai e três filhos.

NÚMERO 7 (SETE)

É considerado um número mágico.
Na Bíblia ele aparece 77 vezes, na Mitologia, aparece através de Apolo, que era o Augusto Deus Sétimo, representa também, a totalidade da vida moral, representado pelas 3 virtudes teologais (fé, esperança e caridade) e pelas 4 virtudes cardeais (prudência, temperança, justiça, e força) pois 3+ 4 = 7
Temos no cotidiano, 7dias da semana, 7 notas musicais, 7 cores do Arco-Iris, 7 pecados capitais. Portanto é o número que representa a Totalidade do Universo em movimento.
* No conto de redenção,“Os Sete Corvos”, onde tudo é resolvido por uma mulher, a irmã, são sete homens os irmãos.

NÚMERO 8 (OITO)

Representa o infinito, o que está resolvido. Nos Contos, muitas vezes , os 7 filhos vão ajudar o pai ou a mãe.
No conto acima Os 7 corvos, também ilustra o número 8, já que somando os filhos mais a filha serão 8 elementos.
No conto “o Gigante que sem coração”, vamos encontrar 7 filhos interagindo com o pai que será o oitavo.


NÚMERO 12 (DOZE)

Representa o simbolismo do Zodíaco, os 12 meses do ano.
O exemplo mais conhecido, “A Bela Adormecida” , onde 12 fadas vão levar à ela presentes no seu batizado. Outro conto, “As Doze Princesas” tem as 12 filhas que fazem muitas confusões.

