segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Lenda do Graal - um pequeno resumo



A Lenda, nos seus traços principais, pode ser resumida assim:
Um recipiente misterioso, que contém a vida e o alimento, é guardado por um rei, que está muito doente e vive num Castelo Imaginário e de difícil acesso.
O país onde se encontra o Castelo, está deserto e o rei será curado, se algum Cavaleiro especial achar o seu Castelo e, de acordo com o que os seus olhos perceberem, ele fizer uma pergunta, o rei ficará curado e ele se tornará rei, e guardião do Graal. Se ele não tiver curiosidade e não fizer a pergunta, tudo ficará como antes. Este Cavaleiro terá que continuar a busca do Castelo onde está o Graal, para se tornar um herói.
A principal motivação da Lenda, é, como nos Contos de Fadas, a “Busca” de alguma preciosidade a ser obtida pelo herói ou também a libertação de alguém enfeitiçado.
O Graal porém, pode ser também, a Lenda Cristã, onde ele seria o recipiente onde José de Arimatéia recolheu o sangue de Cristo ao descê-lo da cruz.
A partir do século XII e início do século XIII, surgem diferentes versões , em várias línguas, sobre a Lenda do Graal.
Na época do Renascimento, esta lenda ficou esquecida, como também os Contos, só reaparecendo na metade do século XVIII.
Nos séculos XIX e XX, os trabalhos literários sobre a Lenda do Graal já têm cunho científico, além de histórico-crítico. No século XIX, houve uma reformulação artística, surgindo o Parcifal de Wagner (uma grande obra com caráter psicológico).
Todas as correntes da Arte, Ciência, Movimentos Espiritualistas (antroposofia), ainda hoje se ocupam da Lenda do Graal.
Sabemos que o Castelo do Graal não pode ser localizado, mas até hoje, também não se pôde localizar a origem desta Lenda. São conhecidas algumas hipóteses, entre elas:
1. Ser atribuída a lendas e mitos pré-cristãos da Europa-Ocidental, especialmente os Celtas.
2. A fontes cristãs Orientais ou cultos Persas ou Pré-cristãos (inclusive o sucesso de Gêngis Khan, podem ter sido transmissores da lenda)
3. Além de uma hipótese que vislumbra a origem ao Culto Cristão, sobretudo na Missa Bizantina.
Nesta mesma época são conhecidas outras lendas, como: Lancelot; Tristão; Yvain, e outras.
É indiscutível que as raízes da Lenda do Graal estão, pelo menos em parte, no Oriente, isso revela-se nos textos.
Quanto à influência Celta, na maioria dos textos, o Castelo do Graal deve ser procurado na Bretanha, na Távola Redonda do Rei Artur e seus Cavaleiros, entre eles Percival. (em cada região ele tem um nome: Perseval ou Perletur (França); Perletur (Inglaterra); Parcifal (para Wagner)
A Lenda do Graal, faz parte dos Contos Bretões ou Romance da Távola Redonda, conjunto de histórias em torno da lendária figura do Rei Artur da Bretanha e seus Cavaleiros. (filmes: Excalibur e Lancelot )
Esses Contos serviram como uma espécie de ensinamento da maneira de Ser e Viver.
Os Contos eram levados às Cortes da França e da Inglaterra, por Contadores e Narradores. Geralmente eram Lendas vivas ou Contos de sua terra , sendo a maioria Céltica.
Os Contos Bretões, contém também, um elemento que é especialmente familiar à mulher e a ela corresponde: - O Irracional... O Mundo da Fantasia.
A predominância e uma tendência à irracionalidade, caracterizam tanto a mentalidade feminina, como a mentalidade dos Celtas, que eram puros, e isso será testemunhado nas suas lendas, contos e mitos.
Um dos traços do mundo das idéias célticas, é a crença na existência da um “País do Além”, habitado pelos imortais.
A Lenda do Graal é, em seus fundamentos, de natureza análoga, mas distingue-se de um Conto de Fadas, pelo fato de ser, pelo menos na forma tradicional que conhecemos, não anônima, porém criada por determinados poetas. Por isso, ela contém, por um lado, os traços arquetípicos da época e do seu espírito, em vista de que nos proporciona informações sobre a mentalidade específica da Idade Média.

