terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A Bruxa da Montanha

Era uma vez um rei que tinha dois filhos, uma princesa e um príncipe. Sua esposa, a rainha, tinha morrido e ele teve que ficar sozinho com os dois filhos.

A princesa já estava ficando mocinha e não gostava de ficar sozinha no castelo, pedia sempre ao pai que a levasse para passear. O rei não tinha muito tempo e o irmão, o príncipe, era muito novo ainda para sair com ela.

Todos os dias ela ficava na janela do castelo olhando as pessoas que passavam e, assim, se distraindo. Um dia, passou pelo palácio um rapaz muito bonito, olhou para ela e sorriu. Ela ficou toda feliz, mas não sabia quem era e seu pai era muito severo, não deixando que ela falasse com estranhos.

Os dias passavam e o rapaz continuava a sorrir para ela quando passava pela sua janela.

Um dia, ela tomou coragem e chamou o rapaz, perguntando quem ele era. Ele respondeu que morava com a mãe no alto da colina e que vinha sempre à cidade para trabalhar .

Ela ficou encantada de saber que o rapaz trabalhava e tinha uma mãe. Resolveu pedir ao rapaz que a levasse para conhecer a mãe dele na montanha.

No dia seguinte, pediu ao irmão que dissesse ao pai que ela saíra com a ama e não ia demorar. A ama não gostou da mentira, mas como gostava muito dela foi assim mesmo.

Quando chegaram ao alto da montanha encontraram a mãe do rapaz colhendo flores no jardim da casa. Ela veio ao encontro deles e ficou impressionada com a beleza da princesa. Conversaram muito e como estava tarde a ama chamou-a para irem embora.

Quando chegou, o rei já estava nervoso com a demora e perguntou onde elas estavam. A princesa que não achava certo mentir contou ao pai que fora no alto da montanha conhecer a mãe do rapaz que sorria para ela na janela.

O rei ficou muito preocupado porque lá no alto da montanha morava uma bruxa malvada que tinha transformado em sapos e corujas, vários príncipes da região e quando chegava no alto da montanha fazia eles voltarem a ser normais e os vendia para quem não tinha filhos. Perguntou para a filha como era esse rapaz e ela descreveu-o para o pai. Ele pediu que ela não fosse mais na montanha enquanto ele, não descobrisse sobre a bruxa. No dia seguinte, foi à casa do rapaz e conversou com a mãe dele que lhe disse que o rapaz não era seu filho de verdade, mas ela tinha adotado ele de uma mulher do lugar desde muito pequeno. O rei então, pediu para ver o rapaz e descobriu através de uma marca de nascença que ele era filho de um rei amigo seu. A mãe adotiva não queria acreditar, mas o rei deu-lhe um bom dinheiro e ela permitiu que o filho fosse com ele para a cidade. O rei levou o rapaz ao castelo de onde ele havia sido tirado em criança e mostrou-o aos seus verdadeiros pais que viviam muito tristes desde que o filho fora roubado pela bruxa. Foi uma grande festa o reencontro da família. O rapaz pediu ao rei se poderia casar com a princesa e ele, claro que permitiu. Houve uma grande festa no palácio. Assim, foram todos muito felizes. Mas ninguém achou a bruxa para conseguir trazer de volta os outros que foram transformados em sapos e corujas

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

As Três Fiandeiras - irmãos Grimm



Era uma vez uma moça preguiçosa, que não queria fiar. A mãe podia falar o que quisesse, que não conseguia convencê-la a trabalhar.Finalmente a mãe ficou zangada e impaciente, a ponto de dar-lhe umas pancadas, e a moça começou a chorar em voz alta. Naquele momento , a rainha ia passando por ali, na sua carruagem, e quando ouviu o choro, mandou parar, entrou na casa e perguntou à mãe por que ela batia tanto na filha, que se ouviam os gritos lá da rua. Então a mulher ficou com vergonha de confessar a preguiça da filha e disse:

- Eu não consigo fazê-la parar de fiar, ela quer fiar o tempo todo, e eu sou pobre e não posso arranjar tanto linho.

Então a rainha respondeu:

- Não há nada de que eu goste mais do que ouvir fiar, ela quer fiar , e nada me dá mais prazer que o ronronar das rodas da roca. Deixe-me levar a sua filha comigo para o castelo , eu tenho linho à vontade e ela poderá fiar quanto quiser.

A mãe concordou de todo o coração , e a rainha levou a moça consigo.

Quando chegaram ao castelo, ela levou a moça para três quartos que estavam cheios do mais belo linho, de alto a baixo.

Agora fia-me este linho, disse ela, - e quando terminares, terás o meu filho mais velho por esposo. Mesmo que sejas pobre, eu não me importo: a tua valente diligência é dote suficiente.

A moça assustou-se por dentro, pois não poderia fiar aquele linho, ainda que vivesse até trezentos anos e ficasse todos os dias fiando desde a manhã até a noite. E quando ficou sozinha, ela começou a chorar e ficou assim três dias, sem mover um dedo.

No terceiro dia, chegou a rainha, e quando viu que nada tinha sido fiado, admirou-se muito. Mas a moça desculpou-se, dizendo que não conseguira começar a trabalhar, por causa da grande tristeza que a separação da mãe lhe causara. A rainha aceitou a desculpa, mas disse ao sair:

- Amanhã tens que começar a trabalhar!

Quando a moça tornou a ficar sozinha, não sabia o que fazer e, na sua afliçao, foi para a janela. Aí ela viu três mulheres chegando. Uma tinha um pé largo e chato, a segunda tinha um beiço tão grande que lhe caía por cima do queixo, e a terceira tinha um polegar muito largo. Elas pararam embaixo da janela, olharam para cima e perguntaram à moça o que ela tinha. Ela queixou-se da sua infelicidade. Então elas lhe ofereceram a sua ajuda e disseram:

- Se nos convidares para o teu casamento, nos chamar de primas, sem ter vergonha de nós, e nos puseres à tua própria mesa, nós te fiaremos todo o linho, e num tempo bem curto.

- De todo o coração, - respondeu a moça, - entrem e comecem a trabalhar logo!

E ela deixou entrar as três estranhas, arranjou-lhes lugar para se sentarem e elas começaram a fiar. A primeira puxava o fio e pisava o pedal da roca, a outra molhava o fio, e a terceira torcia-o e batia com o dedo na mesa, e cada vez que ela batia, caía ao chão uma meada de linha da mais fina fiação.

A moça escondeu as três fiandeiras da rainha, e sempre que ela vinha, mostrava-lhe a grande quantidade de linha fiada, e colhia muitos elogios.

Quando o primeiro quarto foi esvaziado, começou o trabalho no segundo, e logo mais no terceiro, até que este também ficou arrumado. Então as três mulheres despediram-se da moça e disseram:

- Não te esqueças do que nos prometeste , isso será a tua felicidade!

Quando a moça mostrou à rainha os três quartos vazios e o grande monte de linha, a rainha preparou tudo para o casamento, e o noivo ficou muito contente, porque ganhava uma esposa tão jeitosa e diligente, e cobriu-a de elogios.

- Eu tenho três primas, - disse a moça, - e como elas me fizeram muita coisa boa, não quero esquecê-las na minha felicidade, permita-me pois, que eu as convide para o casamento e as faça sentarem à minha mesa.

A rainha e o noivo disseram: - Por que não permitiríamos isso?

Quando a festa começou, entraram as três mulheres em trajes estranhos , e a noiva disse: - sejam bem-vindas, queridas primas !

- Ah, disse o noivo, - onde arranjaste essas parentes tão feias?

E ele foi até aquela do pé largo e chato e perguntou:

- Do que lhe vem este pé tão largo?

- De pisar o pedal, - respondeu ela, - de tanto pisar!

O noivo dirigiu-se à segunda e perguntou: - Do que lhe vem esse beiço caído?

- De lamber, - respondeu ela, - de tanto lamber!

Para a terceira ele perguntou:

_ E de onde vem este polegar achatado?

- De torcer o fio, - respondeu ela, - de tanto torcer!

Então o príncipe ficou assustado e disse: - de agora em diante minha bela noiva nunca maios tocará uma roca de fiar!

E com isso a jovem ficou livre da odiosa fiação de linho!!!!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Hans Christian Andersen


Foi um dos grandes magos da literatura infantil.
Era dinamarquês e escreveu seus livros na sua língua de origem, ou seja, o dinamarquês (1835 -1877) Tornou-se um dos autores mais lidos do mundo.
Andersen, nasceu em Odense, em 1805, filho de um sapateiro pobre e doente.
Desde cedo se manifestou nele o gosto pelas coisas do teatro: com suas próprias mãos fez muito teatrinho infantil, com seus fantoches e figurinhas, cujo figurino era ele mesmo quem costurava e criava.
Como o vissem costurando as roupas das suas personagens do teatro, seus pais concluíram que o seu destino seria ser alfaiate, idéia que nunca lhe passara pela cabeça.
Nesta época ele tinha 11 anos, e acabara de perder seu pai, mas já escolhera o caminho que queria: seria cantor de ópera. Para isso lhe faltava, porém, um pequeno requisito... a boa voz.
Ele deixa a casa dos pais e vai tentar a sorte em Copenhague, mas todos o recebem como um lunático. Porém, ele é teimoso. Consegue fazer amizade com alguns músicos e um poeta, mas nada conseguiu. Matriculou-se então, na escola de dança do Teatro Real, cujo diretor seria seu amigo e protetor a vida inteira. Por conta desses amigos, o Rei Frederico VI, interessou-se pelo irriquieto rapaz e o fez matricular-se na escola de Slagelse, onde ficou por 5 anos. Sua vocação para as letras já estava definida, porque antes de ir para a escola ele publicou seu primeiro livro “O Fantasma no Túmulo de Palnatke” (1822).
Em 1829, tendo deixado a escola, publica outro livro, que alcança grande êxito.: “Viagem a Pé do Canal de Holman ao Leste de Almager”. Ao mesmo tempo, lança mais trabalhos; uma farsa e um livro de poesias.
Em 1833 faz sua primeira viagem pela Europa e em 1835 publica uma novela que lhe consolida a popularidade: “Os Improvisadores”, que completa nos anos de 1836 e 1837, formando o primeiro volume. Mas o valor desses contos não foi logo percebido. As vendas não o entusiasmaram, ele estava convencido de que o seu forte era o teatro, a novela e a poesia.
Escrevia Contos Infantis, como derivativo, como quem exercita um gênero marginal. Em 1837 produziu seu melhor romance na opinião dos críticos: “Um Violino Apenas”.
O teatro o tentava e sua peças garantiam-lhe sucesso, renome e dinheiro. Mas enquanto se dispersava , escrevendo romances, teatro, poesia, narrativas de viagens... seus Contos Infantis vão espalhando seu nome por toda a Europa, tornando-o um dos homens mais famosos da época. Em 1838 publica uma segunda coletânea, e a terceira em 1845. Surgem mais volumes em 1847 e 1848.
Fez-se então um longo silêncio na carreira literária de Andersen, só rompido em 1857 com um novo romance: “Ser ou Não Ser”.
Uma nova excursão, em 1863, lhe dá material para um de seus melhores livros de viagem: “Na Espanha”.
Continua escrevendo e publicando seus Contos Infantis, até1872, pelo Natal, quando aparece a última coletânea.
Nesse ano, sofre um acidente, cai da cama , e daí não consegue refazer-se completamente do choque, vindo a falecer em 1875.
Mas, de lá para cá, sua glória tem crescido sempre. Seus livros Infantis, fábulas e outros contos, foram traduzidos em todas as línguas vivas.
Andersen usou em todos os seus livros e narrativas, o rico folclore de sua terra, a Dinamarca dando-lhe uma beleza literária incomparável.
Seus contos infantis mais conhecidos:
O Patinho Feio
O Soldadinho de Chumbo
A Pequena Sereia ou A Sereiazinha
A Vendedora de Fósforos
A Roupa Nova do Imperador
A Pastora e o Limpador de Chaminés
Nicolau Grande e Nicolau Pequeno

Esses são alguns dos seus mais belos contos, mas há muitos mais em suas coleções. Vale conferir e conhecer histórias bem
diferentes e sofridas.

domingo, 6 de setembro de 2009

Duas fábulas interessantes

Sempre gostei muito das Fábulas, principalmente as de Esopo onde os bichos dizem tudo que os humanos não diriam!!!! Coloquei estas duas para que possamos recordar, mas não gosto de usar, principalmente com as crianças, "moral", porque cada um vai ter sua interpretação e fica muito mais interessante. Espero que gostem.