domingo, 1 de março de 2009

Os três fios de ouro do cabelo do diabo


Um conto dos irmãos Grimm
Era uma vez, uma pobre mulher que teve um filhinho, e porque ele nasceu envolto numa membrana-da-sorte, foi-lhe profetizado que, aos quatorze anos, ele receberia a filha do rei por esposa.
Pouco tempo depois, o rei chegou à aldeia , e ninguém sabia que ele era o rei. Quando ele preguntou às pessoas o que havia de novo por ali, elas responderam:
- Um dia destes, uma mulher deu à luz uma criança empelicada. Qualquer coisa que uma criança dessas empreender, sempre dará certo e lhe trará sorte. E também foi profetizado, que, aos quatorze anos, ele receberia a filha do rei como esposa.
O rei, que tinha o coração perverso, ficou irritado com essa profecia , foi até aos pais , fingindo muita bondade, e disse:
- Pobre gente que vocês são, já têm tantos filhos que podem me entregar esse para que eu cuide dele.
No começo os pais recusaram, mas como aquele homem estranho lhes oferecia grande soma em dinheiro, eles pensaram: - “Nosso filho é uma criança-de-sorte, isso deve ser para o seu bem”, e concordaram de entregar o filho ao homem.
O rei colocou-o dentro de uma caixinha e saiu cavalgando com ele, até chegar a uma água bem funda. Então, jogou a caixa na água, pensando: “Deste pretendente minha filha está livre!”
Mas a caixinha não afundou, flutuou como um barquinho, sem deixar passar para o bebê nem uma gota de água. Assim, foi navegando até bem longe do reino, onde havia um moínho, em cuja barragem ficou presa. Um aprendiz de moleiro, que por sorte estava por ali e viu a caixa, puxou-a para fora com um gancho, pensando que encontrara algum tesouro. Quando ele olhou na caixa, viu um lindo menino dentro dela, muito bem disposto. Então, levou-o ao casal de moleiros, e como eles não tinham filhos, ficaram muito contentes e disseram:
- Deus nos mandou um presente.
Eles cuidaram bem da criança e ele cresceu e se criou com muito caráter e sempre ajudando os pais.
Aconteceu que, num dia de tempestade, o rei entrou no moínho para esperar a tempestade passar e viu o rapaz. Perguntou aos moleiros se era seu filho.
- Não, responderam eles, ele é um enjeitado. Há quatorze anos ele chegou aqui na barragem dentro de uma caixa, nosso aprendiz o tirou da água e nós o criamos como filho.
Neste momento o rei teve certeza que era a criança que jogara na água, ele disse:
- Minha boa gente, será que este rapaz poderia levar uma carta para a raínha? Eu lhe darei duas moedas de ouro como pagamento.
Os moleiros, submissos, responderam, como o senhor rei ordenar e mandaram o rapaz se preparar.
O rei escreveu uma carta à rainha, na qual dizia: “Assim que este rapaz, portador desta carta, chegar, ele deverá ser morto e enterrado, isso deverá ser feito antes da minha volta”.
O rapaz Pôs-se a caminho com a carta no alforge, mas perdeu-se e chegou ao anoitecer numa floresta. Wle viu uma pequena luz ao longe e dirigiu-se para lá, era uma casinha pequena. Ele entrou, porque a porta estava aberta, e, lá dentro viu uma velha sentada junto ao fogo. Ela assustou-se e perguntou:
- De onde você vem e para onde você quer ir?
- Venho do moínho, disse ele, vou procurar a senhora raínha , a quem devo entregar uma carta. Porém, como me perdi na floresta, gostaria de passar a noite aqui.
- Pobre garoto, disse a velha, você veio parar numa casa de salteadores. Quando eles voltarem vão matá-lo.
- Pode vir quem quiser, disse o rapaz, eu não tenho medo. Estou tão cansado e não posso mais andar. Ele se espichou num banco e adormeceu.
Logo depois dele ter dormido chegaram os salteadores e perguntaram , furiosos, quem era o estranho deitado alí e dormindo?
- Ora, disse a velha, é apenas um inocente que se perdeu ma floresta e eu deixei que ficasse aqui para descansar, porque ele vai levar uma carta para a raínha.
Os salteadores foram no alforge do rapaz e pegaram a carta e leram o que estava escrito. Então, eles sentiram dó do rapaz e escrveram outra carta, dizendo que assim que o rapaz chegasse , devia casar com a princesa , filha do rei.
Pela manhã o rapaz agradeceu e seguiu viagem sem saber que as cartas foram trocadas do seu alforge.
Quando chegou ao ´palácio deu a carta à raínha que a leu e fez o que rei ordenava. Mandou preparar uma grandiosa festa de casamento e a princesa casou-se com o rapaz filho-da-sorte.Ela gostou porque o rapaz era belo e educado.
Passado algum tempo, o rei voltou e viu que sua filha estava casado com o rapaz que ele mandara matar.
Chamou a raínha e perguntou: - Como foi que isso aconteceu? Eu dei outra ordem na carta que mandei.
Porém, a raínha lhe mostrou a carta que recebera e disse que ele podia ler o que estava escrito. O rei leu e logo percebeu que a carta havia sido trocada. Chamou o rapaz e perguntou o que acontecera com a outra carta que ele lhe entregara.
Eu não sei de nada disse o rapaz. Só se foi trocada na noite que dormi na floresta.
Raivoso o rei falou:
- Isto não vai ficar assim. Quem quiser a minha filha , terá de trazer-me do inferno, três fios de ouro da cabeça do diabo.Se você conseguir ficará com a princesa.
O rei esperava livrar-se de vez do rapaz, mas o filho-da-sorte respondeu: - Vou buscar os cabelos de ouro. Não tenho medo do diabo.
Dizendo isso, o rapaz despediu-se da princesa e começou sua busca.
O caminho levou-o a grande cidade , onde o guarda do portão lhe perguntou qual era o seu ofício e o que ele sabia .
- Eu sei tudo, - respondeu o filho-da-sorte.
- Então, você pode fazer-nos um favor, - disse o guarda, explicando-nos por que o poço da nossa praça do mercado, que sempre fez brotar vinho , agora está seco e não nos dá nem água.
- Isso vocês vão saber quando eu voltar. Esperem por mim.