*** Para alguns estudiosos e pesquisadores, a Lenda deve ter surgido no século VIII, mas não há provas concretas.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Mulher que veio do Ovo - Conto da Alemanha


Um jovem saiu em busca de uma esposa, pois não gostava de nenhuma das donzelas de sua aldeia. A mãe disse que ele procurasse em outro lugar, mas certamente a fome o traria de volta, ou a sede.
Enquanto o rapaz atravessava a floresta, seu estômago logo deu sinal de fome e sua garganta ficou seca. Ele viu um ninho no alto de uma árvore e subiu até lá, em busca de ovos para comer. Encontrou três ovos e, quando estava de volta ao chão, quebrou-se um dos ovos. Para sua surpresa , uma linda donzela surgiu à sua frente.
-Dê-me água, disse ela, e eu serei sua, assim como você será meu!
O rapaz não tinha água, e a moça desapareceu. Ele quebrou o segundo ovo e surgiu outra donzela ainda mais bonita que também lhe pediu água.
- Dê-me água, disse ela, e serei sua, assim como você será meu!
Antes que ele conseguisse arranjar água, ela desapareceu. Ele, mais experiente, procurou onde arranjar água antes de abrir o terceiro ovo. Encontrou um poço, encheu uma taça com água e então, quebrou o ovo que faltava. Apareceu uma donzela deslumbrante, vestida com uma túnica dourada e, no mesmo instante ele se apaixonou por ela. Ela disse:
- Dê-me água, e eu serei sua, assim como você será meu!
Ele ofereceu a taça com a água que apanhara no poço, e ela bebeu dizendo: Agora eu sou sua e você é meu!
O rapaz desejava imensamente que a donzela voltasse com ele para casa, então lhe disse: - Se você esperar por mim aqui, junto deste poço, buscarei uma carruagem para levá-la até minha casa. Ela concordou e ficou esperando perto do poço. Logo em seguida, uma bruxa, aproximou-se dela acompanhada de sua horrível filha e lhe perguntou: - Por que você está aqui tão só?
A donzela respondeu: -Estou esperando por quem será meu marido, ele foi buscar uma carruagem para me levar até sua casa.
A bruxa pensou: “Isso é o que você pensa!” Agarrou a jovem, tirou-lhe as roupas e gritou: - Será a minha filha que será a mulher que o rapaz levará para casa, e não você!
A jovem saltou para dentro do poço, empurrada pela bruxa e, tornou-se um peixe, nadando até sumir.
Pouco depois, chegou o rapaz com a carruagem. Quando viu aquela mulher horrível, recuou e perguntou: - O que aconteceu com você? Você era tão linda quando te deixei aqui!
- Infelizmente, falou ela, você me deixou exposta ao sol e eu fiquei assim, preta. Mas, se você me levar para sua casa , tomarei banho e voltarei a ser linda novamente. Ele concordou e foram para a casa dele, mas quando a mãe dele viu a mulher, exclamou: - Sua noiva é uma impostora!
A filha da bruxa, banhou-se, mas não mudou em nada. O rapaz cumpriu o que prometera e casou-se com ela, mesmo ela sendo horrível.
No dia do casamento, ela deitou-se na cama e disse: - Só uma coisa pode devolver-me a beleza, comer um peixe mágico, que vive dentro do poço, onde eu te esperei. Se eu comê-lo, volto a ser o que era.
O rapaz, no dia seguinte, mandou esvaziar o poço, e capturou o único peixe que ali existia. Trouxe-o para casa, e sua esposa comeu-o todo com imenso prazer, jogando as espinhas no quintal, porém continuou feia como antes.
No dia seguinte, um pato surgiu vindo da casa da vizinha, que era uma velha que trabalhava na casa do rapaz, e comeu todas as espinhas. Em poucos dias, o pato começou a ter penas douradas. A velha ficou muito admirada e arrancou algumas colocando-as numa vasilha.
Dias depois, a velha foi à Igreja e quando voltou, se surpreendeu porque seu jantar sumira. Alguém comera, pensou ela. Isso aconteceu durante três dias seguidos. Mas no terceiro dia, a velha voltou do meio do caminho, e espiou pelo buraco da porta e viu uma linda jovem de cabelos dourados, sair de dentro da vasilha de penas douradas e comer sua comida. A velha correu para dentro de casa e tocou na moça, o que a libertou. Daí em diante, as duas viveram juntas. Toda a manhã, a velha ia trabalhar na casa do rapaz. Certo dia, a moça perguntou à velha: - Deixe-me ir no seu lugar hoje, para trabalhar para o vizinho? A velha disse que não, porque o rapaz se a visse desejaria ficar com ela.
Bem, disse a moça, usarei roupas bem velhas e sujas, ele nem me olhará duas vezes. Assim fez, feito maltrapilha, foi para casa do rapaz.
Quando entrou, ele olhou-a rapidamente, mas olhou uma segunda vez e a reconheceu. Pediu então, às mulheres que contassem uma história para passar o tempo. Sua mãe contou uma história, após ela a feia, mas quando chegou a vez da maltrapilha, ela disse: - Não tenho história para contar, só um sonho.
Serve, disse o rapaz.
Ela começou a contar o sonho. Certa vez, sonhei com um rapaz que não gostava de nenhuma moça de sua aldeia. Ele foi embora em busca de uma esposa. No caminho, encontrou um ninho com três ovos de ave. Quando quebrou o primeiro a donzela que surgiu de dentro dele pediu água... Nisso a feia começou a andar de um lado para o outro. Voltou-se para o marido e perguntou: - Por que você não vai desconsar um pouco?
Não, disse ele, quero escutar a história dela, insistiu o rapaz, e, assim, a moça descreveu tudo que acontecera com ela, mas não sabia como o sonho acabara , porque acordara quando o rapaz fora buscar a carruagem.
Tente lembrar-se, insistiu o rapaz, mas ela só lembrava da bruxa e de sua filha horrível. Quando o rapaz ouviu isso, agarrou a sua mulher e trancou-a no quarto. Foi depois até a casa da bruxa e perguntou:- O que você acha de uma pessoa que rouba a esposa de um homem, tenta matá-la e a substitui por uma medonha?
A bruxa respondeu: - Ora, essa pessoa devia ser trancada num barril cheio de pregos e jogada do alto da maior montanha que existir e também a falsa esposa.
Foi exatamente o que o rapaz fez. Jogou mãe e filha pela montanha abaixo e casou-se com a donzela que veio do ovo e viveram felizes!!!