O SAPO E O BOI

Um dia o boi estava dando seu passeio da tarde, quando um pobre sapo todo mal vestido olhou para ele e ficou maravilhado.
Cheio de inveja daquele boi que parecia o dono do mundo, o sapo chamou os amigos.
- Olhem só o tamanho do sujeito! Até que ele é elegante, mas grande coisa, se eu quisesse também era.
Dizendo isso o sapo começou a estufar a barriga e em pouco tempo estava com o dobro do tamanho normal.
- Já estou grande que nem ele? – perguntou aos amigos sapos.
- Não, ainda está longe ! – responderam os amigos.
O sapo se estufou mais um pouco e repetiu a pergunta.
- Não – disseram de novo os outros sapos, e é melhor você parar com isso senão vai acabar se machucando.
Mas era tanta a vontade do sapo de imitar o boi que ele continuou se estufando, estufando estufando – até estourar.


Moral: Seja sempre você mesmo.


O LEÃO E O RATINHO

Um leão cansado de tanto caçar, dormia espichado debaixo da sombra boa de uma árvore.
Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou. Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu debaixo da pata.
Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.
Algum tempo depois o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguindo se soltar, fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso apareceu o ratinho que ele salvara, e com seus dentes afiados roeu as cordas e soltou o leão.


Moral: Uma boa ação sempre ganha outra.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Cavaleiro Desmantelado (um conto popular)


Era uma vez, dois pequenos reinos separados por uma floresta e uma feroz inimizade.
Um ao norte e outro ao sul do Grande Bosque Sombrio, brigavam pelas riquezas que imaginavam ali existirem, como: ouro, prata e pedras preciosas.
Há cinco gerações se detestavam, desde quando o segundo rei de Cropas, do reino do norte, declarara para quem quisesse ouvir que a floresta e suas maravilhas lhe pertenciam por direito de sua vontade.
O soberano do sul, rei de Praus, dissera aos seus súditos que, também por vontade , eram seus aqueles tesouros e, por causa de opiniões tão diferentes, em quase duzentos anos, não houve sossego nas duas terras.
Um dia, não se sabe como, espalhou-se nos reinos a notícia alarmante de que a guerra era eminente. O rei de Praus alisou seus bigodes retorcidos e mandou que suas tropas se preparassem. O rei de Cropas acariciou sua barbicha e deu uma ordem igual. Assim, ficou tudo pronto para a mudança. Entretanto, para sorte dos soldados que iriam tombar na luta , havia no reino de Cropas um sábio que teve uma visão e contou-a ao rei.
- Vi apenas dois homens se enfrentando no campo de batalha: um lutando por Cropas e o outro por Praus.
O rei de Cropas, louro de barbicha pensou e pensou nas palavras do sábio. Teve uma idéia: seu primo Rodolfo Coração de Bode, era um valente cavaleiro e, provavelmente, não havia em Praus alguém que se lhe comparasse. Era melhor arriscar o parente do que seus minguados batalhões. Mandou, então, três embaixadores ao outro lado proporem um duelo e deixarem escapar nas negociações que Rodolfo Coração de Bode tinha o peito e os braços fracos, estando já mais para lá do que para cá.
O rei de Praus ouviu a proposta com agrado, pois o exército do reino andava mal das pernas e de armas. Combater um cavaleiro moribundo era muito conveniente. Aceitou na hora. O confronto seria daqui a sete dias.
O rei de Cropas tinha Rodolfo, mas quem lutaria por Praus?
De pura sorte, ou talvez, por artes das fadas ou bruxas, apareceu no castelo de Praus, seis manhãs após a visita dos embaixadores, um cavaleiro andante embrulhado numa antiga armadura, completamente escondido dentro da lataria mal conservada. Vinha num cavalo de passo cansado. Desmontou com dificuldade e se apresentou:
- Sou o cavaleiro Desmantelado e peço pousada.
O rei de Praus não titubeou e deu a pousada, mas foi consultar o seu sábio.
- O que quer dizer Desmantelado?
O sábio examinou seus livros e disse:
- Quer dizer desconjuntado.
- Ah! Fez o rei. Ele me pareceu uma estranha figura. Um tanto amassado, mas nos servirá, já que o adversário não é bom de braços. Vou convidá-lo para a disputa , agora mesmo.
O rei encontrou o desconhecido tentando tirar seu elmo emperrado. Aceitou na hora o pedido do rei, mas fez um pedido também.
- Queria um pouco de cola e corda para remendar a sua armadura..
Naquela noite,os reinos de Praus e Cropas dormiram agitados pensando na disputa do dia seguinte.
Bem cedo , os reis buscaram bons lugares para apreciar a disputa. Na hora combinada, um clarim indicou que os dois competidores tomassem as posições.
Surgiu Rodolfo com um penacho vermelho, cor de Cropas, altivo e aprumado. O cavaleiro Desmantelado apareceu com sua armadura rangendo de tanta ferrugeme seu elmo emperrado.
Começa a luta e desmantelado balança perigosamente. Os dois se enfrentam e para surpresa geral, caem os dois. Esparramam-se no chão. Não conseguem levantar-se. De repente, Desmantelado grita implorando por água. Dêem-me água pois há dezoito horas não como nem bebo por causa do elmo emperrado.Rodolfo conhece a voz fanhosa do rapaz e descobre que é Privaldo, um jovem de Praus , que partira há muitos anos para correr mundo, era seu melhor amigo. Foram eles os únicos habitantes dos dois reinos que se encontraram durante os duzentos anos de ódios. Ele vai até o amigo destranca-lhe o elmo com um pedaço de sua lança e manda seu escudeiro dar água ao amigo. Desmantelado reconhece Rodolfo e se emociona. Eles tiram as armaduras e se abraçam e a multidão fica boquiaberta, porque eles revelam a verdade do Bosque Sombrio: nada de ouro, de prata , de pedras preciosas... apenas um pomar de maçãs.
Chamam o povo para colher maçãs e todos os seguem felizes.
Os reis percebem que não adiantava mais guerrear já que a única coisa que restava era também comerem maçãs.
Assim, acabou a briga entre os dois reinos e viveram felizes ...com sua maçãs!!!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Lenda do Graal - um pequeno resumo



A Lenda, nos seus traços principais, pode ser resumida assim:
Um recipiente misterioso, que contém a vida e o alimento, é guardado por um rei, que está muito doente e vive num Castelo Imaginário e de difícil acesso.
O país onde se encontra o Castelo, está deserto e o rei será curado, se algum Cavaleiro especial achar o seu Castelo e, de acordo com o que os seus olhos perceberem, ele fizer uma pergunta, o rei ficará curado e ele se tornará rei, e guardião do Graal. Se ele não tiver curiosidade e não fizer a pergunta, tudo ficará como antes. Este Cavaleiro terá que continuar a busca do Castelo onde está o Graal, para se tornar um herói.
A principal motivação da Lenda, é, como nos Contos de Fadas, a “Busca” de alguma preciosidade a ser obtida pelo herói ou também a libertação de alguém enfeitiçado.
O Graal porém, pode ser também, a Lenda Cristã, onde ele seria o recipiente onde José de Arimatéia recolheu o sangue de Cristo ao descê-lo da cruz.
A partir do século XII e início do século XIII, surgem diferentes versões , em várias línguas, sobre a Lenda do Graal.
Na época do Renascimento, esta lenda ficou esquecida, como também os Contos, só reaparecendo na metade do século XVIII.
Nos séculos XIX e XX, os trabalhos literários sobre a Lenda do Graal já têm cunho científico, além de histórico-crítico. No século XIX, houve uma reformulação artística, surgindo o Parcifal de Wagner (uma grande obra com caráter psicológico).
Todas as correntes da Arte, Ciência, Movimentos Espiritualistas (antroposofia), ainda hoje se ocupam da Lenda do Graal.
Sabemos que o Castelo do Graal não pode ser localizado, mas até hoje, também não se pôde localizar a origem desta Lenda. São conhecidas algumas hipóteses, entre elas:
1. Ser atribuída a lendas e mitos pré-cristãos da Europa-Ocidental, especialmente os Celtas.
2. A fontes cristãs Orientais ou cultos Persas ou Pré-cristãos (inclusive o sucesso de Gêngis Khan, podem ter sido transmissores da lenda)
3. Além de uma hipótese que vislumbra a origem ao Culto Cristão, sobretudo na Missa Bizantina.
Nesta mesma época são conhecidas outras lendas, como: Lancelot; Tristão; Yvain, e outras.
É indiscutível que as raízes da Lenda do Graal estão, pelo menos em parte, no Oriente, isso revela-se nos textos.
Quanto à influência Celta, na maioria dos textos, o Castelo do Graal deve ser procurado na Bretanha, na Távola Redonda do Rei Artur e seus Cavaleiros, entre eles Percival. (em cada região ele tem um nome: Perseval ou Perletur (França); Perletur (Inglaterra); Parcifal (para Wagner)
A Lenda do Graal, faz parte dos Contos Bretões ou Romance da Távola Redonda, conjunto de histórias em torno da lendária figura do Rei Artur da Bretanha e seus Cavaleiros. (filmes: Excalibur e Lancelot )
Esses Contos serviram como uma espécie de ensinamento da maneira de Ser e Viver.
Os Contos eram levados às Cortes da França e da Inglaterra, por Contadores e Narradores. Geralmente eram Lendas vivas ou Contos de sua terra , sendo a maioria Céltica.
Os Contos Bretões, contém também, um elemento que é especialmente familiar à mulher e a ela corresponde: - O Irracional... O Mundo da Fantasia.
A predominância e uma tendência à irracionalidade, caracterizam tanto a mentalidade feminina, como a mentalidade dos Celtas, que eram puros, e isso será testemunhado nas suas lendas, contos e mitos.
Um dos traços do mundo das idéias célticas, é a crença na existência da um “País do Além”, habitado pelos imortais.
A Lenda do Graal é, em seus fundamentos, de natureza análoga, mas distingue-se de um Conto de Fadas, pelo fato de ser, pelo menos na forma tradicional que conhecemos, não anônima, porém criada por determinados poetas. Por isso, ela contém, por um lado, os traços arquetípicos da época e do seu espírito, em vista de que nos proporciona informações sobre a mentalidade específica da Idade Média.

