quinta-feira, 23 de abril de 2009

Duas fábulas de Esopo


A Lebre e as Rãs

Dentro de sua toca, uma lebre refletia sobre a vida ( O que fazer numa toca , senão refletir?)
--- As pessoas medrosas são bem infelizes – pensava.--- Não aproveitam a vida. Sempre sustos, alarmes, desassossegos. É assim que eu vivo.
Esse medo maldito só me deixa dormir de olhos abertos.
Lembrou-se então de amigos que lhe diziam: “corrija-se”.
--- É fácil de dizer. O medo não corrige. Creio mesmo, sinceramente, que os seres humanos também têm medo.
Ao mesmo tempo que pensava, a lebre vigiava o que se passava ao seu redor: um sopro, uma sombra, tudo a apavorava.
Meditando assim, ouviu um pequeno ruído. Foi o sinal para sair correndo.
Perto, havia um brejo onde moravam muitas rãs. Estas, ao som de um animal se aproximando, atiraram-se no brejo, buscando abrigo nas grotas profundas.
-Oh! -- disse a lebre. – Pus tudo em debandada! Será possível que eu também amedronte alguém? Há animais que tremem diante de mim?
Nem podia acreditar.
--- É... convenceu-se afinal. – Não há covarde neste mundo que não possa encontrar outro covarde maior.

A RAPOSA E A CEGONHA

Um dia a raposa convidou a cegonha para jantar.Querendo pregar uma peça na outra, serviu sopa num prato raso. Claro que a raposa tomou toda a sua sopa sem o menor problema, mas a pobre cegonha com seu bico comprido mal pôde tomar uma gota. A raposa fingiu que estava preocupada, perguntou se a sopa não estava do gosto da cegonha, mas a cegonha não disse nada. Quando foi embora agradeceu muito a gentileza da raposa e disse que fazia questão de retribuir o jantar no dia seguinte.
Assim que chegou à casa da cegonha, a raposa se sentou lambendo os beiços de fome, curiosa para ver as delícias que a outra ia servir. O jantar veio para a mesa numa jarra alta, de gargalo estreito, onde a cegonha podia beber sem o menor problema. A raposa, amoladíssima, só teve uma saída: lamber as gotinhas de sopa que escorriam pelo lado de fora da jarra.
Ela aprendeu muito bem a lição. Enquanto ia andando para casa, faminta, pensava: “Não posso reclamar da cegonha. Ela me tratou mal, mas fui grosseira com ela primeiro”.
Trate os outros como deseja ser tratado.

Um comentário:

Alvaro Oliveira disse...

Olá amiga Marisa

Desculpe, só hoje consehui
disponibilizar um pouco de
tempo para visitaros demais
blogs que possui. Este é o
primeiro, em seguida será
o outro.
Muito interessante.
Logo de entrada, a Marisa
me fez recuar muitos atrás
até à minha infância, com
esta história da raposa e da
cegonha, que eu ouvia muitas
e muitas vezes.

Obrigado por este reviver
da infância.

Um beijo de carinho

Alvaro