O rapaz continuou seu caminho e chegou a outra grande cidade. Lá os guardas do portão também lhe perguntaram qual era o seu ofício e o que ele sabia.
- Eu sei tudo, - respondeu o filho-da-sorte.
- Então, você poderá fazer-nos um favor, explicando-nos por que razão uma árvore que temos nesta cidade, que sempre deu maçãs de ouro, agora não nascem nem mesmo folhas.
- Isso vocês ficarão sabendo quando eu voltar. Esperem por mim. E continuou seu caminho, até que chegou a um grande rio que precisava atravessar. O barqueiro perguntou-lhe por que ele sempre tinha que ir e vir e nunca podia se libertar do barco.
- Isso você ficará sabendo quando eu voltar. Esper por mim.
- Atravessou o rio com o barqueiro e encontrou a entrada do inferno. Lá dentro estava tudo escuro e o diabo não se encontrava em casa, mas para sua surpresa a sua avó estava sentada numa grande poltrona e lhe perguntou quando o viu.
- O que você quer? – perguntou ela mansamente e com bondade.
- Eu gostaria de ter três fios de ouro da cabeça do diabo, senão perderei minha esposa.
- Isso é querer muito, - disse ela. Quando o diabo voltar e o encontrar aqui, você vai se dar mal. Mas tenho dó de você e vou tentar ajudá-lo.
Então, ela o transformou em formiga e disse:
- Esconda-se na barra da minha saia, você ficará seguro.
- Sim, disse ele, isto já é bom, mas eu gostaria de saber três coisas também: por que o poço que dava vinho não dá mais; por que a árvore que dava maçãs de ouro também está seca e por que o barqueiro tem sempre de estar indo e vindo, sem nunca poder se libertar?
Essas são perguntas difíceis, mas fique bem quieto e preste atenção no que o diabo disser quando eu lhe arrancar os três cabelos de ouro.
Quando anoiteceu, o diabo chegou em casa e percebeu cheiro de carne humana. Espiou por todos os lados , mas nada encontrou. A avó brigou com elepor ter desarrumado toda a casa e mandou que sentasse para jantar.
Depois de comer muito e beber o diabo pediu que a avó catasse seus piolhos. Não demorou muito e ele adormeceu. A velha aproveitou e puxou um fio do cabelo e guardou no bolso do avental.
- Ai! Gritou o diabo, - o que está fazendo?
- Tive um mal sonho e me agarrei nos seus cabelos.
- O que foi que sonhou?
- Sonhei que um poço de uma cidade que dava vinho secou. Por que será?
- Ah, se eles soubessem que é um sapo que está escondido no fundo eles o matariam e voltavam a ter vinho.
A avó continuou catando os piolhos até que ele dormiu novamente e ela arrancou outro fio de cabelo e colocou no bolso do avental.
- Ui! O que está fazendo agora? Gritou ele zangado.
- Meu neto, tive outro sonho estranho.
- E o que você snhou?
- Sonhei que num certo reino, havia uma árvore que dava maçãs de ouro e agora não dá nem folhas.
- Se eles soubessem! – disse o diabo. É um rato que está roendo a raiz da árvore e se o matarem tudo voltará a ser como antes. Mas vovó se me acordar de novo dou-lhe um bofetão!
- A avó acalmou-o, catou-lhe mais piolhos e ele voltou a dormir. Aí ela arrancou o terceiro fio de cabelo e colocou no bolso. O diabo deu um pulo do seu colo berrou que ia fazer e acontecer, mas ela pediu desculpas pois tinha tido outro sonho esquisito.
- Qual foi o sonho desta vez?
- Bem, sonhei com um barqueiro que reclamava de viver indo e vindo sem poder se libertar.
- Ora, o bobalhão tem que aproveitar quando vier alguém andar no seu barco ele aproveita e dá o remo na mão da pessoa e ele ficará livre pulando na margem.
Como a avó já conseguira arrancar os três fios de cabelo e sabido as respostas às três perguntas, ela deixou-o dormir sossegado.
Pela manhã quando o diabo saiu para fazer suas maldades, a velha tirou a formiga da barra da saia e fez o rapaz voltar a sua forma humana.
- Aqui tem três fios do cabelo de ouro do diabo e as respostas você deve ter ouvido.
- Sim, respondeu o rapaz, escutei tudo e não me esquecerei.
Ele agradeceu muito a velha avó pela ajuda, e saiu do inferno, bastante contente por ter tanta sorte. Quando chegou à margem o barqueiro logo perguntou se ele tinha alguma resposta.
- leve-me primeiro para a outra margem e vou lhe dizer como você poderá se libertar.
Quando desceu do barco disse ao barqueiro como se livrar. Era só colocar o remo na mão de quem estivesse no barco.
Ele continuou seu caminho de volta e chegou na cidade da árvore e disse : Matem um rato que rói a raiz da árvore e tudo voltará a ser como antes. O guarda lhe agradeceu e deram-lhe de recompensa dois burros carregados de ouro.
Ele andou mais e chegou na cidade do poço. Disse ao guarda que matassem o sapo que havia no fundo e teriam vinho novamente.O guarda agradecido lhe deu mais dois burros carregados de ouro.
Finalmente o filho-da-sorte chegou ao palácio e pode encontrar sua mulher que o esperava e ficou muito feliz dele ter conseguido trazer os três fios de ouro do cabelo do diabo.
Ele entregou os três fios ao rei e quando o rei viu os quatro burros cheios de ouro, ficou muito contente e disse que ele podia ficar casado com sua filha. Porém, disse o rei, quero que você me diga de onde vem todo este ouro?
- Bem, disse o rapaz, atravessei o rio e peguei o ouro ali, na margem.
- Será que eu também posso ir buscar um pouco deste ouro? Perguntou o rei ambicioso.
- Quando o senhor quiser, respondeu o rapaz. Há um barqueiro que vai levá-lo para a outra margem, onde poderá encher muitos sacos de ouro.
O rei ganancioso resolveu partir sozinho e com pressa. Chegou e viu o barqueiro pedindo para atravessá-lo. O barqueiro quando chegou na outra margem pegou o remo e colocou na mão do rei e pulou rápido para a margem. E o rei, desde então, virou barqueiro indo e vindo de lá pra cá e de cá pra lá.