*** Para alguns estudiosos e pesquisadores, a Lenda deve ter surgido no século VIII, mas não há provas concretas.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Mulher que veio do Ovo - Conto da Alemanha


Um jovem saiu em busca de uma esposa, pois não gostava de nenhuma das donzelas de sua aldeia. A mãe disse que ele procurasse em outro lugar, mas certamente a fome o traria de volta, ou a sede.
Enquanto o rapaz atravessava a floresta, seu estômago logo deu sinal de fome e sua garganta ficou seca. Ele viu um ninho no alto de uma árvore e subiu até lá, em busca de ovos para comer. Encontrou três ovos e, quando estava de volta ao chão, quebrou-se um dos ovos. Para sua surpresa , uma linda donzela surgiu à sua frente.
-Dê-me água, disse ela, e eu serei sua, assim como você será meu!
O rapaz não tinha água, e a moça desapareceu. Ele quebrou o segundo ovo e surgiu outra donzela ainda mais bonita que também lhe pediu água.
- Dê-me água, disse ela, e serei sua, assim como você será meu!
Antes que ele conseguisse arranjar água, ela desapareceu. Ele, mais experiente, procurou onde arranjar água antes de abrir o terceiro ovo. Encontrou um poço, encheu uma taça com água e então, quebrou o ovo que faltava. Apareceu uma donzela deslumbrante, vestida com uma túnica dourada e, no mesmo instante ele se apaixonou por ela. Ela disse:
- Dê-me água, e eu serei sua, assim como você será meu!
Ele ofereceu a taça com a água que apanhara no poço, e ela bebeu dizendo: Agora eu sou sua e você é meu!
O rapaz desejava imensamente que a donzela voltasse com ele para casa, então lhe disse: - Se você esperar por mim aqui, junto deste poço, buscarei uma carruagem para levá-la até minha casa. Ela concordou e ficou esperando perto do poço. Logo em seguida, uma bruxa, aproximou-se dela acompanhada de sua horrível filha e lhe perguntou: - Por que você está aqui tão só?
A donzela respondeu: -Estou esperando por quem será meu marido, ele foi buscar uma carruagem para me levar até sua casa.
A bruxa pensou: “Isso é o que você pensa!” Agarrou a jovem, tirou-lhe as roupas e gritou: - Será a minha filha que será a mulher que o rapaz levará para casa, e não você!
A jovem saltou para dentro do poço, empurrada pela bruxa e, tornou-se um peixe, nadando até sumir.
Pouco depois, chegou o rapaz com a carruagem. Quando viu aquela mulher horrível, recuou e perguntou: - O que aconteceu com você? Você era tão linda quando te deixei aqui!
- Infelizmente, falou ela, você me deixou exposta ao sol e eu fiquei assim, preta. Mas, se você me levar para sua casa , tomarei banho e voltarei a ser linda novamente. Ele concordou e foram para a casa dele, mas quando a mãe dele viu a mulher, exclamou: - Sua noiva é uma impostora!
A filha da bruxa, banhou-se, mas não mudou em nada. O rapaz cumpriu o que prometera e casou-se com ela, mesmo ela sendo horrível.
No dia do casamento, ela deitou-se na cama e disse: - Só uma coisa pode devolver-me a beleza, comer um peixe mágico, que vive dentro do poço, onde eu te esperei. Se eu comê-lo, volto a ser o que era.
O rapaz, no dia seguinte, mandou esvaziar o poço, e capturou o único peixe que ali existia. Trouxe-o para casa, e sua esposa comeu-o todo com imenso prazer, jogando as espinhas no quintal, porém continuou feia como antes.
No dia seguinte, um pato surgiu vindo da casa da vizinha, que era uma velha que trabalhava na casa do rapaz, e comeu todas as espinhas. Em poucos dias, o pato começou a ter penas douradas. A velha ficou muito admirada e arrancou algumas colocando-as numa vasilha.
Dias depois, a velha foi à Igreja e quando voltou, se surpreendeu porque seu jantar sumira. Alguém comera, pensou ela. Isso aconteceu durante três dias seguidos. Mas no terceiro dia, a velha voltou do meio do caminho, e espiou pelo buraco da porta e viu uma linda jovem de cabelos dourados, sair de dentro da vasilha de penas douradas e comer sua comida. A velha correu para dentro de casa e tocou na moça, o que a libertou. Daí em diante, as duas viveram juntas. Toda a manhã, a velha ia trabalhar na casa do rapaz. Certo dia, a moça perguntou à velha: - Deixe-me ir no seu lugar hoje, para trabalhar para o vizinho? A velha disse que não, porque o rapaz se a visse desejaria ficar com ela.
Bem, disse a moça, usarei roupas bem velhas e sujas, ele nem me olhará duas vezes. Assim fez, feito maltrapilha, foi para casa do rapaz.
Quando entrou, ele olhou-a rapidamente, mas olhou uma segunda vez e a reconheceu. Pediu então, às mulheres que contassem uma história para passar o tempo. Sua mãe contou uma história, após ela a feia, mas quando chegou a vez da maltrapilha, ela disse: - Não tenho história para contar, só um sonho.
Serve, disse o rapaz.
Ela começou a contar o sonho. Certa vez, sonhei com um rapaz que não gostava de nenhuma moça de sua aldeia. Ele foi embora em busca de uma esposa. No caminho, encontrou um ninho com três ovos de ave. Quando quebrou o primeiro a donzela que surgiu de dentro dele pediu água... Nisso a feia começou a andar de um lado para o outro. Voltou-se para o marido e perguntou: - Por que você não vai desconsar um pouco?
Não, disse ele, quero escutar a história dela, insistiu o rapaz, e, assim, a moça descreveu tudo que acontecera com ela, mas não sabia como o sonho acabara , porque acordara quando o rapaz fora buscar a carruagem.
Tente lembrar-se, insistiu o rapaz, mas ela só lembrava da bruxa e de sua filha horrível. Quando o rapaz ouviu isso, agarrou a sua mulher e trancou-a no quarto. Foi depois até a casa da bruxa e perguntou:- O que você acha de uma pessoa que rouba a esposa de um homem, tenta matá-la e a substitui por uma medonha?
A bruxa respondeu: - Ora, essa pessoa devia ser trancada num barril cheio de pregos e jogada do alto da maior montanha que existir e também a falsa esposa.
Foi exatamente o que o rapaz fez. Jogou mãe e filha pela montanha abaixo e casou-se com a donzela que veio do ovo e viveram felizes!!!


quinta-feira, 2 de julho de 2009

A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS







· Acrescentam novas dimensões à Imaginação e a Fantasia das crianças.

· Sua forma de estrutura sugere imagens com as quais a criança pode resolver seus problemas e dirigir sua vida no futuro.

· Ajudam a superar problemas psicológicos, como: decepções narcisísticas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, abandono, individualidade, auto-valorização, sexualidade, perdas definitivas, etc.

· São de fundamental importância para que a criança descubra seu EU Inconsciente e saiba adequá-lo às fantasias do consciente, já que o Inconsciente é um poderoso determinante no comportamento.

· Faz com que a criança descubra o seu encantamento, através do “Maravilhoso”, sem com isso racionalizar as situações encontradas na história.

· É através do início dos Contos, com “Era uma vez”..., que a criança vai entrar no mundo da “Fantasia” , pois o “Era uma vez”, não pertence ao Aqui e Agora que estão vivendo. Estes inícios são deliberados, simbolizando para a criança que elas estão saindo do mundo concreto, para o mundo Imaginário.

· O Conto é o mais Arcaico e Primitivo meio da criança descobrir os Elementos Compensatórios que faltam à consciência.


· Os Heróis nos Contos, terminam sempre com sua devolução ao mundo real, isto porque, depois da busca do Si Mesmo (a busca do herói), ele é muito mais capaz de dominar a vida e seus problemas.

*** Para Bruno Bettelheim, “Os Contos, à diferença de qualquer outra forma de Literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação e também, sugerem as exigências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter. Eles declaram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa, apesar da adversidade, mas é preciso apenas ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as quais nunca se adquire verdadeira identidade
.”

sábado, 27 de junho de 2009

As Moedas Estrelas


Era uma vez uma menininha que não tinha pai nem mãe, porque eles haviam morrido. Ela era tão pobre que não tinha mais um quartinho para morar e nem caminha para dormir , e não tinha mais nada a não ser a roupa do corpo e um pedacinho de pão na mão, que alguém compadecido lhe dera. Mas a menininha era boa e devota , e por estar assim abandonada, ela saiu andando pelo campo, confiante no bom Deus.
Então ela encontrou-se com um mendigo, que disse:
- Ai, dê-me alguma coisa para comer, estou com tanta fome!
A menina entregou-lhe seu pedaço de pão inteiro e disse:
- Que Deus o abençoe para você! – e continuou o seu caminho.
Aí veio ao seu encontro uma criança, que lhe disse chorosa:
- Estou com tanto frio na cabeça , dê-me alguma coisa para cobrir?
Então a menina tirou seu gorrinho e deu para a criança.
E depois de andar mais um pouco, encontrou com outra criança, que não tinha agasalho e ela deu-lhe o seu. Logo depois outra criança não tinha saia e ela deu a sua .
Finalmente, ela chegou ao bosque , e já estava escuro. Apareceu então uma criança, que pedia uma camisa e a boa menininha pensou: “Já é noite escura, ninguém vai me ver, posso dar-lhe a minha camisa”, e ela tirou sua última vestimenta e entregou para a criança.
Quando ela ficou parada , assim sem roupa alguma, de repente, começaram a cair estrelas do céu e eram todas elas brilhantes moedas de ouro. E, embora ela tenha dado sua última roupa para a criança, ela estava novamente vestida com uma roupa de linho fino.
Ela então, recolheu as moedas e ficou assim rica por toda a vida , mas sempre ajudando aos que precisavam
.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Princesa Marya e Blênio (resgate de um príncipe) Conto da Sibéria


Este conto é muito importante para que possamos aprender a só ter aquilo que merecemos na hora certa. Nunca devemos querer mais do que a vida ou a "mágica" pode nos dar. É muito lindo um amor desses. Há porém, uma semelhança com o conto "Eros e Psiquê" onde ela também tem que resgatá-lo por ter sido precipitada.


