terça-feira, 12 de junho de 2012

A menina vendida com as peras


A menina  vendida com as peras
(fábulas italianas e a velha sábia)

Era uma vez um homem que tinha uma pereira que produzia quatro cestos de peras por ano. Em certo ano, aconteceu que só conseguiu três cestos e meio, e era preciso levar quatro para o rei. Não sabendo como completar o quarto cesto, colocou dentro dele a menor de suas filhas e cobriu-a de peras e folhas.
Os cestos foram levados até a despensa  do rei, e a menina rolou junto com as peras  e se escondeu.
Estava ali, na despensa, e, não tendo outra coisa para comer, mordiscava as peras. Passado algum tempo, os empregados se deram conta de que a provisão de peras diminuía  e encontraram também os talos. Disseram:
- Deve haver um rato ou uma toupeira que come as peras: precisamos verficar. Mexendo com as varas de vime encontraram a menina.
Perguntaram-lhe:
- O que faz aqui? Venha conosco, poderá trabalhar na cozinha do rei.
Chamaram-na de Perinha, e Perinha era uma menina tão dedicada que em pouco tempo sabia fazer o serviço melhor que as criadas do rei e era tão graciosa que todos a adoravam. O filho de rei que tinha a mesma idade que ela, estava sempre junto e entre eles nasceu uma grande simpatia.
Na mesma medida em que a menina crescia , crescia a inveja das criadas, pois aguentaram caladas algum tempo, depois começaram a pôr veneno. Assim puseram-se a dizer que Perinha se gabava de poder tomar o tesouro das bruxas. O boato chegou aos ouvidos do rei, que chamou a menina e lhe disse:
- É verdade que você se gabou de poder tomar o tesouro das bruxas?
Perinha disse:
- Claro que não é verdade, não sei de nada.
Mas o rei insistiu:
- Sabe sim e palavra empenhada é palavra mantida e a expulsou do palácio até que voltasse com o tesouro.
Anda que anda, a noite chegou e Perinha encontrou uma macieira e não parou. Encontrou um pessegueiro e não parou. Encontrou uma pereira acomodou-se entre os ramos e adormeceu.
De manhã, no pé da árvore havia uma velhinha.
- O que está fazendo aí bela criatura, disse a velhinha.
E Perinha contou a dificuldade em que se achava.A velhinha lhe disse:
- Pegue estas três libras de banha, estas três libras de pão e estas três libras de sorgo e vá em frente.
Perinha lhe agradeceu muito e seguiu pelo caminho.
Chegou a um lugar onde havia um forno. E havia três muheres que arrancavam os cabelos e com os cabelos varriam o forno. Perinha lhes deu as três libras de sorgo e elas começaram a varrer o forno com o sorgo e a deixaram passar.
Anda que anda, chegou a um lugar onde havia três mastins que latiam e pulavam em cima das pessoas . Perinha lhes jogou as três libras de pão e eles a deixaram passar.
Anda que anda, chegou a um rio de água vermelha feito sangue e não sabia como atravessá-lo. Mas a velha tinha lhe dito que dissesse:
            Torrentinha, linda torrentinha,
            Se não estivesse apressadinha
            Bem que beberia de canequinha.
Perante tais palavras a água se retirou e a deixou passar.
Para além daquele rio, Perinha viu um dos palácios mais bonitos e maiores dentre todos que existiam no mundo. Porém, a porta se abria e se fechava tão rápido que ninguém podia entrar. Então, Perinha untou os gonzos com as três libras de banha e a porta começou a se abrir e se fechar suavemente.
Tendo entrado no palácio, Perinha viu a arca do tesouro em cima de uma mesinha. Pegou-a e se preparou para sair, quando a pequena arca se pôs a falar.
- Porta, acabe com ela, porta acabe com ela! – dizia a pequena arca.
E a porta  respondia:
- Não, não acabo com ela , pois há muito ninguém me untava e ela me untou.
Perinha passou e, quando chegou ao rio a arca dizia:
- Rio, afogue-a, rio afogue-a!
E o rio respondia:
- Não, não a afogo, pois me chamou de torrentinha, linda torrentinha.
Passou pelo rio e quando chegou perto dos cães a arca  falou:
- Cães comam-na, comam-na!
E os cães:
- Não, não a comemos, pois nos deu três libras de pão.
Ela passou pelos cães e a arca dizia:
Forno, queime-a, queime-a!
- Não, não a queimamos, pois nos deu três libras de sorgo e assim economizamos  nossos cabelos.
Logo que chegou perto de casa, Perinha, curiosa como toda menina, quis ver o que havia na pequena arca. Abriu-a e pulou fora uma galinha com pintinhos de ouro. Corriam tão rápido que era impossível pegá-los.
Perinha se pôs a correr atrás deles. Passou pela macieira e não os encontrou, passou pelo pessegueiro e não os encontrou, passou pela pereira e lá estava a velhinha com uma vareta na mão cuidando da galinha com os pintinhos de ouro.
- Xô, xô, fez a velhota e a galinha com os pintinhas de ouro voltaram para dentro da arca.
Ao voltar para casa, Perinha foi acolhida pelo filho do rei.
- Quando meu pai perguntar o que quer de prêmio, indique aquele caixote cheio de carvão que está na adega.
Na entrada do palácio real, estavam as criadas, o rei e todos os cortesãos, e Perinha entregou ao rei a galinha com os pintinhos de ouro.
- Peça o que quiser, disse o rei, que lhe darei.
Perinha respondeu:
- Quero o caixote de carvão que está na adega.
Deram-lhe o caixote de carvão, ela o abriu e de dentro pulou o filho do rei que estava escondido lá dentro. Então o rei ficou muito contente e  deixou que Perinha casasse com seu filho!!!!!!

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