segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os músicos da cidade de Brema


Um homem tinha um burro, que por muitos anos carregou contente os sacos para o moinho, mas cujas forças agora chegavam ao fim, de modo que o seu trabalho ia ficando cada vez pior. Então o dono pensou em doá-lo , mas o burro pecebeu que os ventos não lhe eram favoráveis, fugiu e pôs-se a caminho da cidade de Brema: lá, pensou ele, poderia tornar-se músico municipal!
Quando ele já andára um bom pedaço do caminho, encontrou um cachorro deitado ali, arfando como quem já tivesse corrido muito, e cansado de correr.
- Por que estás tão esbaforido, Pegaí? – perguntou o burro.
- Ai, - disse o cão, - é porque estou velho e ficando cada dia mais fraco, e estou ruim também para a caça, e por isso o meu dono quis me matar, daí eu pus sebo nas canelas. Mas como é que vou agora ganhar o meu sustento?
- Sabes de uma coisa, - disse o burro, - eu estou a caminho de Brema, para ser músico municipal ali, vem comigo e emprega-te também na música. Eu toco alaúde e tu bates timbales.
O cão estava de acordo e eles continuaram em frente. Não demorou muito , e viram um gato sentado à beira do caminho, com uma cara de três dias de chuva.
- O que foi que te saiu atravessado,Limpa-barbas? - perguntou o burro.
- Quem é que pode ficar alegre quando se trata do seu pescoço, respondeu o gato, - só porque agora estou velho, meus dentes perderam as pontas e tenho mais vontade de ficar atrás do fogão, ronronando, do que correr atrás dos ratos, a minha dona quis me afogar. É verdade que consegui fugir, mas agora preciso de um bom conselho: - para onde eu posso ir?
- Vem conosco para Brema! Tu és esntendido em música noturna, poderás ser músico municipal ali.
O gato achou a oferta boa e seguiu com eles. Logo os três fugitivos chegaram a um pátio, e lá, sobre o portão estava o galo da casa, gritando com todas as forças.
- Gritas de varar os ossos da gente, - disse o burro, - o que tens em vista?
- Profetizei bom tempo, retrucou o galo, - porque hoje é dia de Nossa Senhora, quando ela lava a camisa de Jesuscristinho, e quer secá-la. Mas como amanhã vêm visitas para o domingo, a dona da casa não teve dó e disse à cozinheira que quer me comer amanhã na sopa, e eu tenho de deixar que me cortem a cabeça hoje à noite. Então estou berrando a bom berrar, enquanto ainda posso.
- Nada disso , ó Crista-rubra, - disse o burro, - é melhor vir conosco, nós vamos para Brema. Coisa melhor que a morte encontrarás em qualquer lugar, tens uma boa voz e se fizermos música juntos, as coisas se ajeitarão.
O galo gostou da ideia, e os quatro puseram-se a caminho, juntos,.
Porém, não conseguindo chegar à cidade de Brema num só dia, eles resolveram pernoitar num bosque onde chegaram ao anoitecer. O burro e o cão deitaram-se debaixo de uma grande árvore, o gato e o galo acomodaram-se nos galhos, mas o galo voou até o galho mais alto, onde era mais seguro. Antes de adormecer, ele olhou mais uma vez para todos os pontos cardeais, e aí pareceu-lhe ver ao longe uma centelha brilhando, e gritou avisando os companheiros de que bem perto devia haver uma casa, porque ele vira uma luz.
Falou o burro:
- Então devemos nos levantar e ir até lá, porque aqui a hospedagem não é das melhores.
O cachorro opinou que um par de ossos com alguma carne presa neles também lhe faria bem.
E eles partiram a caminho, na direção de onde vinha a luz, e logo viram-na clarear e brilhar mais, ficando cada vez maior, até que eles chegaram a uma bem iluminada casa de bandidos. O burro, sendo o maior, aproximou-se da janela e espiou para dentro.
- O que estás vendo, Pelo-gris?- perguntou o galo.
- O que eu vejo? - disse o burro – vejo uma mesa posta com boas comidas e bebidas, e os ladrões sentados em volta, regalando-se.
- Está aí uma coisa boa para nós! – disse o galo.
- Iiiá, iiá, se estivéssemos lá! Disse o burro.
Então os bichos começaram a se aconselhar sobre o que fazer para enxotar os bandidos dali, e finalmente encontraram um meio. O burro deveria colocar as patas dianteiras na janela, o cão pularia nas costas do burro, o gato subiria no cachorro, e por último o galo voaria e se encarapitaria na cabeça do gato.
Assim que isto foi feito, os quatro, a um sinal, começaram todos juntos a fazer a sua música: o burro zurrava, o cão latia, o gato miava e o galo cocoricava.
E aí eles se precipitaram para dentro da casa, estilhaçando as vidraças com grande alarido.
Com aqule berreiro infernal, os bandidos pularam para o ar de susto, pensando que era um fantasma que invadia a casa, e fugiram apavorados para dentro do mato.
E então, os quatro companheiros sentaram-se à mesa , aproveitando de tudo o que sobrara, e comeram como se tivessem que passar fome por semanas.
Quando os quatro musicistas terminaram, apagaram a luz e procuraram um lugar para dormir, cada um segundo a sua natureza e conforto.
O burro deitou-se sobre o esterco, o cão junto da porta, o gato no fogão , na cinza quentinha e o galo pousou no poleiro das galinhas. E como estavam cansados da longa caminhada, os quatro adormeceram logo.
Quando passou da meia-noite e os bandidos viram de longe que não havia mais luz dentro da casa, e que tudo parecia estar calmo, o chefe disse:
- Não devíamos ter-nos deixado enxotar desse jeito, - e mandou um dos homens ir até a casa e espiar.
O enviado encontrou tudo em silêncio, entrou na cozinha para acender uma luz e, vendo os olhos do gato faiscando no escuro, pensou que fossem carvões em brasa e chegou-lhes um palito de fósforo para acendê-lo. Mas o gato não queria saber de brincadeiras, pulou-lhe na cara, mordendo e unhando. O homem levou um susto horrível e quis escapar pela porta dos fundos, mas o cão estava lá, pulou e mordeu-lhe as pernas . E quando ele corria pelo quintal passou pelo esterco e o burro deu-lhe um grande coice com a pata traseira. E o galo, que acordara com o barulho e a gritaria, animou-se e gritou do poleiro: cocoricó!!!
Aí o bandido, pernas para que te quero, correu de volta para o chefe e disse:
- Ai, lá dentro da casa está uma bruxa horrorosa, ela me bafejou e me arranhou a cara com seus dedos compridos. E na frente da porta está um homem com uma faca, que me espetou na perna, e no quintal está um monstro negro que me golpeou com um cacete de pau, e lá em cima do telhado está um juiz , que gritou: “tragam-me aqui o patife!” Aí eu tratei de me escafeder depressa!
Dali em diante os bandidos não se atreveram mais a voltar para casa. Mas os quatro músicos de Brema sentiram-se tão bem ali, que resolveram não mais sair.

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Gente, é dififcil ver crianças hje lendo as fabulas dos Grimm, me lembro que quando eu era criança eu era muito solitária e sozinha, então viva cercada de livros, e uma história que não sai de minha memória é dos músico de bremem, eu lia e relia várias vezes no dia e ficava imaginando o burro dando coices no bandido e o mesmo entendendo que o galo gritava pau nele sem dó, eu me divirto até hje, estou a procura do livro pro meu filho espero que ele goste como eu gostei