Certa vez, numa terra muito distante, vivia uma princesa tão bela que muitos príncipes vieram pedir sua mão em casamento. Mas seu pai, o czar, recusou-os todos, achando que nenhum era bom o bastante para ela. Um dia, um velho pergunto ao czar, se seu filho poderia casar-se com a princesa.
- Quem é seu filho?, perguntou o czar.
- Majestade, respondeu o velho, “meu filho é um blênio”.
Mas esse é um peixe que vive no fundo do rio!, o czar exclamou. O que você está dizendo é ridículo!
Sim, de fato, persistiu o velho. Durante muitos anos minha mulher e eu sofremos porque não tínhamos filhos. Então, certo dia, enquanto eu pescava, encontrei Blênio na ribanceira do rio. O peixe pediu-me que lhe poupasse a vida e prometeu que seria um filho para mim e minha esposa, e então o levei para casa. Agora, como ele cresceu, pediu-me que lhe arranjasse o casamneto com sua filha.
Por que eu deixaria que a princesa se casasse com ele?, perguntou o czar.
Naquele momento, detrás de uma cortina, a filha se manifestou.
- Pai, por que você não dá uma tarefa ao Blênio? Se ele obtiver êxito, casar-me-ei com ele, mas se ele fracassar, será morto. É assim que os russos fazem, disse ela.
O czar pensou por um instante. Bom, meu velho, o seu filho pode se casar com minha filha se ele construir um novo palácio para ela, melhor que o meu. E deve fazer isso atá amanhã de manhã, do contrário cortar-lhe-ei a cabeça e a sua também, para que sirva de lição!
O velho quase morreu de terror, mas ao voltar para casa e contar ao filho qual era a exigência do czar, Blênio disse: Não tema pai. Vá dormir, e “amanhã veremos o que tivermos de ver”.. Naquela noite, Blênio deslizou até a porta da casa, saltou o muro, e transformou-se num lindo rapaz. Ergueu um bastão de ferro e fincou sua ponta no chão. Instantaneamente, surgiram trinta homens armados que lhe perguntaram: Qual é o seu desejo?
Construam-me um palácio vizinho ao do czar, ainda mais belo que o dele.
Os homens responderam que fariam o serviço e ele voltou para casa como peixe. Na manhã seguinte, ele acordou o pai e disse: Pegue um machado, vá ao palácio do czar, depois volte e diga-me o que viu.
O velho fez o que o filho pediu e não conseguiu acreditar no que seus olhos viam. O palácio era mais lindo do que o do czar e o velho pegou o machado e atingiu suas paredes, mas nem uma só lasca saiu das paredes. Voltou para casa e disse o que vira ao filho.
Agora, disse o filho,vá até o czar e peça a mão de sua filha, novamente.
Nesse ínterim, o czar tinha visto o novo palácio e ficou intrigado. Pensou: - “O filho deste velho não é um homem comum!” Entretanto, odiava a idéia de sua filha casar-se com um peixe. Quando o velho chegou, o czar disse: - Tenho outra tarefa para seu filho. Ele deve construir uma igreja , tão linda como a catedral. E tem que construir três pontes : uma que vá da velha catedral até a nova, outra da nova igreja até o palácio e a terceira da minha casa até o palácio dele. Se ele não construir até amanhã vocês morrerão.
O velho tremeu e pensou: - Eu devia ter matado Blênio no rio! Mas quando contou ao filho a nova tarefa ele sorriu e disse: - Não tema pai. Vá dormir e “amanhã veremos o que tivermos de ver.”
Naquela noite, depois do velho ir dormir, ele novamente saiu de casa e virou um rapaz e quando seus homens apareceram ele mandou que construissem a catedral e as três pontes. Ele voltou para casa e foi dormir.
No dia seguinte ele acordou o pai e disse novamente para ele pegar o machado e ir até o palácio do czar. O velho foi, e quando chegou perto viu a linda catedral que fora erguida e as três pontes. O velho tentou atingir a Igreja com o machado, mas nem uma só lasca saiu. Voltou para casa contando tudo para o filho.
Meu pai, vá até o palácio e veja o que o czar dirá desta vez. Quando chegou, o velho viu o czar admirando assombrado a catedral e as três pontes. Mas ele disse ao velho que tinha uma última tarefa para seu filho. Diga a ele que quero que me traga um trenó e três cavalos melhores do que todos os que possuo.Se ele conseguir casar-se-a com a princesa, mas se fracassar terão as cabeças cortadas. Mas quando o velho voltou para casa e contou ao filho este sorriu e mandou o pai dormir. “Amanhã veremos o que tivermos de ver.”
Mais tarde, saiu de casa e ordenou aos seus homens que achassem um trenó com três cavalos mais maravilhosos do que os do czar.
No dia seguinte, ele novamente acordou o pai e mandou que ele fosse até o palácio e depois voltasse para contar o que vira.O velho quando chegou perto, viu assombrado o trenó com os três lindos cavalos. Ele voltou para casa e contou ao filho, que mandou que ele voltasse e pedisse a mão da princesa. O czar que já tinha visto o trenó, declarou que como seu filho cumpriu as tarefas, eu manterei minha promessa. Traga-o até aqui e a princesa se casará com ele, hoje mesmo, não importando o que o povo diga.
O velho correu para casa e contou as novidades ao filho, e este lhe disse: - Coloque-me num saco e leve-me até o palácio para a festa de casamento. Todos riam porque a princesa ia se casar com um peixe. O velho chegou ao palácio e colocou Blênio numa banqueta, aí começou a comemoração das bodas. Por fim, foram todos para a Igreja onde os dois se casaram. Depois das festas o casal recolheu-se à sua nova casa.
Eles viveram juntos por três anos, mas toda noite Blênio transformava-se num rapaz. A cada manhã ele voltava a ser peixe, só a princesa sabia da verdade.
Certa manhã a princesa acordou mais cedo e sentiu-se sozinha e triste, pois todos riam dela por ter se casado com um peixe. Ela teve uma idéia. Resolveu queimar a pele de peixe do marido antes que ele acordasse, assim ele ficaria homem para sempre. Ela queimou o traje e quando entrou no quarto, seu marido havia sumido. Naquele mesmo instante, um pequeno pássaro entrou voando pela janela.
Que pena, princesa Marya, disse a ave. Se você tivesse esperado mais três dias, seu marido teria ficado livre de um feitiço. Teria ficado humano para sempre, mas agora você o perdeu. Falou e saiu voando pela janela.
Ela ficou desesperada pensando porque tinha feito aquilo. Durante uma semana ela sofreu, mas depois levantou-se e jurou que iria em busca do marido e o salvaria. Naquele mesmo dia saiu do palácio, partindo sem saber para onde. Sua única pista era a avezinha. Quando chegou nos limites da cidade ela encontrou uma velha debruçada numa janela de uma pequena cabana.
- Por que esse ar tão triste, princesa Marya?, perguntou a velha.
- Estou procurando por meu marido. Queimei a pele dele e o perdi para um feitiço.
Você jamais irá encontrá-lo viajando do modo como está. Volte para casa e peça ao ferreiro que lhe prepare três pares de botas de ferro, três chapéus de ferro e três pães de ferro. Então volte aqui e eu lhe direi onde ir em busca do seu marido.
A princesa agradeceu pelos conselhos da velha e voltou para casa. Pediu aos ferreiros que fizessem tudo que a velha mandara. Depois ela foi encontrar-se com a velha. Hoje está muito tarde para você seguir viagem, disse a velha. Jante comigo e descanse. Amanhã poderá partir. No dia seguinte, ao amanhecer, a velha ofereceu-lhe alguns conselhos.
Depois de sair daqui, procure um grande buraco na terra , disse a velha. Quando chegar ao abismo, coloque um dos pares de botas, um dos chapéus e coma um pão. Então desça. Você encontrará lá muitas pessoas gritando, cantando e chorando, e elas lhe pedirão que fique com elas, entretanto você deve seguir em frente sem demora. Se parar, jamais sairá desta caverna. Quando tiver gasto os três pares de botas, os três chapéus e comido os três pães de ferro, chegará ao fim da passagem. Do outro lado vive minha irmã, e ela lhe dirá o que fazer a seguir.
A princesa ficou hororizada por tudo que teria que passar, mas agradeceu e partiu. Depois de muito andar, seu caminho terminou repentinamente na beira de um abismo. Ela espiou lá embaixo e não viu o fim. Destemida ela colocou o par de botas, o chapéu e comeu um pão de ferro. Depois começou a descer no vazio. Desceu, desceu, desceu, até que chegou num túnel sombrio. Lá ouviu pessoas que gritavam, cantavam e choravam, as quais lhe pediam que ficasse com elas. Mas ela os ignorou e foi em frente. A cada passo ela sangrava , pois o chão tinha lâminas de ferro e penduradas no teto também havia lanças de ferro, e sua cabeça as tocava e fios de sangue corriam em seu rosto.
Conforme ela afundava, mais e mais na escuridão, mais estridentes eram os gritos à sua volta. Ela lutou muito e, quando comeu seu derradeiro pão, usou o último par de botas e o último chapéu, viu um lampejo de luz ao longe. Chegou no final da caverna e arrastou-se até a luz do sol e despencou numa encosta gramada. Por uma semana ficou imóvel, fraca demais para se movimentar.Levantou-se ainda enfraquecida e andou aos tropeções, chegando numa casa que bateu na porta. Baba Yaga, a grande bruxa apareceu para recebê-la.
- Princesa Marya! Aonde vai nesse estado? Minha irmã deve tê-la mandado aqui!
Marya contou o que acontecera com seu marido por sua culpa, mas que por amá-lo muito estava a sua procura.
Baba Yaga suspirou, e disse: Já se passaram dez anos desde que seu marido passou por minha casa. Agora ele é humano, mas nesse intervalo, casou-se com a filha do Rei de Fogo e agora vive com ela em seu palácio. Eu lhe direi como encontrá-lo e conquistá-lo de novo, mas antes descanse e coma.
Por uma semana a princesa ficou com BabaYaga, recuperando as forças. Então a bruxa lhe disse: Chegou a hora de você ir ver seu marido.Eis o que você deve fazer. No jardim em torno do palácio em que ele vive, há uma pequena encosta. Sente-se no chão gramado desse morro e penteie-se com este pente de ouro. A filha do rei sairá do palácio ao vê-la e pedirá para comprar o pente de ouro. Ela estará acompanhada de duas mulheres, e elas têm exatamente a mesma aparência. Por isso, você deve cuidar para escolher a mulher certa, que será a do meio. Diga-lhe que você troca o pente por uma noite a sós com Blênio, mas não lhe dê o pente antes de estar com seu marido.
A princesa Marya agradeceu a BabaYaga pela sua ajuda e saiu da casa dela.
Chegou a um grande palácio, parou à entrada do jardim e sentou-se na encosta gramada. Começou a pentear os cabelos e logo as três mulheres acercaram-se dela. A do meio exclamou: - Nunca vi pente tão lindo. Você o venderia para mim? Posso pagar do jeito que você quiser.
Não o vendo por dinheiro, mas posso trocá-lo por outra coisa.
O que você deseja? , perguntou a outra . Ela disse: Apenas passar uma noite sozinha com seu marido.
Ora , isso não é nada, disse a filha do rei. Você pode fazê-lo hoje mesmo. Agora dê-me o pente.
Não disse Marya, ele será seu somente quando eu pisar dentro do quarto do seu marido.
Muito bem, disse a outra. Vamos, venha comigo. Chegando à porta do palácio ela entrou, e deixou Marya esperando, mas logo depois reapareceu. Você pode vir comigo agora e guiou a moça para o quarto. Pegou o pente de ouro das mãos de Marya e deixou-a sozinha com Blênio. Marya correu até o marido e chamou-o pelo nome, mas ele estava dormindo e não se moveu. Ela chorou e contou-lhe, mesmo assim, da longa viagem que vinha fazendo para encontrá-lo, mas nem assim ele se mexeu.Quando amanheceu a mulher expulsou a moça do quarto.
Marya voltou até BabaYaga, com o coração partido e desencorajada, e por uma semana ela chorou. Então, BabaYaga deu-lhe um lindo anel de ouro. Use esse anel e vá novamente ao palácio e sente-se no jardim. As três mulheres virão novamente até você e a do meio vai querer comprar o anel. Faça igual da outra vez, mas só entregue o anel quando estiver dentro do quarto. Assim ela fez e a mulher levou-a até seu marido. Ela novamente chamou-o pelo nome, mas ele dormia e não se mexeu. Mais uma vez a mulher colocou-a para fora do quarto e do palácio.
Ela voltou até BabaYaga dizendo que fracassara mais uma vez. A bruxa disse que a outra dera uma poção para que ele dormisse porque era esperta. Mas a bruxa não deixou que ela desistisse e tirou do armário um lenço muito bonito. Disse que essa seria a última chance dela recuperar o marido. Use este lenço e faça tudo como das outras vezes, mas se você não conseguir acordá-lo nada mais posso fazer por você. Esta é a última vez que a ajudo.
Marya agradeceu e seguiu seu rumo. Como antes , tudo aconteceu igual, mas Marya disse que só daria o lenço quando estivesse do lado do rapaz. Mais uma vez ele dormia e ela não conseguia acordá-lo. Quando amanheceu ela estava desesperada e chorou muito, mas naquele momento que a outra já a expulsava do quarto, uma lágrima dela caiu no rosto de Blênio que acordou sobressaltado.
A mulher gritava para que Marya saísse do quarto, mas quando ele a viu em pé ao seu lado logo a reconheceu e disse:” finalmente você chegou!”
A mulher gritava para tirar Marya do quarto, mas ele disse que a deixasse ficar. Ela é Marya minha primeira e verdadeira esposa. Ele abraçou-a e ela lhe contou por tudo que passara desde que ele desaparecera.
Blênio reuniu todos os anciãos do reino, ofereceu um festa e perguntou-lhes: Qual destas mulheres é minha verdadeira esposa? A que arriscou a vida para me encontrar, usando botas, chapéus e comendo pães de ferro, ou a que me trocou por um pente, um anel e um lenço? Os anciãos responderam que sua verdadeira esposa era Marya, e é com ela que você deve viver.
Blênio concordou e voltando-se para Marya chamou-a para voltarem para casa. Ele pegou uma pequena caixa enferrujada e disse: Marya feche os olhos. Assim ela o fez, e no mesmo instante sentiu um vento soprando em seu rosto, ele aí sussurrou: Agora pode abrir os olhos. Quando ela olhou em volta, ficou atônita. Eles estavam num campo ao ar livre, e diante deles uma cidade fervilhava.
-Você reconhece esse lugar? ,disse ele.
- Sim, penso que sim.
- É o reino do seu pai disse ele, enquanto abria de novo a caixa.
Marya desfaleceu e acordou no palácio que fora construído por Blênio para conquistá-la. Ao seu lado estava seu marido dormindo. Alguns instantes depois ele acordou e disse: Você me deu três tarefas antes de casarmos, essa é a razão de você ter sofrido tanto. Porém, agora estamos juntos mais uma vez. Enquanto os dois se abraçavam, os pais de Blênio entraram, seguidos pelos pais de Marya. Todos comemoraram juntos o reencontro dos dois, com uma grande festa