quinta-feira, 2 de julho de 2009

A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS







· Acrescentam novas dimensões à Imaginação e a Fantasia das crianças.

· Sua forma de estrutura sugere imagens com as quais a criança pode resolver seus problemas e dirigir sua vida no futuro.

· Ajudam a superar problemas psicológicos, como: decepções narcisísticas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, abandono, individualidade, auto-valorização, sexualidade, perdas definitivas, etc.

· São de fundamental importância para que a criança descubra seu EU Inconsciente e saiba adequá-lo às fantasias do consciente, já que o Inconsciente é um poderoso determinante no comportamento.

· Faz com que a criança descubra o seu encantamento, através do “Maravilhoso”, sem com isso racionalizar as situações encontradas na história.

· É através do início dos Contos, com “Era uma vez”..., que a criança vai entrar no mundo da “Fantasia” , pois o “Era uma vez”, não pertence ao Aqui e Agora que estão vivendo. Estes inícios são deliberados, simbolizando para a criança que elas estão saindo do mundo concreto, para o mundo Imaginário.

· O Conto é o mais Arcaico e Primitivo meio da criança descobrir os Elementos Compensatórios que faltam à consciência.


· Os Heróis nos Contos, terminam sempre com sua devolução ao mundo real, isto porque, depois da busca do Si Mesmo (a busca do herói), ele é muito mais capaz de dominar a vida e seus problemas.

*** Para Bruno Bettelheim, “Os Contos, à diferença de qualquer outra forma de Literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação e também, sugerem as exigências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter. Eles declaram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa, apesar da adversidade, mas é preciso apenas ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as quais nunca se adquire verdadeira identidade
.”