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os músicos da cidade de Brema


Um homem tinha um burro, que por muitos anos carregou contente os sacos para o moinho, mas cujas forças agora chegavam ao fim, de modo que o seu trabalho ia ficando cada vez pior. Então o dono pensou em doá-lo , mas o burro pecebeu que os ventos não lhe eram favoráveis, fugiu e pôs-se a caminho da cidade de Brema: lá, pensou ele, poderia tornar-se músico municipal!
Quando ele já andára um bom pedaço do caminho, encontrou um cachorro deitado ali, arfando como quem já tivesse corrido muito, e cansado de correr.
- Por que estás tão esbaforido, Pegaí? – perguntou o burro.
- Ai, - disse o cão, - é porque estou velho e ficando cada dia mais fraco, e estou ruim também para a caça, e por isso o meu dono quis me matar, daí eu pus sebo nas canelas. Mas como é que vou agora ganhar o meu sustento?
- Sabes de uma coisa, - disse o burro, - eu estou a caminho de Brema, para ser músico municipal ali, vem comigo e emprega-te também na música. Eu toco alaúde e tu bates timbales.
O cão estava de acordo e eles continuaram em frente. Não demorou muito , e viram um gato sentado à beira do caminho, com uma cara de três dias de chuva.
- O que foi que te saiu atravessado,Limpa-barbas? - perguntou o burro.
- Quem é que pode ficar alegre quando se trata do seu pescoço, respondeu o gato, - só porque agora estou velho, meus dentes perderam as pontas e tenho mais vontade de ficar atrás do fogão, ronronando, do que correr atrás dos ratos, a minha dona quis me afogar. É verdade que consegui fugir, mas agora preciso de um bom conselho: - para onde eu posso ir?
- Vem conosco para Brema! Tu és esntendido em música noturna, poderás ser músico municipal ali.
O gato achou a oferta boa e seguiu com eles. Logo os três fugitivos chegaram a um pátio, e lá, sobre o portão estava o galo da casa, gritando com todas as forças.
- Gritas de varar os ossos da gente, - disse o burro, - o que tens em vista?
- Profetizei bom tempo, retrucou o galo, - porque hoje é dia de Nossa Senhora, quando ela lava a camisa de Jesuscristinho, e quer secá-la. Mas como amanhã vêm visitas para o domingo, a dona da casa não teve dó e disse à cozinheira que quer me comer amanhã na sopa, e eu tenho de deixar que me cortem a cabeça hoje à noite. Então estou berrando a bom berrar, enquanto ainda posso.
- Nada disso , ó Crista-rubra, - disse o burro, - é melhor vir conosco, nós vamos para Brema. Coisa melhor que a morte encontrarás em qualquer lugar, tens uma boa voz e se fizermos música juntos, as coisas se ajeitarão.
O galo gostou da ideia, e os quatro puseram-se a caminho, juntos,.
Porém, não conseguindo chegar à cidade de Brema num só dia, eles resolveram pernoitar num bosque onde chegaram ao anoitecer. O burro e o cão deitaram-se debaixo de uma grande árvore, o gato e o galo acomodaram-se nos galhos, mas o galo voou até o galho mais alto, onde era mais seguro. Antes de adormecer, ele olhou mais uma vez para todos os pontos cardeais, e aí pareceu-lhe ver ao longe uma centelha brilhando, e gritou avisando os companheiros de que bem perto devia haver uma casa, porque ele vira uma luz.
Falou o burro:
- Então devemos nos levantar e ir até lá, porque aqui a hospedagem não é das melhores.
O cachorro opinou que um par de ossos com alguma carne presa neles também lhe faria bem.
E eles partiram a caminho, na direção de onde vinha a luz, e logo viram-na clarear e brilhar mais, ficando cada vez maior, até que eles chegaram a uma bem iluminada casa de bandidos. O burro, sendo o maior, aproximou-se da janela e espiou para dentro.
- O que estás vendo, Pelo-gris?- perguntou o galo.
- O que eu vejo? - disse o burro – vejo uma mesa posta com boas comidas e bebidas, e os ladrões sentados em volta, regalando-se.
- Está aí uma coisa boa para nós! – disse o galo.
- Iiiá, iiá, se estivéssemos lá! Disse o burro.
Então os bichos começaram a se aconselhar sobre o que fazer para enxotar os bandidos dali, e finalmente encontraram um meio. O burro deveria colocar as patas dianteiras na janela, o cão pularia nas costas do burro, o gato subiria no cachorro, e por último o galo voaria e se encarapitaria na cabeça do gato.
Assim que isto foi feito, os quatro, a um sinal, começaram todos juntos a fazer a sua música: o burro zurrava, o cão latia, o gato miava e o galo cocoricava.
E aí eles se precipitaram para dentro da casa, estilhaçando as vidraças com grande alarido.
Com aqule berreiro infernal, os bandidos pularam para o ar de susto, pensando que era um fantasma que invadia a casa, e fugiram apavorados para dentro do mato.
E então, os quatro companheiros sentaram-se à mesa , aproveitando de tudo o que sobrara, e comeram como se tivessem que passar fome por semanas.
Quando os quatro musicistas terminaram, apagaram a luz e procuraram um lugar para dormir, cada um segundo a sua natureza e conforto.
O burro deitou-se sobre o esterco, o cão junto da porta, o gato no fogão , na cinza quentinha e o galo pousou no poleiro das galinhas. E como estavam cansados da longa caminhada, os quatro adormeceram logo.
Quando passou da meia-noite e os bandidos viram de longe que não havia mais luz dentro da casa, e que tudo parecia estar calmo, o chefe disse:
- Não devíamos ter-nos deixado enxotar desse jeito, - e mandou um dos homens ir até a casa e espiar.
O enviado encontrou tudo em silêncio, entrou na cozinha para acender uma luz e, vendo os olhos do gato faiscando no escuro, pensou que fossem carvões em brasa e chegou-lhes um palito de fósforo para acendê-lo. Mas o gato não queria saber de brincadeiras, pulou-lhe na cara, mordendo e unhando. O homem levou um susto horrível e quis escapar pela porta dos fundos, mas o cão estava lá, pulou e mordeu-lhe as pernas . E quando ele corria pelo quintal passou pelo esterco e o burro deu-lhe um grande coice com a pata traseira. E o galo, que acordara com o barulho e a gritaria, animou-se e gritou do poleiro: cocoricó!!!
Aí o bandido, pernas para que te quero, correu de volta para o chefe e disse:
- Ai, lá dentro da casa está uma bruxa horrorosa, ela me bafejou e me arranhou a cara com seus dedos compridos. E na frente da porta está um homem com uma faca, que me espetou na perna, e no quintal está um monstro negro que me golpeou com um cacete de pau, e lá em cima do telhado está um juiz , que gritou: “tragam-me aqui o patife!” Aí eu tratei de me escafeder depressa!
Dali em diante os bandidos não se atreveram mais a voltar para casa. Mas os quatro músicos de Brema sentiram-se tão bem ali, que resolveram não mais sair.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Lobo e os Sete Cabritinhos


Era uma vez uma cabra, que tinha sete cabritinhos novos e gostava muito deles como qualquer mãe. Um dia ela quis ir para a floresta buscar comida e então, chamou os sete e disse:
- Filhos queridos, eu preciso sair para a floresta, tomem cuidado com o lobo. Se ele entrar aqui, come todos vocês, com pele e osso.
O malvado se disfarça muitas vezes, mas vocês poderão reconhecê-lo pela sua voz grossa e pés negros.
Os cabritinhos disseram:
- Querida mamãe, nós vamos ter muito cuidado. Pode sair sem receio.
A mãe então despediu-se deles e foi para a floresta sossegada.
Não demorou muito e alguém bateu à porta da casa e gritou:
- Abram, filhos queridos, sua mãe está aqui e trouxe uma coisa para cada um de vocês!
Mas os cabritinhos perceberam pela voz grossa que era o lobo.
- Não vamos abrir! – gritaram eles. Você não é nossa mãe, ela tem voz fina e delicada. Você é o lobo.
Então o lobo foi a venda e comprou um enorme pedaço de giz, e comeu. Com isso sua voz ficou mais fina. Ele voltou , bateu novamente na porta e gritou:
- Abram , filhos queridos, sua mãe está aqui.
Mas ele esqueceu e pusera sua pata preta na beira da janela. Os pequenos viram e gritaram:
- Não vamos abrir, nossa mãe não tem um pé preto feito o seu, você é o lobo.
Então o lobo correu até um padeiro e disse:
- Eu machuquei o pé , passe massa de pão nele.
E quando o padeiro lhe untou a pata com a massa ele correu para o moleiro e disse:
- Salpique a minha pata de farinha branca.
O moleiro pensou: “Ele quer devorar alguém” e se recusou a passar a farinha.
- O lobo disse que se ele não fizesse o que pedira ele o devoraria.
O moleiro ficou com medo e branqueou-lhe as patas.
O malvado voltou na casa dos cabritinhos pela terceira vez e bateu na porta, dizendo:
- Abram para mim, sua querida mãezinha voltou e trouxe da floresta coisas boas para vocês.
Os cabritinhos gritaram:
- Mostre primeiro a sua pata, para ver se é nossa mãezinha.
Ele pôs a pata na janela , e quando eles viram que era branca, pensaram que era a sua mãe e abriram a porta. Mas quem entrou foi o lobo!
Os cabritinhos se assustaram e tentaram se esconder. Um pulou para baixo da mesa, o outro para baixo da cama, o outro foi para o forno, o outro na cozinha , o quinto no armário. O sexto na bacia e o sétimo menorzinho na caixa do relógio da parede.
Mas o lobo desobriu todos e não fez cerimônia , engoliu um atrás do outro com sua bocarra. Só o mais novinho que estava na caixa do relógio ele não conseguiu encontrar. Quando a fome do lobo foi saciada ele arrastou-se para fora da casa e deitou-se no campo verde debaixo de uma árvore e começou a dormir.
Pouco depois a cabra voltou da floresta e não acreditou no que seus olhos estavam vendo. A porta da casa escancarada, mesas, cadeiras e bancos derrubados, tudo em completa desarrumação.
Ela procurou pelos filhos, mas não os achou em lugar algum. Chamou uma a um pelo nome, mas ninguém respondia.
Finalmente , quando ela chamou o nome do mais novinho, uma vozinha fina respondeu:
- Mamãe querida , estou na caixa do relógio! Ela tirou-o de lá e ele contou o que o lobo fizera, devorando seus irmãos.
Na sua aflição a mãe saiu correndo de casa e o cabritinho menor correu atrás. Quando ela chegou ao campo lá estava o lobo, roncando bem alto deitado debaixo da árvore. Ela viu que sua barriga se mexia e esperneava. Ela pensou, ai meu Deus , será que meus filhos ainda estão vivos?
O cabritinho voltou correndo em casa e pegou uma tesoura. Ela nem bem fez o primeiro corte no monstro e o primeiro cabritinho já pôs a cabeça para fora, e ela foi cortando e eles foram pulando. A fera tinha os engolido inteiros sem mastigar e eles estavam sem um arranhão.
Foi uma grande alegria! Eles abraçaram a mãe e pulavam e saltitavam.
Mas a mãe disse:
- Vão agora e achem pedras grandes e com elas vamos encher a barriga deste lobo. Ela depois costurou a barriga do lobo que ainda dormia.
Quando o lobo acordou, pôs-se de pé e quis ir beber água, mas quando ele se moveu as pedras na sua barriga começaram a fazer barulho. Ele gritou:
“Na minha pança, o que faz barulho?
Pensei que eram cabritos seis,
Mas o que eu percebo ao invés
É um rebolar de pedregulhos!”
Quando ele chegou ao poço para beber água e se debruçou, as pesadas pedras o arrataram para o fundo do poço e ele morreu afogado.
Quando os sete cabritinhos viram isso, vieram correndo e gritaram bem alto:
- O lobo está morto! O lobo está morto!
Puseram-se todos a dançar em volta do poço para comemorar!!!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Rei Sapo ( irmãos Grimm)

Era uma vez, um rei cujas filhas eram todas belas, mas a mais nova era tão linda que chegava a incomodar as outras.
Perto do castelo havia um grande bosque, e no bosque, debaixo de uma árvore, havia um poço.
Quando fazia dia quente, a filha mais nova do rei saía para passear no bosque e sentava-se à beira do poço. Quando a princesinha se entediava, pegava uma bola de ouro e jogava-a para cima para apanhá-la de novo, era sua brincadeira favorita.
Mas aconteceu, certa vez, que a bola de ouro da princesa não caiu na sua mão e, sim, dentro do poço.O poço era fundo, tão fundo que não se via seu fim. Então, ela começou a chorar e chorava cada vez mais alto. De repente, ouviu uma voz que dizia:
- O que foi que aconteceu com a filha do rei? Por que choras tanto?
Ela olhou em volta, procurando de onde vinha aquela voz, e viu então, um sapo, que punha sua grande e feia cabeça para fora d´água.
- Ah, és tu, velho sapo? – disse ela. – Estou chorando por causa da minha bola de ouro que caiu no fundo do poço.
- Sossega e não chores, respondeu o sapo, eu posso te ajudar. Mas o que me darás em troca se eu devolver a tua bola?
O que tu quiseres, querido sapo – disse ela, - meus vestidos, minhas jóias e também esta coroa de ouro que estou usando.
O sapo respondeu;
- Teus vestidos, tuas jóias e tua coroa, eu não quero. Mas se aceitares gostar de mim, para eu ser teu companheiro na hora de brincar e sentar-me a teu lado à tua mesa, comer no teu prato e beber na tua taça e dormir na tua cama! Se me prometeres isso, eu descerei para o fundo do poço e te trarei de volta a bola de ouro.
- Está bem, disse ela, eu te prometo tudo isso, mas vá buscar minha bola de ouro. Mas ela pensou consigo mesma, “que bobagens fala esse sapo simplório, como pode ser meu companheiro se vive sempre dentro da água?”
O sapo quando ouviu a resposta, mergulhou de cabeça no poço, desceu ao fundo e voltou trazendo a bola de ouro da princesa.
A princesa tão logo pegou a bola saiu correndo para o Castelo.
O sapo gritou – leva-me contigo, eu não posso correr tão depressa!
Mas ela não lhe deu atenção, apressou-se para chegar em casa, trancar a porta, e logo esqueceu o pobre sapo.
No dia seguinte, quando ela, estava à mesa com o rei e toda a família e comia no seu pratinho de ouro, eis que alguma coisa , veio se arrastando, subindo pela escadaria de mármore do Castelo. Era o sapo, que quando chegou em cima, bateu na porta e gritou:
- Filha do rei, a mais nova abre para mim!
Ela correu para ver quem era e quando abriu a porta e viu que era o sapo, bateu com a porta e voltou a sentar-se com muito medo.
O rei percebeu que ela estava muito nervosa, e disse:
- Minha filha, de que tens medo? Há algum gigante na porta querendo te levar?
- Oh, não, mas é um sapo nojento.
- E o que este sapo quer de ti?
- Ah, meu pai querido, ontem estava brincando com minha bola de ouro e ela caiu no poço. Como eu chorava muito, o sapo foi buscá-la para mim, mas exigiu ser meu amigo de brincadeiras. Eu prometi porque achei que ele não poderia viver fora d´água. Agora está lá fora querendo entrar aqui.
Enquanto isso lá fora o sapo batia na porta e gritava:
“Princesa, a mais nova
abre a porta para mim!
lembras o que ontem
prometeste a mim,
lá junto do poço?
prometeste, sim!
princesa, a mais nova
abre a porta para mim!”
Então o rei disse:
- O que tu prometestes, deves cumprir. Vai agora e abre a porta para o sapo!
Ela abriu a porta, e o sapo entrou pulando e foi até a cadeira dela, sentou-se e gritou:
- Leva-me para junto de ti!
Ela hesitou, até que finalmente o rei mandou que o fizesse.
Quando o sapo já estava à mesa ele disse:
- Agora empurra o teu pratinho de ouro para mais perto de mim, para podermos comer juntos!
A princesa obedeceu, mas sem vontade. O sapo comeu bastante, mas ela quase não comeu nada, não passava na garganta!
Finalmente ele disse:
- Fartei-me de comer e estou cansado, agora leve-me para o teu quarto para dormirmos juntos.
A princesa começou a chorar, pois tinha medo do sapo e não se atrevia a tocá-lo. Como ia dormir com ele?
Mas o rei zangou-se e ordenou:
- Quem te ajudou na hora da necessidade, não podes desprezar depois!
Então ela agarrou o sapo e carregou-o para cima e colocou-o num canto do quarto. Mas quando ela se deitou ele veio pulando e disse:
- Estou cansado, quero dormir, igual a ti. Levanta-me senão conto ao teu pai!
Aí ela ficou furiosa, levantou o sapo e atirou-o com toda força contra a parede do quarto. – Agora me deixará em paz, sapo nojento!
Mas, quando ele caiu, já não era mais um sapo, mas um lindo príncipe de belos olhos.
Ele contou que tinha sido enfeitiçado por uma bruxa malvada e não poderia sair da água, só se fosse uma princesa que o tirasse.
Ambos adormeceram e na manhã seguinte, chegou uma carruagem com o servo do príncipe, seu fiel escudeiro que ele mandara chamar.
A carruagem veio para levar o príncipe de volta ao seu reino, mas levou junto a linda princesa também, pois tinham casado na véspera.
Agora estou muito feliz e assim será para sempre, disse o príncipe e a princesa concordou.




quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um Conto dos Irmãos Grimm

Era uma vez um rei que tinha três filhos. Dois deles eram inteligentes e sensatos, porém o mais novo, era chamado de Simplório ou Bobalhão.
Quando o rei sentiu que estava ficando fraco, começou a pensar em deixar o trono, mas não sabia a qual filho deveria passar a coroa. Pensou muito, chamou os três filhos para junto dele e falou:
- Saiam em viagem e aquele que trouxer o mais lindo Tapete, será meu sucessor. Mas, para que não houvesse discussão entre os três em relação ao caminho a seguir, o rei levou-os para a frente do Castelo, pegou três penas e soprou-as para o ar dizendo:
- Para onde elas voarem, para lá ireis.
A primeira voou para o oeste, a segunda para leste e a terceira caiu no chão perto do mais novo. Assim, um irmão foi para a direita, o outro tomou a esquerda, mas ficaram zombando do mais novo que não poderia ir para lugar nenhum, porque a pena tinha caído no chão e ele teria que ficar ali no mesmo lugar.
Simplório sentou-se no chão, muito triste, mas de repente, ele viu um alçapão e resolveu abri-lo. Quando levantou a tampa ele viu que havia uma escada para baixo. Resolveu descer para ver o que podia encontrar. Lá embaixo, encontrou uma porta, bateu e ouviu uma voz que dizia:
“Donzela menina,
Verde e pequenina.
Pula de cá para lá
Ligeiro vai olhar,
Quem lá na porta está.”
A porta abriu e ele viu uma grande e gorda sapa sentada e rodeada por uma porção de sapinhos pequenos. A gorda sapa perguntou o que ele queria, ele respondeu sem graça:
-Eu gostaria de ter o mais lindo Tapete que exista, para me tornar rei.
Aí a sapa chamou uma sapinha e lhe disse:
“Donzela menina
Verde e pequenina
Pula de cá pra lá
Ligeiro vá buscar
A caixa que lá está.”
A sapinha trouxe a caixa que era bem grande e a sapa gorda abriu-a tirando de dentro dela o mais lindo e fino Tapete que existia na terra e entregou-o ao rapaz. Ele agradeceu e subiu de volta.
Os outros dois irmãos, porém, julgando-se muio sabidos, não procuraram nada. Pegaram, cada um, uma pastora de ovelhas e tiraram sua grossas mantas para levar ao rei e dizer que eram Tapetes.
Quando chegaram, o mais novo estava entrando no Castelo, trazendo o maravilhoso Tapete.
Quando o rei viu o Tapete, admirou-se e disse:
- Por direito e por justiça, o reino deve pertencer a ele, meu caçula.
Na mesma hora os outros dois reclamaram dizendo ser impossível ele se tornar rei. Pediram mais uma tarefa ao pai. Este lhes falou:
- Herdará o meu reino aquele que trouxer o mais belo Anel que existir.
Simplório mais uma vez desceu pela escada do alçapão e contou o que acontecera para a sapa gorda, dizendo o que precisava agora.
A sapa na mesma hora chamou a sapinha e lhes disse a mesma coisa.(repetir verso)
Quando a sapa abriu a caixa, ela tirou o mais lindo Anel que já se viu, cheio de pedras e brilhantes.
Os dois mais velhos mais uma vez não se preocuparam e pegaram pelo caminho aros de uma roda e levaram ao rei.
Quando o mais novo chegou com o maravilhoso Anel, o rei novamente disse que ele seria o novo rei, mas os irmãos não se conformaram e pediram uma última chance.
O rei resolveu conceder o pedido, mas disse que seria a última tarefa, definitivamente. Eles teriam que trazer a mais linda Moça que encontrassem.
Simplório desceu novamente as escadas para falar com a sapa e dizer-lhe que precisava de uma linda Moça.
-Ah, disse a sapa, esta não está à mão assim, de repente, mas vais recebê-la.
Ela deu-lhe um nabo oco, com seis camundongos atrelados nele.
Simplório perguntou a ela o que fazer com isso?
A sapa respondeu:
- Ponha uma das sapinhas pequenas aí dentro.
Ele agarrou uma sapinha e colocou-a dentro do nabo oco. Nem bem ela sentou-se, transformou-se numa lindíssima Moça, o nabo virou uma carruagem e os camundongos lindos cavalos. Ele partiu para casa.
Os dois nem se preocuparam em procurar Moça bonita, levaram as primeiras camponesas que encontraram pelo caminho.
Quando o rei viu as três, nem pensou, decidiu que o reino era do mais novo, por direito e por justiça.
Mais uma vez os dois gritaram que não era possível Simplório ganhar a coroa e exigiram que o reino fosse dado ao que conseguisse que a Moça escolhida saltasse através de um aro que pendia do teto do salão. Eles pensavam que as camponesas iriam conseguir, porque a outra tinha um jeito franzino e fraco.
O rei aprovou a idéia e pediu que as três pulassem. Mas as camponesas eram tão desajeitadas que caíram no chão ao pular e uma quebrou a perna e a outra o braço. A fraquinha pulou então, e atravessou o arco com leveza sem se machucar.
O rei não discutiu mais e deu a coroa para o Simplório. Este, como era muito bom, deixou que os irmãos continuassem a morar no Castelo com suas camponesas, as quais passariam a fazer todo o serviço.
Desta maneira todos ficaram felizes e Simplório mostrou-se um ótimo rei.


sexta-feira, 5 de junho de 2009

O gigante que não tinha coração ( Grimm)


Era uma vez um rei q tinha sete filhos. Ele estava muito doente e precisava ser substituido, mas queria primeiro ver os filhos casados para depois escolher quem seria seu sucessor. Resolveu dar um cavalo para cada filho para que fossem procurar esposas, já que onde moravam não havia mulheres. Pediu ao mais novo que ficasse com ele para ajudá-lo no castelo e ele concordou, mas o rei pediu que os irmãos trouxessem uma esposa para o mais novo.
Os seis filhos partiram, cada um com seu cavalo e um pouco de comida. Foram em direção da floresta e começaram a procura das esposas. Andaram muitos dias e nada, a fome já estava ficando enorme, pois a comida acabara. De repente, viram ao longe uma luz acesa e se dirigiram para lá. Era um lindo castelo e eles bateram na porta e foram atendidos por um criado. Perguntaram se o rei estava e ele disse que sim. Pediu que entrassem e chamou o rei para falar com eles, pois achou-os muito sujos e esquisitos. Quando o rei chegou, eles contaram porque estavam tão sujos e a verdade sobre a busca de esposas. O rei mandou que tomassem banho, deu-lhes roupas limpas e convidou-os para jantar. Assim fizeram e, qual não foi a surpresa de todos, quando entraram no salão e viram, em volta da mesa, seis lindas jovens. Ficaram muito felizes e pediram ao rei se podiam desposar suas filhas. Ele concordou e, cada um, escolheu a sua preferida. Viveram um tempo no castelo até o casamento, mas depois pediram ao rei para irem ver o pai que os esperava para escolher o sucessor. Assim, despediram-se do rei e foram embora cada um no seu cavalo com a esposa atrás. Nem se lembraram do irmão mais novo. Andaram bastante, até um deles resolver cortar caminho por um atalho e todos concordaram, para encurtar a viagem. Porém, neste caminho morava um Gigante, o gigante sem coração, em uma gruta.Quando eles passaram por ela o gigante fez com que eles virassem estátuas de pedras com seus cavalos e esposas.
O rei, pai deles, estava cada dia mais doente e eles não davam notícia. O filho mais novo(parvo ou simplório), com pena do pai, resolveu que iria procurar os irmãos. O pai pediu que ele não fosse porque só havia uma égua velha no castelo e ele não chegaria a lugar nenhum. Mas ele estava disposto e montou na égua somente com um pedaço de pão para a viagem. Despediu-se do pai prometendo trazer os irmãos de volta ao castelo.
Lá se foi o rapaz andando pela floresta, andou muito até que resolveu sentar-se embaixo de uma árvore e comer um naco do seu pão. Quando comia ouviu uma voz que pedia se ele daria um pedaço para ele. Olhou e viu um Corvo no galho, tirou um naco do pão e deu ao corvo. Este agradeceu e disse-lhe que quando precisasse dele, era só chamar que ele o ajudaria. Ele agracedeu e seguiu viagem. Andou mais e mais e, novamente resolveu descansar, só que estava perto de um riacho e sentou-se na relva, mas logo escutou um gemido e, quando olhou era um Salmão que estava fora d’água se debatendo. Ele pegou-o e colocou dentro do riacho. O salmão disse-lhe que se precisasse dele era só chamar, e mergulhou. Ele continuou sua viagem, mas a égua já não se aguentava mais de pé, ele quase a levava nas costas, mas perto de uma estrada ele avistou um Lobo. Teve medo, mas logo o lobo disse que era amigo e só precisava comer pois a fome era muita. Pediu a ele que lhe desse a égua para comer e ele lhe ajudaria no que precisasse. O rapaz ficou sem saber o que fazer, mas realmente a égua estava mais morta do que viva e ele contou ao lobo porque estava viajando e, esse, na mesma hora, disse saber onde estavam seus irmãos. Sendo assim, ele concordou que o lobo comesse a égua. Após seu banquete, o lobo se fortaleceu e mandou que o rapaz montasse no seu lombo. Assim que ele montou, o lobo saiu em disparada e, rapidamente, chegou a gruta onde estavam os irmãos estátuas. Ele ficou sem saber o que fazer, mas o lobo disse que entrasse na gruta porque aquela hora o Gigante estava fazendo suas maldades. O lobo ficou na porta da gruta tomando conta para avisá-lo quando o gigante chegasse.
Quando o rapaz entrou na gruta teve uma surpresa, pois, sentada numa cama, estava um linda moça. Ele perguntou quem era ela e soube que estava ali pois o gigante sem coração que morava na gruta a tinha roubado de seus pais ainda criança e ela só sairia dali quando alguém encontrasse o coração do gigante e conseguisse matá-lo. O rapaz ficou em pânico, mas ela teve a idéia dele se esconder embaixo da cama e, quem sabe, descobririam onde estava o coração do gigante. Assim fizeram. Quando o Gigante chegou, sentiu cheiro de carne humana e teve um ataque, pois queria comer quem estivesse ali, mas a moça disse que eram ossos que os corvos tinham deixado cair. Ele jantou e foi deitar-se. A moça começou a conversar com ele e perguntar onde estava seu coração. Ele riu muito e disse que estava logo ali na soleira da porta, enterrado. Pela manhã, quando o Gigante saiu, eles foram cavucar a terra da soleira, mas não encontraram nada de coração. Para o gigante não perceber, encheram de flores a soleira da porta. Quando ele chegou ficou irritado, pois não gostava das flores. A moça disse que era para alegrar a casa, mas ele churtou as flores para fora da gruta. À noite foi tudo igual e o gigante disse que mentira e o coração estava dentro do armário do quarto. Pela manhã, eles começaram a busca no armário, mas nada encontraram. Ficaram decepcionados, mas pegaram mais flores e enfeitaram o armário com guirlandas.Mais uma vez o Gigante se enfureceu.Mas não desistiram. Naquela noite a moça foi muito meiga com o gigante, e ele já irritado com a mesma pergunta todos os dias disse : “Ninguém encontrará meu coração, porque está dentro de uma Igreja que tem um Poço no meio e dentro do poço tem um Pato e dentro do pato tem um Ovo e dentro do ovo está meu Coração.” Como pode perceber é impossível alguém achá-lo. Pela manhã eles estavam tristes, mas o rapaz resolveu tentar achar a Igreja e contou tudo para o lobo, seu amigo. Este, disse para ele montar no seu lombo, que rapidamente estariam na Igreja. Assim foi feito, e logo o rapaz avistou a Igreja. Chegando perto, viram que estava fechada e a chave estava no alto e não conseguiam pegar. Na mesma hora ele lembrou-se do Corvo da estrada e para sua surpresa este apareceu e pegou a chave na parede e deu-lhe para que abrisse a Igreja. Lá dentro ele viu logo o Poço e chegou perto, mas era muito fundo e o Pato nadava lá embaixo. Tentou puxá-lo com dificuldade, mas quando segurou o pato o Ovo caiu no fundo do Poço. Ele ficou desesperado, mas para sua surpresa viu que o Salmão estava dentro do Poço e pegara o Ovo para ele. Ficou radiante com o Ovo nas mãos, mas o lobo lhe disse que, primeiro ele teria que mandar o gigante retirar o feitiço dos seus irmãos e depois ele o mataria. Ele apertou o coração e o gigante gritou. O lobo foi até ele e contou que o rapaz estava com seu coração nas mãos e que ele teria que desfazer as estátuas e mandá-los embora. Quando o lobo voltou, o rapaz apertou com força o Ovo e o Gigante morreu. Eles voltaram até a Gruta, para ver se a moça ainda estava lá e, para felicidade do rapaz, ela estava ainda sentada na cama.Seus irmãos já tinham partido. Ele pediu que ela fosse com ele para conhecer seu pai e ela aceitou. Os irmãos, já tinham chegado ao Castelo e contaram muitas mentiras ao pai, inclusive que, realmente não encontraram o irmão e não tinham trazido esposa para ele por só encontrarem as seis. O pai ficou muito triste pois amava o seu caçula. Porém, no dia seguinte, para surpresa de todos, o rapaz chegou com a linda moça, montados no Lobo. O pai não entendeu nada e então, ele contou toda a história que havia vivido e que fora ele que salvara os irmãos e as esposas deles. O pai ficou radiante, mesmo estando doente, quis festejar o acontecimento e disse que ele seria o seu sucessor e a moça a rainha. Quem ficou mais feliz foi o Lobo que passou a viver com eles no castelo, mas os irmãos ficaram tristes, porque dali em diante tiveram que ser somente empregados do castelo junto das esposas.

sábado, 16 de maio de 2009

A Esposa Sereia ( conto da Itália)


Há muito tempo, uma mulher casou-se com um marinheiro, porém ele ficava longe de casa a maior parte do tempo, velejando pelos mares.
Um dia, quando ele estava fora, a esposa viu o rei que passava a cavalo e os dois se apaixonaram. Ela foi viver com o rei, e quando o marido voltou, encontrou sua casa fria e vazia.
Em pouco tempo, o rei e a mulher cansaram-se um do outro e ela voltou para casa. Suplicou ao marido que a perdoasse, mas ele enfurecido, lançou-a no mar e gritou: “mulher infiel!” – Essa é a punição que você merece!
Logo a seguir, ele recuperou o juízo e se perguntou: - O que foi que eu fiz? Estou matando a única mulher que amo. Tentou salvá-la, no entanto, ela já sumira nas profundezas das águas. Ele voltou para casa com o coração partido.
A mulher caiu entre as sereias, que estavam no seu jardim de coral e pérolas. Quando as sereias viram a mulher, exclamaram: “Que mulher linda!” Levaram-na para seu palácio e a reanimaram com suas mágicas.
Você será uma de nós, disseram as sereias e seu nome será ‘Espuma’. Pentearam seu cabelo, perfumaram seu corpo e a adornaram com pérolas. A seguir fizeram uma festa em sua homenagem. Ela dançou a noite toda no salão do palácio entre lindas sereias. Daí em diante, viveu no luxo e na alegria do fundo das águas.
Um dia lembrou-se do seu marido e encheu-se de tristeza, pois ainda o amava. Sentiu vontade de vê-lo novamente. As sereias perguntaram o que a atormentava. – Não é nada, disse ela, mas seu semblante estava muito triste e as sereias vendo-a sofrer não suportaram. Resolveram levá-la para a superfície para cantarem ao luar suas canções mágicas. Com essas canções elas faziam marinheiros caírem na água e os transformavam em moluscos e caranguejos.
Certa noite, enquanto as sereias cantavam, um homem saltou nas águas e a esposa logo reconheceu seu marido. Vamos torná-lo um camarão, exclamaram as sereias.
- Não, não, interrompeu a esposa.
- O que você quer com ele, Espuma?, perguntaram as sereias. Ela teve uma idéia. – Eu quero tentar uma mágica, eu mesma. As outras concordaram. Prenderam o homem no palácio e foram dormir.
A esposa foi, secretamente, até o aposento em que ele estava e cantou do lado de fora. O marido acordou e logo reconheceu a voz da esposa. Você está viva, disse ele e pediu-lhe que o perdoasse. Ela disse que já o perdoara há muito tempo, porém você deve ficar quieto. Se as outras acordarem irão fazer-lhe mal. Voltarei aqui mais tarde e o libertatarei. Foi ver se todas estavam dormindo e depois voltou e libertou o marido, levando-o para a superfície e o deixando-o em segurança. Logo, um navio passou por perto e ela mandou que ele fizesse sinal para que o resgatassem. Não posso ir com você, disse ela, agora sou uma sereia e, se sair da água, morrerei. Em seguida mergulhou e desapareceu. Ele gritou desesperado e os marinheiros do navio ouviram e vieram salvá-lo. Ele contou sua história, mas ninguém acreditou, acharam que ele tinha perdido o juízo. Levaram ele de volta para sua casa. Ele ficou muito inquieto,dia e noite só pensava na esposa.
Certo dia, imerso em seus pensamentos, saiu andando pela floresta e aproximou-se de uma nogueira, em torno da qual diziam que as fadas dançavam.
- Por que você está tão triste, meu bom homem? Perguntou uma velha que saíra de trás da árvore. Ele se assustou, mas contou-lhe tudo que estava passando.
A velha disse que poderia ajudá-lo, mas não era uma tarefa fácil
- Farei qualquer coisa, disse ele.
A velha então falou: - Primeiro você tem que me trazer a ‘flor’ que cresce no palácio das sereias, a qual elas chamam de ‘a mais linda flor’ . Traga-a para mim e sua esposa sairá salva do fundo do mar.
Ele coçou a cabeça, pensando como conseguiria esta flor do fundo do mar.
- Bem, disse a velha, isso você tem que resolver e desapareceu atrás da árvore.
Ele, finalmente, jogou-se na água e, no meio do oceano, chamou pela esposa. Quando ela apareceu na superfície, ele contou-lhe sobre a proposta da velha. A esposa disse-lhe que não podia fazer isso, porque as sereias haviam roubado a ‘flor’ das fadas há longo tempo. Se a perderem, morrerão e eu também, porque agora sou sereia.
Não disse ele, a velha e as fadas vão salvá-la.
Ela disse que ia pensar e pediu que ele voltasse no dia seguinte.
No dia seguinte, ele voltou e ela falou que para conseguir a ‘flor’, precisava de sua ajuda, ou seja, ele tinha que vender tudo o que possuia e com o dinheiro comprar as mais lindas e preciosas jóias. Depois pendurá-las no seu barco e içar as velas. As sereias não conseguem resistir a jóias e certamente o seguirão. No momento que você levá-las para longe, eu colherei a ‘flor’.
Ele voltou à cidade, vendeu o que tinha, comprou lindas e preciosas jóias, pendurou-as em seu barco e foi para o meio do oceano. As jóias atraíram as sereias e elas o seguiram para bem longe. Subitamente, o oceano tremeu e o mar se abriu. As sereias morreram, imediatamente. O oceano tremeu novamente, o marinheiro estava atônito, mas diante dele apareceu a velha da floresta, no dorso de uma grande águia. Atrás dela vinha sua esposa, sã e salva. A velha levou-a para a casa deles e quando ele chegou, abraçaram-se e renovaram os votos de amor para sempre!.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A Mulher sem Mãos (conto do Japão)


Era uma vez uma linda menina que vivia feliz com seus pais, mas sua mãe morreu quando ela tinha apenas quatro anos. Algum tempo depois, seu pai casou-se novamente, mas sua nova esposa tinha ciúmes da menina e tornava sua vida muito difícil.
A menina cresceu e se tornou uma linda donzela o que levou sua madrasta a odiá-la ainda mais.
Assim, a esposa começou a levar ao marido intrigas sobre sua filha, e aos poucos fez com que o coração dele se voltasse contra a moça.
Logo após a jovem completar quinze anos, a madrasta ameaçou o marido dizendo: - Não posso continuar a viver com sua filha malvada! Vou abandoná-lo!
O marido suplicou que ela ficasse. Então, livre-se de sua filha, ela exigiu. Ele prometeu fazê-lo e elaborou um plano. Convidou a filha para acompanhá-lo numa festa, lhe deu um lindo quimono para vestir. Ela ficou muito contente, mas ao mesmo tempo intrigada, quando o pai a conduziu até a floresta.
- Onde é a festa?, ela perguntou.
- Um pouco mais adiante, ele respondeu.
Então, no meio da floresta, ele parou para almoçarem e a filha caiu no sono. Era o momento que o pai esperava. Pegou um machado que levara, aproximou-se e decepou-lhe as mãos. A jovem acordou e gritou de dor.
- Pai, o que está fazendo?
Ele, rapidamente afastou-se dali e abandonou a pobre moça.
Completamente sozinha, ela rastejou até um riacho e lavou os cotos. Sem lugar para ir, permaneceu na mata, colhendo frutas com os dentes e dormindo no chão.
Um dia, um lindo rapaz foi caçar na floresta. Encontrou a jovem sem mãos e ficou surpreso. Você é um demônio ou fantasma?
Não, ela respondeu, sou uma jovem abandonada. Mas nada disse sobre o pai. O rapaz ficou com pena dela, colocou-a em seu cavalo e levou-a para casa. Encontrei essa criatura na floresta, disse para a mãe. A mulher acolheu a moça sem mãos em sua casa, deu-lhe roupas limpas e refeita a jovem mostrou como era linda e o rapaz caiu de amores por ela. Propôs que se casassem e ela aceitou.
A jovem estava esperando um filho quando o marido teve que partir para uma demorada viagem . Ele confiou a esposa à sua mãe. Cuide dela como se fosse de mim. Cuidarei, disse a mãe. Eu a amo tanto quanto você.
A jovem deu à luz um lindo menino. A avó logo escreveu ao filho contando e dizendo que a esposa passava bem e esperava ansiosa o seu regresso. Pediu a um mensageiro para levar a carta ao filho. Ele andou o dia todo e, já muito cansado, bateu em uma casa pedindo água. Uma mulher deu-lhe de beber e começou a conversar, perguntando onde ele ia com tanta pressa?
Estou levando uma notícia importante para o filho de uma senhora. A nora dela, a mulher sem mãos, deu à luz um menino e ela quer que o filho saiba.
A dona da casa era a madrasta má, e no mesmo instante, ela se deu conta de que a enteada não morrera na floresta. Cheia de ódio pensou num plano. Deu muito vinho ao rapaz, até que ele dormisse e aí abriu a sacola dele e retirou a carta que ele levava e trocou por outra escrita por ela. Disse que a esposa dera à luz um monstro horrível. O que faço? Colocou a carta na sacola e quando o rapaz acordou ela deu-lhe um prato de comida e ele seguiu viagem.
Passe aqui quando voltar, disse ela ao rapaz.
Ao receber a carta o marido leu com horror, e respondeu. Por favor, cuide de minha esposa e de meu filho, seja qual for a aparência dele. Voltarei assim que puder.
O mensageiro voltou e parou na casa da madrasta esperando beber mais vinho. Ela serviu-lhe mais vinho, até ele cair no sono. Pegou a resposta e mudou por outra. Livre-se de minha esposa e de meu filho, não quero ter monstros em minha família. Não voltarei se eles ficarem aí!
Quando o mensageiro entregou a carta à mãe do rapaz, ela ficou incrédula. Mas isso não pode ser! Meu filho não mandaria embora a esposa e o filho! Perguntou ao mensageiro se era essa carta mesmo, e se ele não parou em lugar nenhum.
Não, disse ele.
A mãe resolveu esperar o filho voltar, mas conforme o tempo poassava, ela começou a temer que ele não voltaria mais. Mostrou a carta à nora e ela ficou com o coração partido, mas disse: - Se meu marido não me quer , não ficarei aqui!
As duas choraram muito ao despedir-se e a moça sem mãos partiu com uma sacola às costas onde seu filho estava. A coitada não tinha para onde ir e voltou para a floresta. Estava com sede e ajoelhou-se para beber num riacho, mas inclinou-se demais e o bebê começou a deslizar de sua costas. Socorro! Socorro! Ela gritava, mas não tinha mãos para pegá-lo e o bebê caiu na água do riacho. Ela mergulhava os braços, desesperadamente na água para tentar salvar o filho. De repente, suas mãos reapareceram e ela segurou o filho e o salvou.
Meu filho está salvo e minhas mãos voltaram a ser como antes!, exclamou ela feliz. Ajoelhou-se e agradeceu.
Nesse ínterim, o marido voltou para casa e ficou chocado ao descobrir que a esposa partira com o filho deles. A mãe disse: - foi você mesmo quem mandou que isso fosse feito! O que a senhora está dizendo!, mas logo perceberam que alguém trocara as cartas. Chamaram o mensageiro e fizeram que ele contasse a verdade, sobre sua parada antes de entregar as cartas.
O marido partiu, imediatamente para a floresta em busca da esposa e do filho. Procurou por muito tempo. Então, chegou perto do riacho e viu uma mulher rezando ao lado de um santuário, com uma criança no colo. Olhou e achou-a parecida com a esposa, mas viu que ela tinha mãos. Aproximou-se dela e, muito feliz, descobriu que ela era a sua esposa.
Minha esposa!, disse ele.
Meu marido!, e se abraçaram. Ele explicou da troca das cartas e ela contou como suas mãos tinham voltado milagrosamente. Ela contou-lhe também, que quem tinha feito aquilo com ela, decepar-lhe as mãos, tinha sido seu pai.
Os dois voltaram de mãos dadas para casa com o filho nos braços.
Chegando em casa o marido procurou as autoridades e contou-lhes a verdade sobre a madrasta e o pai da mulher.
Os dois foram punidos e, assim, o casal pode viver feliz, junto do filho e da mãe dele.


Nota: Este conto apresenta algumas características encontradas em outros de diversos países. Isso reforça a tese que os contos fazem parte do inconsciente coletivo e em cada lugar eles apresentam algumas mudanças, mas sempre são maniqueistas e com um final de punição para os personagens que só fazem o mal.